REVISITANDO A IDENTIDADE NACIONAL: RAÇA, GEOGRAFIA E TERRITÓRIOS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO

Autores/as

  • Paulo Alberto dos Santos Vieira Universidade do Estado de Mato Grosso
  • Priscila Martins Medeiros Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Resumen

As dimensões territoriais sempre foram densos componentes para os debates no âmbito da geografia e das ciências sociais. Em determinadas abordagens, como as do determinismo geográfico, relevo, clima e temperatura eram apresentadas como as de maior importância para o debate geográfico influenciando o pensamento social. De outro lado, um movimento de renovação teoria e metodológica ocorrida na geografia já a partir de fins do século XIX trouxe para o campo das reflexões críticas outras abordagens com as quais se pôde redimensionar a temática do território, engendrando possibilidades de superar as noções, largamente utilizadas até então, físicas associadas ao emblema território. Este redimensionamento possibilita, por exemplo, que no Brasil contemporâneo os debates que retomam o tema da identidade nacional também possam mobilizar categorias geográficas sob novas orientações. Neste Brasil contemporâneo, a geografia e o território são centrais para se problematizar, por exemplo, a questão da identidade nacional. Se em fins do século XIX e início do século XX, por exemplo, este território não daria suporte ao surgimento de uma nação, nota–se que por quase todo o século XX este mesmo território é imaginado como contínuo e homogêneo. Esta síntese permitiu a construção (no interior das relações sociais, da ideologia, da cultura e das condições materiais) de crenças baseadas na inexistência de assimetrias raciais no interior da nação, balizada pela dimensão do território nacional. Este raciocínio estava na base de uma síntese cultural que, reconhecendo sua miscigenação, afirmava não haver desigualdades baseadas na raça diferentemente de outras sociedades e territórios constituídos diasporicamente. Neste sentido, a experiência da diáspora negra no Brasil tem permitido por um lado, a reconstituição das dimensões físicas do território, como é o caso das comunidades negras remanescentes de quilombolas; e, por outro, o aprofundamento de questões em torno da identidade nacional. Este trabalho tem por objetivo demonstrar que no Brasil contemporâneo, há um amplo conjunto de reflexões críticas capazes de interrogar a clássica forma de organização do Estado Nacional (um povo, um território e uma nação) e que contribuem para reflexões em torno da diáspora negra nas Américas (em especial no Brasil) problematizadoras da homogênea identidade nacional. Estas críticas como, por exemplo, a experiência diaspórica nas Américas e no Brasil, tendem a redefinir noções de pertenças territoriais, bem como permitem a lançar a hipótese da elaboração de “novos” contornos explicativos para as identidades nacionais.

Biografía del autor/a

  • Paulo Alberto dos Santos Vieira, Universidade do Estado de Mato Grosso

    Professor do Programa de Pós–graduação em Educação da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Brasil. Coordenador do Núcleo de Estudos sobre Educação, Gênero, Raça e Alteridade (NEGRA). Líder do Grupo de Pesquisa sobre Ação Afirmativa e Temas da Educação Básica e Superior (GRAFITE). Correio eletrônico: vieirapas@yahoo.com.br

  • Priscila Martins Medeiros, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

    Professora e atual coordenadora do Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Brasil. Correio eletrônico: medeiros.ufms@gmail.com

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Publicado

2017-10-01

Número

Sección

Artículos