“Através do olhar da representação”: Sobre o estereótipo e a comunicação

Contenido principal del artículo

Dra. Liv Sovik

Resumen

Resumo: O presente texto toma como ponto de referência e modelo metodológico “O espetáculo do ‘outro’”, de Stuart Hall, um capítulo de um manual da Open University. Esse capítulo ensina teorias da diferença e do estereótipo, traz uma seleção de imagens do corpo negro, compondo uma sequência histórica dessas imagens, e conclui com formas de contestar o estereótipo. Na busca de contribuir para pesquisas e ensino em cultura e comunicação que se realizam desde uma perspectiva decolonial, este texto faz um close reading do texto de Hall com vistas a entender como pode ser lido longe de seu contexto cultural original. Revê teorias do estereótipo lidos no Brasil e examina, especialmente, a de Homi Bhabha, que entende o estereótipo em termos do fetichismo; discute a foto que fecha o artigo de Hall como ilustração da forma mais eficaz de contestar o estereótipo, “ver através do olhar da representação”. Adicionalmente, lê-se o texto de Hall a partir de seu encaixe e desencaixe da história cultural brasileira e sugere a inclusão das exposições etnográficas ou “zoológicos humanos” na história da cultura de massa que embasa nossas discussões de mídia e comunicação e do racismo. São frutos dessa discussão a exploração do modelo de estética decolonial sugerido por Hall e uma releitura da história cultural brasileira que, ao preencher uma lacuna, convida a uma releitura de teóricos clássicos da comunicação desde essa nova perspectiva. Suas conclusões são relevantes para o ensino em Comunicação e Estudos Culturais e a pesquisa e crítica a estereótipos racistas.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Detalles del artículo

Cómo citar
Sovik, L. (2020). “Através do olhar da representação”: Sobre o estereótipo e a comunicação. Heterotopías, 3(6), 1–27. Recuperado a partir de https://revistas.unc.edu.ar/index.php/heterotopias/article/view/31839
Sección
Artículos
Biografía del autor/a

Dra. Liv Sovik, Universidade Federal de Río de Janeiro

Liv Sovik é graduada em Letras pela Yale University, doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo, professora titular da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.  É organizadora da coletânea de textos do teórico cultural negro Stuart Hall, Da Diáspora: identidades e mediações culturais (UFMG, 2003) e autora de Aqui ninguém é branco (Aeroplano, 2009), sobre os mecanismos discursivos da valorização da branquitude no Brasil e Tropicália Rex: música popular e cultura brasileira (Mauad, 2018), de ensaios sobre o tropicalismo como chave de interpretação e corpus de pensamento sobre o Brasil. Seu trabalho é interdisciplinar nos moldes dos Estudos Culturais. Usando, muitas vezes, a música popular brasileira e sua história como ponto de partida, estuda as condições históricas e as questões teóricas e sociais que surgem de discursos identitários brasileiros, sobretudo na sua interação com o contexto global. Se interessa, ainda, por questões de racismo e antirracismo e por epistemologias não logocêntricas, suas pedagogias e definições de rigor.

Citas

Barthes, Roland. (1970 [1957]). Mythologies. St. Albans: Granada, 1970.

Barthes, Roland. (1993 [1957]). Mitologias (9a ed.). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

Bhabha, Homi K. (1998). O local da cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG.

Blanchard, Pascal et alii (orgs.) (2011a) Exhibitions: L’invention du “sauvage”. Paris: Actes Sud.

Blanchard, Pascal et alii. (orgs.) (2011b) Zoos humains et exhibitions coloniales: 150 ans d’inventions de l’autre. Paris: La Découverte.

Brenson, Michael. (1989). Review/Art; The Many Roles of Mapplethorpe, Acted Out in Ever-Shifting Images. The New York Times, Seção 1, p.11, 22 jul. Disponível em: https://tinyurl.com/y34sjd8d

Briggs, Asa e Burke, Peter. (2004). Uma história social da mídia. Rio de Janeiro: Zahar.

Brooks, Daphne Ann. (2007-2008). The End of the Line: Josephine Baker and the Politics of Black Women's Corporeal Comedy. Scholar & Feminist Online, New York: Barnard Center for Research on Women. Nos.6-1, 6-2. Disponível em: http://sfonline.barnard.edu/baker/brooks_01.htm

Coly, Ayo Abiétou. (2008). Housing and Homing the Black Female Body in France: Calixthe Beyala and the Legacy of Sarah Baartman and Josephine Baker. In: Thompson, Barbara (org.). Black Womanhood: Images, icons and ideologies of the African body. Seattle: University of Washington Press/Dartmouth: Hood Museum.

Eco, Umberto. (1998). Cinco escritos morais. Rio de Janeiro: Record.

Eco, Umberto. (1994). Seis passeios pelos bosques da ficção. São Paulo: Companhia das Letras.

Fani-Kayodé, Rotimi e Hirst, Alex. (1996). Photographs. Londres: Autograph/Paris: Revue Noire.

Fani-Kayodé, Rotimi. (1992). Traces of Ecstasy. Revista Ten.8, 2(3), 64-70.

Gilman, Sander L. (1985). Difference and Pathology: Stereotypes of sexuality, race and madness. Ithaca, NY: Cornell University Press.

Gupta, Sunil. (2018). Sobre fotografia: entrevista de Stuart Hall. Revista ECO-Pós. 21(3), 170-174. https://revistaecopos.eco.ufrj.br/eco_pos/article/view/22529

Hall, Stuart; Sealy, Mark. (2001). Different. London: Phaidon.

Hall, Stuart. (2005). Assembling the 1980s: The Deluge – and After. In: Bailey, David A.; Baucom, Ian e Boyce, Sonia (orgs.). Shades of Black: Assembling black arts in 1980s Britain. Durham, NC: Duke University Press.

Hall, Stuart. (1997). The Spectacle of the “Other”. Representation: Cultural representation and signifying practices. Londres: Sage/Open University, 223-290.

Hall, Stuart. (2016). O espetáculo do “outro”. Cultura e representação. (Org. Arthur Ituassu) Rio de Janeiro: Apicuri/PUC-Rio.

Hook, Derek. (2005). The racial stereotype, colonial discourse, fetishism, and racism. Psychoanalytic Review, (92)5, 701-734. Versão online citada: London: LSE Research Online. http://eprints.lse.ac.uk/archive/00000954

Julien, Isaac. (1995). Frantz Fanon: Black Skin, White Mask. (filme).

Lima, Luiz Costa (org.). (2000 [1969]). Teoria da cultura de massa (5a ed. rev.). Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Mapplethorpe, Robert. (2010 [1986]). The Black Book. Munique: Schirmer/Mosel.

Martín-Barbero, Jesús. (1997). Dos meios às mediações. Rio de Janeiro: Editora UFRJ.

Mattelart, Armand e Michèle. (1999). História das teorias da comunicação. São Paulo: Loyola.

McClintock, Anne. (2010). Couro imperial: raça, gênero e sexualidade no embate colonial. Campinas, SP: Editora da Unicamp.

McLuhan, Marshall. (1971 [1964]). Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Cultrix.

Morettin, Eduardo. (2011). As exposições universais e o cinema: história e cultura. Revista Brasileira de História. (31)61, 231-249.

Needell, Jeffrey D. (1987). A tropical Belle Epoque: Elite culture and society in turn-of-the-century Brazil. Cambridge: Cambridge University Press.

Reis, João José. (2000). Presença Negra: conflitos e encontros. In: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro, 2000. Disponível em: https://brasil500anos.ibge.gov.br/estatisticas-do-povoamento/evolucao-da-populacao-cor.html.

Quijano, Aníbal. (2014). Colonialidade del poder y classificación social. Cuestiones y horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la colonialidade/descolonialidad del poder. Buenos Aires: CLACSO.

Simas, Luiz Antonio; Rufino, Luiz. (2018). Fogo no mato: A ciência encantada das macumbas. Rio de Janeiro: Mórula.

Sovik, Liv e Buarque de Hollanda, Heloisa. (2004). “O papa negro dos estudos culturais. Entrevista de Stuart Hall”. Jornal do Brasil, Caderno “Idéias”, 3 jan., p.3

Wolton, Dominique. (2004). Pensar a comunicação. Brasília: Editora UnB.