Diversidade e ideologias linguísticas no Brasil: análise de um livro didático de língua portuguesa como língua nacional

Autores/as

  • Deise Cristina de Lima Picanço Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palabras clave:

diversidade linguística, ideologias linguísticas, livro didático, subjetividade

Resumen

Discute-se, numa perspectiva glotopolítica, a noção de Ideologias Linguísticas e o tratamento dado à diversidade de línguas em um dos livros de Língua Portuguesa publicados no Brasil por uma editora transnacional. As reflexões fundamentam-se nas noções de agenciamento, língua(gem) e subjetividade. Analisam-se as discussões e os boxes dos capítulos que apresentam os conceitos de língua(gem) conforme diretrizes do edital do Programa Nacional do Livro Didático Esperava-se encontrar a presença de outras línguas — as indígenas, as línguas sagradas afro-brasileiras, as de imigração ou de sinais. Procurou-se compreender o efeito residual do mito do monolinguismo a partir do qual, supõe-se, se instaura o silenciamento sobre a diversidade linguística, que ficou praticamente restrita às explicações sobre variação, tomada como representação metonímica da diversidade.

Referencias

Altmann, H. (2002). Influências do Banco Mundial no projeto educacional brasileiro. Educação e Pesquisa, 28 (1), 77-89.

Arnoux, E. N. de, & Bein, R. (2015). Hacia una historización de las políticas de enseñanza de lenguas. In E. N. de Arnoux & R. Bein (Orgs), Política Lingüística y Enseñanza de Lenguas (pp. 13-50). Biblos.

Arnoux, E. N. de, & Del Valle, J. (2010). Las representaciones ideológicas del lenguaje. Discurso glotopolítico y panhispanismo. Spanish in Context 1 (7), 1-24.

Arnoux, E. N. (2016). La perspectiva glotopolítica en el estudio de los instrumentos lingüísticos: aspectos teóricos y metodológicos, Matraga, 23 (38), 18-42. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/matraga/article/view/20196

Auroux, S. (2009). A revolução tecnológica da gramatização. Contexto. (Trabalho original publicado em 1992.)

Bagno, M. (2010). Gramática pra que te quero? Os conhecimentos linguísticos nos livros didáticos de português. Aymará.

Bairro, G. P. de (2019). Concentração da produção de materiais didáticos no Brasil: as relações editoriais e o oligopólio no PNLD. In Anais XIII ENANPEGE, São Paulo: ANPEGE. http://www.enanpege.ggf.br/2019/site/capa

Bakhtin, M. (2010). Para uma filosofia do ato responsável (V. Miotello & C. A. Faraco, trad). Pedro & João Editores. (Trabalho original publicado em 1926.)

Bakhtin, M. (2016). Os gêneros do discurso. Editora 34. (Trabalho original publicado em 1952-53.)

Banco Mundial – Sector de Educação (2003). World Bank – Guia operacional para libros de texto y material de lectura (G. Arango, trad.). Cerlalc.

Bourdieu, P. (2008). A Economia das Trocas Linguisticas: o que falar quer dizer. Editora da Universidade de São Paulo. (Trabalho original publicado em 1982.)

Bunzen, C. (2005). Livro didático de Língua Portuguesa: um gênero do discurso. Dissertação de Mestrado, Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas.

Brasil (2014). Guia de livros didáticos: PNLD 2015: língua portuguesa: ensino médio. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica.

Brasil (2016). Edital de convocação para o processo de inscrição e avaliação de obras didáticas para o Programa Nacional do Livro Didático PNLD 2018. Ministério da Educação.

Brasil (2017). PNLD 2018: língua portuguesa – guia de livros didáticos, Ensino Médio. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica.

Cassiano, C. C. F. (2007). O mercado do Livro didático no Brasil: da criação do programa do livro didático (PNLD) à entrada do capital internacional espanhol (1985-2007). Tese de Doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Carvalho, J. (2017). Ideologias Linguísticas Sobre O Falante Nativo - Em Um Livro Didático Global De Inglês: recontextualizações sobre o inglês na contemporaneidade nas fricções entre o material didático e uma voz docente. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Choppin, A. (1998). Las políticas de libros escolares en el mundo: perspectiva comparativa e histórica. In P. Siller, J. & V. Radkau García (Coords.), Identidad en el imaginario nacional. Reescritura y enseñanza de la historia (pp. 169-180). ICSH/Universidad Autónoma de Puebla/El Colegio de San Luis y Georg EckertInstitut.

Chaves, E. A. (2019). O livro didático e sua presença em aulas de História: contribuições da etnografia. Educar em Revista, 35 (77), 159-181. https://doi.org/10.1590/0104-4060.68936

Freitag, B. et al. (1987). O Livro Didático em Questão. Cortez.

Filipovic, Z. (2020). Introduction Culture on the move: Towards a minorization of cultural difference. Moderna Språk, 114 (4), 1–15. https://gup.ub.gu.se/file/208200

Guattari, F., & Rolnik, S. (1999). Micropolítica: Cartografias do Desejo. Vozes.

Kroskrity, P. V. (2004). Language Ideologies. In A. Duranti (Org.), A Companion to Linguistic Anthropology (pp. 496-517). Blackwell.

Luchesi, D. (2015). Língua e sociedade partidas. A polarização sociolinguistica do Brasil. Contexto.

Mattos e Silva, R. V. (2004). Ensaios para uma sócio-história do português brasileiro. Parábola.

Melo, M. A., & Costa, N. M. (2015). Livros didáticos de língua portuguesa para o ensino médio e a inserção da literatura afro-brasileira. Contexto, 27, 191-217. https://periodicos.ufes.br/contexto/article/view/10420

Milroy, J. (2011). Ideologias linguísticas e as consequências da padronização (M. Bagno, trad.). In X. C. Lagares & M. Bagno (Orgs.), Políticas da norma e conflitos linguísticos (pp. 49-87). Parábola.

Nascimento, I. A. A., & Oliveira, A. F. O. (2017). As variedades linguísticas no livro didático Português – linguagens: uma abordagem sociolinguística. Letrônica, 10 (1), 336-349. https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/letronica/article/view/24974

Português – Contexto, Interlocução e Sentido [PCIS/16.] (2016) (3a ed.). Moderna.

Picanço, D. C. L. (2019). Interfaces entre políticas linguísticas e educacionais: estudos em Linguística Aplicada sobre livros didáticos de língua portuguesa do PNLD. In M. C. Venturini, L. Loregian-Penkal & D. G. Witzel. (Org.). Linguística e suas interfaces na contemporaneidade (pp. 303-324). Pontes.

Picanço, D. C. L. (2020). Perspectivas contemporâneas de pesquisa em linguagem: processos de subjetivação, ideologias e instrumentos linguísticos. In J. C. Gonçalves, M. Garanhani & M. B. Gonçalves. (Orgs.). Linguagem, Corpo e Estética na Educação (pp. 109-124). Hucitec.

Picanço, D. C. L. (2021). Diversidade Linguística e cultural nos livros didáticos. In A. F. Silva Junior (Org.). Conversas sobre ensino de línguas durante a pandemia (pp. 203 – 219). Pimenta Cultural.

Silva, M. A. (2012). A fetichização do livro didático no Brasil. Educação e Realidade, 37 (3), 803-821.

Silva, M. R. (2015). Currículo, ensino médio e BNCC. Um cenário de disputas. Revista Retratos da Escola, 9 (17), 367-379.

Silva Jr, L. D. & Costa-Maciel, D. A. G. (2019). O que propõe o livro didático de Língua Portuguesa quando didatiza o gênero Artigo de Opinião? Investigações da obra “Português: contexto, interlocução e sentido”. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, 19 (3), 733-760. https://doi.org/10.1590/1984-6398201913090

Soares, L. B., & Miranda, L. L. (2009). Produzir subjetividades: o que significa? Estudos e Pesquisas em Psicologia, 9, 408-424.

Thompson, J. (2011). Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa (9a ed). Vozes.

Tosi, C. (2019). Escritos para enseñar. Los Libros de texto en el aula. Paidós Educación.

Volóchinov, V. (2017). Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem (S. Grillo, trad.). Editora 34. (Trabalho original publicado em 1929.)

Descargas

Publicado

2022-12-28

Número

Sección

Dossier: Glotopolítica no contexto brasileiro