Laboratório do Pensamento. Experimentação de contra-pedagogias de crueldade

Resumo

A crítica às formas de crueldade instaladas em nossa sociedade atingiu um alto grau de interesse, sobretudo no caso do femicídio e a consequente crítica ao patriarcado, embora também possa ser estendida à problemática divisão das espécies entre animais humanos e não humanos, que se concentra no sofrimento, sentimento outrora reservado à dignidade da pessoa humana. São momentos em que a dor desnecessária e evitável que sofremos como seres sencientes desafia a academia a iniciar ou aprofundar certas linhas de investigação, ponderando os efeitos sobre as transformações individuais, sociais e culturais. 

Motivados pela hipótese de que Rita Segato divulga com um tom denunciador, que é o de que os fés-minicídios estão inscritos em modos de transmissão que respondem a pedagogias de crueldade, durante 2019 realizamos uma proposta de extensão intitulada "Laboratório do pensamento: Contra-pedagogias da crueldade". Corpo e experiência". A partir de diferentes trajetórias e inserções institucionais, nos encontramos entre os filosóficos e pedagógicos, e alertamos que a elaboração de contra-pedagogias de crueldade é apenas um esboço incipiente, mas com sinais que mostram a necessidade de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, estamos convencidos de que o tratamento de tal tema, além de recuperar, expandir e fazer avançar certas linhas teóricas de pesquisa que temos realizado, abre o caminho para a construção de contra-pedagogias de crueldade onde a ênfase é colocada no que nos acontece, no que nos provoca ou como certas leituras nos afetam; portanto, uma contra-pedagogia de crueldade implica transformações em alguns modos, talvez os mais instalados, de transmissão. Com estes elementos, apreciamos a extensão uni-versa em formação contínua como uma opção próxima, viável e poderosa para apostar no que ficou conhecido como um Laboratório de pensamento.