Autodefinição e corpos negros emancipados nas HQs de Bennê Oliveira e Lila Cruz

Autores/as

  • Maria da Conceição Francisca Pires Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Brasil.

Palabras clave:

Histórias em Quadrinhos, Autorrepresentações, Negritude

Resumen

O artigo analisa a autorrepresentação das mulheres negras nas HQs produzidas pelas quadrinistas brasileiras Bennê Oliveira, que assina como leve.mente.insana, e Lila Cruz, que utiliza o pseudônimo de colorlilas. Pontualmente, interessa assinalar como tais artistas acionam recursos gráficos distintos dos modelos convencionais instituídos em manuais de como desenhar mulheres, recorrendo a uma linguagem visual outra, que entra em disputa com uma linguagem colonizada e que, por um longo período, se manteve hegemônica. Defende-se a premissa que desenhar-se, incluir-se em suas histórias, narrar vivências que são suas e de muitas outras mulheres negras, figura como um gesto político de erguer e celebrar a própria voz, se apresentando como sujeitas de suas histórias; não mais a Outra, objeto ou objetificadas. Em seus quadrinhos, personagens femininas narram e protagonizam as histórias que por vezes transcendem o biográfico, mas que mesmo assim estabelecem profundas relações com suas experiências de vida, transformando-se, desse modo, em testemunhos ficcionais sobre suas vivências. São, portanto, formas gráficas de se apresentarem ao mundo e de se auto constituírem através de histórias nem sempre verídicas, mas que trazem elementos de suas vivências de mulheres jovens, brasileiras, periféricas, negras, latinas, quadrinistas.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Citas

Alves, Nataly Costa Fernandes (2020): Quadrinizadas: o feminismo negro e as personagens de Ana Cardoso, Dika Araújo e Flavia Borges. Dissertação de Mestrado em Artes Visuais. Programa de Pós-graduação em Artes Visuais. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Amaral, Adriana; Recuero, Raquel e Montardo, Sandra (organizadoras) (2009): Blogs.com: Estudos sobre blogs e comunicação, Momento editorial, São Paulo.

Arruda, Renata (2017): “Maria Aparecida Godoy. Roteirista de Drácula, foi pioneira entre mulheres quadrinistas” em Dandara, Paulo F. e Almeida, Carol (organizadores.), Plaf. Revista Sobre Quadrinhos N° 1, O Grito, Recife. pp. 14-15.

Aubert, Nicole e Haroche, Claudine (2013): “Ser Visível para Existir: a injunção da visibilidade”. In Aubert, Nicole; Haroche, Claudine (orgs.), Tiranias da Visibilidade. O visível e o invisível nas sociedades contemporâneas, Fap-Unifesp, São Paulo, pp. 13-32.

Barros, Thiane Neves (2020): “Estamos em marcha! Escrevivendo, agindo e quebrando códigos”, em Silva, Tarcízio (organizador), Comunidades, algoritmos e ativismos digitais: Olhares afrodiaspóricos, LiteraRua, São Paulo. pp. 197-214.

Berger, John (2018): Modos de Ver, Antígona, Lisboa.

Bordo, Susan (1997): “O Corpo e a Reprodução da feminidade; uma apropriação feminista de Foucault”, em Jaggar, Alison M. e Bordo, Susan R. (organizadoras), Gênero, Corpo, Conhecimento, Rosa dos Tempos, Rio de Janeiro, pp. 19-41.

Carrera, Fernanda e Carvalho, Denise (2020): “Algoritmos Racistas: uma análise da hiper-ritualização da solidão da mulher negra em bancos de imagens digitais”, Galáxia, N° 43, Jan-abr., pp. 99-114.

Campos, Winnie Bueno (2019): Processos de resistência e construção de subjetividade no pensamento feminista negro: uma possibilidade de leitura da obra Black Feminist Thought: knowledge, consciousness, and the politics of empowerment (2002) a partir do conceito de imagens de controle. Dissertação de Mestrado em Direito. Programa de Pós-graduação em Direito, Universidade do Vale dos Sinos, São Leopoldo.

Carneiro, Sueli (2019): Escritos de uma vida, Pólen Livros, São Paulo.

Césaire, Aimé (2020): Discurso sobre o colonialismo, Veneta, São Paulo.

Chinem, Nobu (2019): O Negro nos Quadrinhos do Brasil, Peirópolis, São Paulo.

Coan, Samanta (2021): “Que nossas Vozes sejam ouvidas”, Mina de HQ. [Em-linha] 27 de abril de 2021. (Acesso em 26 de maio de 2021). Disponível em https://minadehq.com.br/que-nossas-vozes-sejam-ouvidas/

Collins, Patrícia Hill (2019): Pensamento Feminista Negro. Conhecimento, consciência e a política de empoderamento. Boitempo, São Paulo.

Comics, Lady’s (2015): “Revista Risca! No Catarse”, em Lady’s comics [Em-linha] 5 de outubro (Acesso em 26 de maio de 2021), Disponível em: http://ladyscomics.com.br/revista-risca-no-catarse

Costa, Sofía e Rodriguez, Rosana P. (2020): “Descolonizar las Herramientas Metodológicas. Una experiencia de investigación feminista”, MILLCAYAC - Revista Digital de Ciencias Sociales, N° 11, Vol. VI, septiembre 2019 - febrero 2020, pp. 13-30.

Evaristo, Conceição (2007): “Da Grafia-Desenho de Minha Mãe um dos Lugares de Nascimento de Minha Escrita”, em Alexandre, Marcos Antônio (organizador), Representações Performáticas Brasileiras: teorias, práticas e suas interfaces, Mazza Edições, Belo Horizonte, pp. 16-21.

Fanon. Frantz (2008): Pele Negra, Máscaras Brancas, EDUFBA, Salvador.

Franco, Edgar (2013): “Histórias em Quadrinhos e hipermídia: as HQtrônicas chegam a sua terceira geração”, em Luiz, Lucio (organizador), Quadrinhos na Era digital: HQtrônicas, webcomics e cultura participativa, Marsupial editora, Nova Iguaçu.

Gonzalez, Lélia (2020): “Por Um feminismo Afrolatinoamericano”, em Rios, Flavia e Lima, Marcia (organizadoras), Por um feminismo afrolatinoamericano, Zahar, Rio de Janeiro.

Gonzalez, Lélia (2020): “Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira”, em Rios, Flavia e Lima, Marcia (organizadorass), Por um feminismo afrolatinoamericano, Zahar, Rio de Janeiro.

hooks, bell (2019): Erguer a Voz. Pensar como feminista, pensar como negra, Elefante, São Paulo.

hooks, bell (2019): Olhares Negros. Raça e representação, Elefante, São Paulo.

Jauréguiberry, Francis (2013): “A Exposição de Si na Internet: a preocupação de estar além das aparências”, em Aubert, Nicole e Haroche, Claudine (organizadoras), Tiranias da Visibilidade. O visível e o invisível nas sociedades contemporâneas, Fap-Unifesp, São Paulo. pp. 139-152.

Kilomba, Grada (2019): Memórias da Plantação. Episódios de racismo cotidiano, Cobogó, Rio de Janeiro.

Lima, Dulcilei da Conceição (2020): Conectadas: O Feminismo Negro nas Redes Sociais. Tese de Doutorado em Ciências Humanas e Sociais. Programa de Pós-graduação em Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal do ABC, São Paulo.

Lorde, Audre (2019): Irmã Outsider, Editora Autêntica, Belo Horizonte.

Matos, Olgaria (2013): “Nota Introdutória”, em Aubert, Nicole e Haroche, Claudine (organizadoras), Tiranias da Visibilidade. O visível e o invisível nas sociedades contemporâneas, Fap-Unifesp, São Paulo, pp. 11-12.

Mbembe, Achille (2018): Crítica da Razão Negra, N-1 Edições, São Paulo.

Medeiros, Talita Sauer (2019): Mulheres na Produção de Histórias em Quadrinhos: da invisibilidade à construção de espaços próprios. Tese de Doutorado em História. Programa de Pós-graduação em História, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

Merlo, Cristina (2014): “As Desenhistas, Ilustradoras e quadrinistas pioneiras do Brasil”, em Crau, As Periquitas, Kalaco, São Paulo, pp. 68-69.

Messias, Carolina Ito (2018): Um Panorama da Produção Feminina De Quadrinhos Publicados Na Internet No Brasil. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Ciências da Informação, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Miranda, Fernanda Rodrigues de (2019): Corpo de Romance de Autoras Negras Brasileiras (1895-2006): posse da história e colonialidade nacional confrontada. Tese de Doutorado. Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Nascimento, Maria Beatriz (2019): Beatriz Nascimento, Quilombola e Intelectual. Possibilidade nos dias de destruição. Coletânea organizada e editada pela UPA (União dos Coletivos Pan-Africanistas), Editora Filhos da África, Diáspora Africana, São Paulo.

Nepomuceno, Bebel (2013): “Mulheres Negras”, em Pinsky, Carla B. e Pedro, Joana M. (organizadoras.), Nova História das Mulheres no Brasil, Contexto, São Paulo, pp. 186-198.

Nogueira, Natânia (2013): “Jackie Ormes: a ousadia e o talento da mulher negra nos quadrinhos norte-americanos (1937-1954)”, Identidade!, N. 1, Vol. 18. pp. 21-38.

Oliveira, Selma Regina N. (2007): Mulher ao Quadrado. As representações femininas nos quadrinhos norte-americanos: permanências e ressonâncias (1895-1990), Editora Universidade de Brasília/Finatec, Brasília.

Parmar, Pratibha (2012): “Feminismo negro: la política como articulación” em Jabardo, Mercedes (organizadora), Feminismos negros: una antología, Traficantes del Sueños, Madrid, pp. 245-268.

Pires, Maria da Conceição F. (2019 a): “Mulheres Desregradas: autorretratos e corpos grotescos nos cartuns de Chiquinha”, Topoi, N° 1, Vol. 20. pp. 302-316.

Pires, Maria da Conceição F. (2019 b): “Outras Mulheres, Outras Condutas: Feminismos e Humor Gráfico nos Quadrinhos Produzidos por Mulheres”, ArtCultura, N° 39, v. 21. pp. 71-87.

Pinto, Ana Flavia Magalhães (2006): De Pele escura e tinta preta: a imprensa negra no século XIX (1833-1899). Dissertação de Mestrado em História. Programa de Pós-graduação em História, Universidade de Brasília, Brasília.

Rago, Margareth (2013): A Aventura de Contar-se: feminismos, escrita de si e Invenções da Subjetividade, Editora Unicamp, Campinas.

Santos, Thais Gomes (2019): “Corpos Femininos Negros: das cicatrizes do poder ao feminismo negro”, Revista Mais que Amélias, N° 06, pp. 01-18.

Tisseron, Serge (2013): “As Novas Redes Sociais: visibilidade e invisibilidade na Internet”, em Aubert, Nicole e Haroche, Claudine (organizadores), Tiranias da Visibilidade. O visível e o invisível nas sociedades contemporâneas, Fap-Unifesp, São Paulo, pp. 127-138.

Trindade, Luiz Valério P. (2020): “Mídias sociais e a naturalização de discursos racistas no Brasil”, em Silva, Tarcízio (organizador), Comunidades, algoritmos e ativismos digitais: Olhares afrodiaspóricos, LiteraRua, São Paulo, pp.27-44.

Ugarte, David de (2008): O Poder das Redes: Manual Ilustrado Para Pessoas, Organizações e Empresas, Chamadas a Praticar o Ciberativismo, Edipucrs, Porto Alegre.

Publicado

2021-12-05

Cómo citar

Pires, M. da C. F. (2021). Autodefinição e corpos negros emancipados nas HQs de Bennê Oliveira e Lila Cruz. Revista De La Red Intercátedras De Historia De América Latina Contemporánea, (15), 180–205. Recuperado a partir de https://revistas.unc.edu.ar/index.php/RIHALC/article/view/35848