Tensões e fracturas no território

Processos sócio-territoriais do habitat rural na província de Córdoba, Argentina.

Resumo

O artigo apresenta um andaime conceptual destinado a compreender os processos sócio-territoriais a fim de dar conta de forma abrangente dos diferentes níveis e dimensões da complexidade do habitat, e de reconhecer tensões e fracturas provocadas no quadro do modelo de desenvolvimento. Compreendemos estes processos nas suas escalas micro e macro-políticas, prestando especial atenção a estas últimas na análise. Metodologicamente, isto implica uma dupla cartografia crítica: uma epistémica, procurando reconhecer o alcance da dimensão macro-política nas suas definições; e uma territorial, tendo em conta as formas como esta matriz é expressa em Córdoba. A perspectiva oferecida por Boaventura de Sousa Santos, a partir das Epistemologias do Sul, fornece-nos elementos para aprofundar a nossa análise. A proposta do autor, destinada a reconhecer formas de oclusão epistémica, na interacção que propõe com a categoria do pensamento abissal, permitir-nos-á reconhecer formas de exclusão territorializada. Ao longo do artigo procuramos abordar a forma como o modelo de desenvolvimento hegemónico produz fragmentações na noção de habitat rural, gerando um quadro favorável à geração de políticas públicas de carácter habitacional e que, em termos mais gerais, condicionam a sustentabilidade das formas locais de habitar, abrindo espaço para os processos macropolíticos dominantes, articulados em práticas extractivistas agro-industriais.