Editorial

Resumo

Vivemos tempos instáveis diante da convulsão dos horizontes democráticos do presente e das formas de ação destrutivas, violentas e falaciosas que caracterizam a ultradireita e suas alianças, algumas delas incomuns, outras severamente impiedosas.
Na Argentina, as primeiras medidas indicam isso: uma ameaça onipotente para destruir as bases constitucionais, republicanas e federais. Ameaça e cumplicidade da mão de um retorno ensandecido a um passado do século XIX, cuja promessa fantasmagórica habita nas mentes e nos cofres acumulados daqueles que afirmam vê-lo: a casta de sempre, seus herdeiros e suas alianças econômicas e militaristas. Nesse quadro alarmante, a reação organizada nas ruas, nas unidades de trabalho e nas redes comunitárias e virtuais não esperou dois meses pelo novo mandato, mesmo a despeito dos resultados eleitorais. Foi isso que vimos e vivenciamos na escala maciça das duas greves nacionais de 8 e 24 de março e nas mobilizações universitárias em todo o país.
Vemos e vivemos isso dia após dia: o livre mercado não apenas não explica nem resolve as coisas importantes da vida, mas, acima de tudo, as coloca seriamente em risco.
Nesse contexto, apresentamos esta edição, agora em sua fase semestral, que, apesar de breve, condensa a força criativa e esperançosa do que, aos poucos, está sendo tecido de escritos e solidariedade, laços feministas coletivos e dissidentes.