v. 4 (2022): Angústia
Na aula de 14 de novembro de 1962, Lacan propõe começar a falar sobre a angústia, eixo que será central em seu décimo seminário. Ele justifica essa escolha ao considerar que a angústia será o ponto de encontro com tudo o que havia trabalhado anteriormente, propondo uma articulação que evidenciará que, a partir da angústia, cada termo, conceito e elaboração prévia ocupará melhor seu lugar, tanto na teoria quanto na prática.
É assim que, no início de 1962, inicia uma série de aulas que dará origem à elaboração do que Lacan definirá como sua única verdadeira contribuição à psicanálise, o objeto a, relacionando-o com o surgimento da angústia como um sinal de que falta a falta, ligando isso à sua concepção de sujeito.
Neste quarto número de Pathos, nos propomos a celebrar os 60 anos da primeira aula de Lacan sobre o seminário da angústia, trazendo-a à luz por meio dos artigos propostos pelos diversos autores sobre a temática.
A angústia será o eixo que articula os trabalhos, formando uma rede própria em cada artigo, onde cada autor se torna um funâmbulo que se atreve a transitar pela corda da palavra escrita sobre o vazio, onde a própria angústia se aloja. Da mesma forma, os trabalhos livres nos propõem continuar apostando em uma psicanálise que se debate com a atualidade, investigando, construindo uma teoria que alimente a prática e uma prática que construa teoria, para sustentar o espírito da psicanálise.