Restos mortais: caminhos de objetificação no cemitério de San Vicente
DOI:
https://doi.org/10.31048/1852.4826.v14.n3.33146Palavras-chave:
Cemitério, Restos humanos, Objetivação, Morte, SociedadeResumo
Neste trabalho, apresento um aspecto particular da pesquisa que realizei no Cemitério de São Vicente (Córdoba) durante os anos 2018-2020: a análise da porosidade entre os tratamentos "próprios" e "indevidos" de restos humanos. A partir de um fato específico, a denúncia que a necrópole recebeu em 2016 em decorrência do negócio comercial onde os restos mortais estão envolvidos, a matéria aborda etnograficamente as condições que determinam sua “objetivação”. Assim, apresenta-se uma linha ininterrupta que conduz do reduzido círculo de empregados do cemitério ao âmbito da sociedade na totalidade e seus valores hegemônicos. Sugiro que a origem dessas irregularidades e suas condições de possibilidade se dão antes das práticas específicas dos empregados e, de fato, se confundem com práticas mais difundidas na sociedade. Nesse contexto, investigo os motivos da afirmação de que o Cemitério de São Vicente é considerado terra de ninguém, um Cemitério de pobres. O facto de se conhecer com fiabilidade a existência de determinadas irregularidades é revelador da representação que o Estado e a sociedade fazem destes sectores e do comportamento que consequentemente adotam em relação aos mesmos.
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