Autodefinição e corpos negros emancipados nas HQs de Bennê Oliveira e Lila Cruz
Palabras clave:
Histórias em Quadrinhos, Autorrepresentações, NegritudeResumen
O artigo analisa a autorrepresentação das mulheres negras nas HQs produzidas pelas quadrinistas brasileiras Bennê Oliveira, que assina como leve.mente.insana, e Lila Cruz, que utiliza o pseudônimo de colorlilas. Pontualmente, interessa assinalar como tais artistas acionam recursos gráficos distintos dos modelos convencionais instituídos em manuais de como desenhar mulheres, recorrendo a uma linguagem visual outra, que entra em disputa com uma linguagem colonizada e que, por um longo período, se manteve hegemônica. Defende-se a premissa que desenhar-se, incluir-se em suas histórias, narrar vivências que são suas e de muitas outras mulheres negras, figura como um gesto político de erguer e celebrar a própria voz, se apresentando como sujeitas de suas histórias; não mais a Outra, objeto ou objetificadas. Em seus quadrinhos, personagens femininas narram e protagonizam as histórias que por vezes transcendem o biográfico, mas que mesmo assim estabelecem profundas relações com suas experiências de vida, transformando-se, desse modo, em testemunhos ficcionais sobre suas vivências. São, portanto, formas gráficas de se apresentarem ao mundo e de se auto constituírem através de histórias nem sempre verídicas, mas que trazem elementos de suas vivências de mulheres jovens, brasileiras, periféricas, negras, latinas, quadrinistas.
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