Memória, cotidiano e subjetividade em Sem dó de Luli Penna

Autores/as

  • Marilda Lopes Pinheiro Queluz Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Palabras clave:

Sem dó, Luli Penna, Quadrinhos

Resumen

O objetivo desse texto é refletir sobre as relações entre história, memória e subjetividades tramadas nos quadrinhos contemporâneos brasileiros feitos por mulheres, considerando a maneira como as desenhistas se voltam para o passado, mergulham em arquivos, acervos, documentos, investigando a cultura visual/material para criar outros olhares sobre as experiências vividas por homens e mulheres comuns, para representar personagens que foram apagados ou marginalizados, produzindo outras narrativas sobre os fatos. Para isso, será analisada a Sem dó, uma história de amor fictícia, ambientada em São Paulo nos anos 1920, escrita e desenhada por Luli Penna, publicada pela editora Todavia, em 2017. Com as mudanças na política brasileira e o ressurgimento de um pensamento extremamente conservador e autoritário, aumentaram a desigualdade, a violência, a intolerância e os preconceitos de classe, gênero, raça e etnia. Em contrapartida, a preocupação com os excluídos da história e com o registro de suas memórias acabou contaminando as páginas dos quadrinhos. Luli Penna usa referências de cartazes de cinema, revistas de moda, anúncios de jornais, programas de rádio e pouquíssimos diálogos para alinhavar o universo do trabalho e dos afazeres domésticos como uma coleção de memórias. As personagens enfrentam convenções sociais, comportamentos normativos, padrões de beleza, marcadores de distinção de classe. Essa novela gráfica foge de uma visão dicotômica e determinista, reinterpretando contextos, mostrando as contradições de cada época, as táticas cotidianas de negociação e de resistência.

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Publicado

2021-12-05

Cómo citar

Lopes Pinheiro Queluz, M. (2021). Memória, cotidiano e subjetividade em Sem dó de Luli Penna. Revista De La Red Intercátedras De Historia De América Latina Contemporánea, (15), 206–221. Recuperado a partir de https://revistas.unc.edu.ar/index.php/RIHALC/article/view/35849