Um modelo agroalimentar da encruzilhada entre feminismo e agroecologia. O caso do Sindicato da Frente Feminina dos Trabalhadores Rurais - Argentina

Resumo

Este artigo analisa a experiência organizacional da Frente de Gênero do Sindicato dos Trabalhadores da Terra - UTT, uma organização nacional que reúne cerca de 20.000 famílias de pequenos produtores na República Argentina. Na atualidade, esse movimento social rural prefigura novas experiências de luta e organização, desde uma perspectiva de classe e de gênero, apostando na construção de um modelo agroalimentar alternativo ao agronegócio capitalista patriarcal, paradigma hegemônico das relações sociais e produtivas no meio rural. . Por meio da análise de artigos, bibliografia e depoimentos de referentes da organização, propõe-se mostrar como a construção e implantação de um novo modelo agroalimentar com perspectiva de gênero é uma realidade existente em vários pontos do país, com base na política e o fazer do Sindicato dos Trabalhadores da Terra e da secretaria de Gênero da organização. Num sistema capitalista e patriarcal onde o agronegócio prevalece como paradigma e modelo de relações produtivas, econômicas e sociais, é interessante investigar, conhecer e sistematizar uma proposta alternativa, que suscite novas formas de organização, produção e comercialização, a partir de uma abordagem que contempla a dimensão social do trabalho camponês com uma perspectiva de gênero, entendendo que não há possibilidade de transformar o sistema atual, sem romper com as relações sexuais genéricas de opressão e exploração que operam no setor agroindustrial rural.