O exílio brasileiro na Argélia (1964-1979): breves notas para o debate

Autores

  • Débora Strieder Kreuz

Palavras-chave:

Ditadura de segurança nacional, Exílio, Argélia

Resumo

O presente trabalho busca analisar, de maneira inicial, alguns aspectos do exílio brasileiro na Argélia, a saber: a forma como ocorre a rememoração da experiência por alguns ex-exilados e as estratégias de vigilância mantidas pelo estado ditatorial brasileiro sobre tal comunidade, durante a ditadura. Para a realização da proposta serão analisados dois relatos de ex-militantes coletados pela autora e documentos do Centro de Informações do Exterior (CIEx), o qual estava vinculado ao Ministério das Relações Exteriores. Sabe-se que a Argélia, independente da França em 1962 após sangrenta guerra de libertação, foi um país de referência para a recepção de exilados de diversos locais do globo – Panteras Negras dos Estados Unidos, militantes pelas independências na Ásia e África e contra as ditaduras que se proliferavam na América Latina. Assim, o trabalho busca compreender esses dois aspectos fundamentais relacionados à experiência exilar: como a memória dos indivíduos rearticula esse momento a partir da sua experiência posterior e a forma como o Estado brasileiro continuou a política de vigilância em relação àqueles considerados subversivos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Alves, Maria Helena Moreira (1985): Estado e oposição no Brasil (1964-1984), Vozes, Petrópolis, Rio de Janeiro.

Bourdieu, Pierre (2006): “A ilusão biográfica”, en Marieta de Moraes Ferreira y Janaína Amado, . Usos e abusos da história oral. Editora FGV, Rio de Janeiro, p. 183-191.

Brasil (2014): Relatório da Comissão Nacional da Verdade. Comissão Nacional da Verdade, Brasília, v.1.

Cruz, Fábio Lucas (2016): Brasileiros no exílio: Argel como local estratégico para a militância política (1965-1979). (Tese de Doutorado em História). Universidade de São Paulo, São Paulo.

Comblin, Josep (1978): A ideologia de Segurança Nacional. O poder militar na América Latina, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro.

Fico, Carlos (2001): Como eles agiam – os subterrâneos da Ditadura Militar: espionagem e polícia política, Record, Rio de Janeiro.

Fernandes, Ananda Simões (2013): “O controle da resistência e da solidariedade dos refugiados políticos no Brasil pela comunidade de segurança e informação da ditadura civil-militar brasileira: A comunidade de informação e segurança da ditadura brasileira”. TALLER (Segunda Época). Revista de Sociedad, Cultura y Política en América Latina, Vol. 4, N° 5, pp. 144-155.

Gomes, Paulo César (2019): Liberdade Vigiada: as relações entre a ditadura militar brasileira e o governo francês – do golpe à anistia, Record, Rio de Janeiro.

Joffily, Mariana (2014): “A “Verdade” sobre o uso de documentos dos órgãos repressivos”, Dimensões, vol. 32, p. 2-28.

Marques, Teresa Cristina Schneider (2006): Ditadura, exílio e oposição: os exilados brasileiros no Uruguai (1964-1967), Mestrado em História Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá.

Martins Filho, João Roberto (2019): Segredos de Estado: o governo britânico e a tortura no Brasil (1969-1976), Saga Editora, Salvador.

Padrós, Enrique Serra (2014): “Terrorismo de Estado: reflexões a partir das experiências das Ditaduras de Segurança Nacional”, en Carlos Artur Gallo y Silvania Rubert (orgs.). Entre a memória e o esquecimento: estudos sobre os 50 anos do Golpe Civil-Militar no Brasil. Editora Deriva, Porto Alegre, p. 13- 36.

Penna Fillho, Pio (2008): “Os Arquivos do Centro de Informações do Exterior (CIEX): O elo perdido da repressão”, Acervo, v. 21, no 2, pág. 79-92.

Pollak, Michael (1992): “Memória, Esquecimento e Silêncio”, Estudos Históricos,, v.2, nº3, p. 3-15.

Portelli, Alessandro (1997): “Tentando aprender um pouquinho. Algumas reflexões sobre a ética na história oral”, Projeto História, n.15, p.13-49.

Rollemberg, Denise (1999): Exílio: entre raízes e radares, Record, Rio de Janeiro.

Samways, Daniel Trevisan (2014): Inimigos imaginários, sentimentos reais: medo e paranoia no discurso anticomunista do Serviço Nacional de Informações (1970- 1973). Tese (Doutorado em História). Universidade Federal do Paraná: Curitiba.

Sznajder, Mario; Roniger, Luis (2013): La política del destierro y el exilio en América Latina, Fondo de Cultura Económica, México.

Yankelevich, Pablo (2011): “Estudar o exílio”, en Samantha Viz Quadrat (Org.). Caminhos Cruzados: história e memória dos exílios latino-americanos no século XX, Editora FGV, Rio de Janeiro, pp. 11-30.

Yankelevich, Pablo; Jensen, Silvina (2007): “La actualidad del exilio”, en Pablo Yankelevichy Silvina Jensen. Exilios: destinos y experiencias bajo la dictadura militar, Libros del Zorzal, Buenos Aires, pp. 9-20.

Yazbek, Mustafa (2010): A revolução argelina. Ed. UNESP, São Paulo.

Downloads

Publicado

2020-12-01

Como Citar

Strieder Kreuz, D. (2020). O exílio brasileiro na Argélia (1964-1979): breves notas para o debate. Revista Da Rede Intercátedras De História Contemporânea Da América Latina, (13), 170–181. Recuperado de https://revistas.unc.edu.ar/index.php/RIHALC/article/view/31734

Edição

Seção

Artigos de Dossiê: Exilados e Asilos na/da América Latina e Caribe