QUAL A AUTONOMIA DOS POVOS ÍNDIGENAS NA ERA DO NEOLIBERALISMO GLOBAL? Desencriptando a política brasileira de demarcação de terras indígenas

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Maria Theresa Duarte Reis
Marinella Machado-Araújo

Resumen

A política de demarcação de territórios assegura a autonomia dos povos indígenas? O presente estudo parte da constatação de uma dissonância entre fato, norma e discurso, pois, apesar de existir um complexo normativo de proteção dos direitos indígenas que se concretiza, sobretudo, a partir da política de demarcação, que está inserida em uma modelagem internacional em prol do desenvolvimento sustentável, esses territórios demarcados são alvos de autorização administrativa de exploração mineral em violação ao direito de consulta prévia. Portanto, a partir da Teoria da Encriptação do Poder, buscou-se desencriptar o simulacro de autonomia produzido pela política de demarcação de territórios, valendo-se da análise documental da PET 3388/STF, do Estatuto do Índio, do Código Civil e da Constituição brasileira, pois evidenciam o não reconhecimento da capacidade civil dos indígenas, retirando-lhes, assim, um atributo base para exercício da autonomia e para validade do exercício do direito de consulta dentro da modelagem do Estado-nação, o qual neutraliza a dimensão multicultural, pois tem como condição precípua o reconhecimento do sujeito autônomo dentro dos parâmetros do individualismo, da propriedade privada e da legalidade, e cuja soberania, apesar de porosa, só é permeável a centros de poder vinculados à racionalidade neoliberal, que confere uma finalidade única do território voltada à exploração econômica. Concluiu-se que a demarcação de terras indígenas é uma política que visa uma “abertura” à diversidade cultural, pela perspectiva multicultural, mas, ao mesmo tempo, reforça mecanismos de controle e domínio do Estado nacional e dos interesses do capitalismo global sobre os territórios.


 


 

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Cómo citar
QUAL A AUTONOMIA DOS POVOS ÍNDIGENAS NA ERA DO NEOLIBERALISMO GLOBAL? : Desencriptando a política brasileira de demarcação de terras indígenas. (2024). Administración Pública Y Sociedad (APyS), 17, 35-59. https://doi.org/10.71047/2524.9568.n17.44546
Sección
Artículos
Biografía del autor/a

Maria Theresa Duarte Reis, a:1:{s:5:"es_ES";s:50:"Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais";}

Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2020), com um semestre de graduação realizada na Universidade Nova de Lisboa, pelo programa de intercâmbio da PUC/Minas. Graduada em gestão Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (2022). Especialista em Advocacia Cível pela Fundação Escola Superior do Ministério Público (2022). Mestranda em Direito, na linha de pesquisa Desenvolvimento e Políticas Públicas, na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2023-atual). Bolsista CAPES. Pesquisadora do Núcleo Jurídico de Políticas Públicas (NUJUP) da Pós-graduação em Direito e Faculdade Mineira de Direito PUC Minas, grupo de pesquisa interdisciplinar e transdisciplinar vinculado ao projeto pedagógico da Faculdade Mineira de Direito que pesquisa instrumentos jurídicos emancipatórios de poder, planejamento e gestão democráticos, plurais, do interesse público sobre o território e efetividade de direitos fundamentais (2023-Atual)

Marinella Machado-Araújo, Pontificia Universidade Catolica de Minas Gerais

Graduada em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (1990). Especialista em Direito Administrativo pela UFMG (1993). Doutora em Direito Administrativo pela UFMG (2002) com tese sobre o solo criado e a efetividade da função social da propriedade imobiliária. Professora adjunta IV da Graduação (presencial e ensino a distância) e da Pós-graduação em Direito (Especialização, Mestrado e Doutorado) da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas , na qual leciona de Teoria Geral do Direito Público, Direito Administrativo, Direito Urbanístico e Ambiental. Coordenadora, desde 2003, do Núcleo Jurídico de Políticas Públicas do Programa - NUJUP da Pós-graduação em Direito e Faculdade Mineira de Direito PUC Minas, grupo de pesquisa interdisciplinar e transdisciplinar vinculado ao projeto pedagógico da Faculdade Mineira de Direito que pesquisa instrumentos jurídicos emancipatórios de poder, planejamento e gestão democráticos, plurais, do interesse público sobre o território e efetividade de direitos fundamentais. É ainda coordenadora de pesquisa e extensão, ex-coordenadora adjunta de monografia e ex-coordenadora do Núcleo de Direito Civil, todos da Faculdade Mineira de Direito da PUC Minas. Avaliadora do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) desde 2007. Membro fundador do Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico desde 2002 e coordenadora de pesquisa desde 2010. Pesquisadora principal da rede brasileira de monitoramento de políticas urbanas Observatório das Metrópoles-INCT do IPPUR/UFRJ e do Observatório do Milênio da UN-Habitat - Belo Horizonte (Prefeitura Municipal). Ex-pesquisadora visitante do Max-Planck-Institut für ausländisches öffentliches Recht und Völkerrecht (Instituto Max-Planck de Direito Público Comparado e Internacional Público), Heidelberg (2006 e 2007). Ex-professora visitante da Università di Bologna (2007). Ex-presidente e vice-presidente da ONG Ação Urbana (2003-2010). Ex-sócia da Machado Raso Advogados Associados. Ex-consultora jurídica do Município de Belo Horizonte junto à Secretaria Municipal de Planejamento (1995) e à Secretaria de Municipal Atividade Urbana (1995) para a elaboração do Plano Diretor e da Lei de Uso e Ocupação do Solo de 1996; junto ao Departamento de Memoria e Patrimônio e Conselho Municipal de Memória e Patrimônio Cultural (1999) em matéria de proteção do patrimônio cultural. Ex-consultora jurídica do Município de Mariana durante a elaboração do Plano Diretor e da Lei de Uso e Ocupação do Solo de 2003. Autora e coordenadora de vários projetos e textos científicos sobre pesquisa e ação extensionista em matéria de panejamento integrado sustentável participativo, em especial de políticas urbano-ambiental e habitacional; efetividade da função social da propriedade imobiliária pública e privada; instrumentos de política urbano-ambiental, regularização fundiária, gestão democrática da cidade e controle social das funções legislativa e administrativa com o objetivo de neutralizar as formas de manifestação da força simbólica de direitos fundamentais e sociais e de encriptação do poder político que fundamenta sua garantia pelos poderes estatais. Consultora jurídica na área de planejamento urbano e regional, com ênfase em planejamento local e metropolitano, tendo participado como instrutora do Estado de Minas Gerais (Secretaria de Desenvolvimento Regional e Urbano) e do Governo Federal (Ministério das Cidades) da Campanha Cidade para Todos e em cursos de capacitação para a elaboração de leis de uso e ocupação do solo promovido pela Sub-secretaria Estadual de Assuntos Municipais do Estado de Minas Gerais. Co-editora da série de livros Decrypting Power and Coloniality: Philosophical perspectives from and through the Global South da editora anglo-saxônica Lexigton Books - Rowman and Littlefield.

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QUAL A AUTONOMIA DOS POVOS ÍNDIGENAS NA ERA DO NEOLIBERALISMO GLOBAL? : Desencriptando a política brasileira de demarcação de terras indígenas. (2024). Administración Pública Y Sociedad (APyS), 17, 35-59. https://doi.org/10.71047/2524.9568.n17.44546

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