Editorial
Palavras-chave:
editorial, numero12, pandemia y despues, trabajo social unc, conciencia social 12Resumo
Esta edição nos convida a pensar, emerge de um momento complexo, para muitos desolador, para todos desigual; emerge da desestruturação que a pandemia implicou na vida cotidiana, na vida institucional, na reprodução da vida como um todo.
Há muitos anos, atravessados pela pandemia, pelas restrições e limitações, nos perguntávamos sobre o futuro, sobre as possíveis reconfigurações, sobre o que restaria depois de tudo, depois de tanto. Hoje nos damos a oportunidade de refazer nossos passos, de nos recuperar e, nesse processo, dar conta do que é possível, das tramas que conseguimos sustentar, mediadas pelas tecnologias, pelos encontros fugazes, pelas redes que foram tecidas - mesmo e apesar de tudo - nos territórios que habitamos.
Nos reencontramos, recuperamos o cotidiano, a caminhada nos bairros, nas instituições, o diálogo face a face, o abraço e também as ruas e suas lutas. Nos reencontramos em um cenário complexo, testemunhamos o aprofundamento das desigualdades em um contexto geopolítico convulsionado e uma América Latina sacudida por avanços e retrocessos impensáveis. E aqui estamos nós, em movimento...
Esta edição reúne produções que dão conta do que conseguimos construir nos diferentes cenários pelos quais passamos: protestos que se materializam na arte têxtil, nas vozes e ações concretas de mulheres latino-americanas, unidas na necessidade de transformar o que é imposto, como condição de inferioridade, na tecelagem de um mecanismo de protesto e transformação social com senso de comunalidade. Os fios que foram bordados e tecidos nas pandemias e encontrados no poder do reencontro se expandem para dar novo significado a outros mundos possíveis.
Também revisitamos os territórios onde as organizações envolvidas no cuidado puderam dar conta dos laços comunitários, do cuidado cotidiano, colocando essas discussões em pauta e, com elas, a possibilidade de discutir com o Estado as políticas necessárias para os setores afetados pelas desigualdades em tempos de isolamento.
E nos demos a possibilidade de nos olharmos como uma profissão que teve de se ressignificar, tirando a poeira das práticas rotinizadas, na necessidade de responder às novas emergências. E voltamos a olhar para nós mesmos, redescobrimos nosso potencial criativo para outras intervenções, reivindicamos nosso trabalho e, a partir desse lugar desconfortável, também ressignificamos nossas lutas e disputas dentro das instituições em que trabalhamos.
Essa realidade que nos desafia também nos oferece a possibilidade de nos entrelaçarmos, de discutirmos o que passou e está passando por nós, tanto na academia quanto nos territórios, na vizinhança, nos espaços que habitamos. O desafio está em sustentar o que está surgindo, o que nasceu da pandemia e nos permitiu redescobrir o poder de caminhar com os outros, de construir com os outros, de encontrar novas formas de continuar disputando e reivindicando uma América Latina soberana, justa e igualitária; porque o potencial transformador dos bens comuns, que mina as próprias raízes da racionalidade capitalista liberal, é o que nos permitiu dar corpo às restrições da pandemia e possibilita que esse reencontro se torne, talvez, a semente de outros mundos possíveis.
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