O ano internacional das línguas indígenas uma campanha político-linguística internacional
Abstract
Do ponto de vista de uma classificação de tipos de ação sobre a(s) línguas, podemos dizer que o Ano Internacional das Línguas Indígenas, instituído através da Resolução 71/178 das Nações Unidas, de 19 de dezembro de 2016, é uma Campanha Linguística, conceito que pode ser entendido como a ampliação lógica da terminologia introduzida por Bein (2006), no seu trabalho sobre ‘publicidade linguística’ ou ‘propaganda linguística’.
Segundo o autor “solemos distinguir “propaganda” de “publicidad”; la primera se refiere a la difusión de ideas e ideologías, incluidas las políticas y las religiosas; la segunda es la que da a conocer un producto o un servicio con el fin de que el público los adquiera” (Bein, 2006,1). No seu texto, apresenta tanto exemplo de publicidade de línguas, vistas como produtos comerciais, quanto propaganda de línguas, considerando a necessidade de conformar e utilizar ideologias linguísticas, podendo esta propaganda se referir a línguas individuais ou a um conjunto multilíngue.
Uma campanha, nesse sentido, constitui-se de uma série de ações publicitárias ou propagandísticas, focadas em conduzir o olhar da ou das sociedades para uma determinada direção, aglutinar interesses e obter efeitos políticos.
Campanhas linguísticas, assim, são atuações propagandísticas no campo das ideologias linguísticas, por um lado, que permitem preparar as sociedades para determinadas intervenções do poder constituído, e nesse sentido impactam centralmente as decisões linguísticas, que por sua vez orientarão o planejamento linguístico, isto é, as intervenções linguísticas a serem feitas para alterar práticas linguísticas estabelecidas em uma dada sociedade. O seguinte esquema permite visualizar de forma compacta a estas relações no campo das políticas linguísticas:
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