As anáforas nominais em textos teórico-opinativos: um estudo sob a ótica do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD)

Authors

  • Maria Bernadete Rehfeld Universidade Federal de Minas Gerais

Abstract

Este trabalho tem por tema a construção de cadeias nominais anafóricas por concluintes do Ensino Médio em textos teórico-opinativos, em sua modalidade escrita. Adota a concepção interacionista sociodiscursiva de linguagem, língua e texto. Ancora-se nos pressupostos teóricos de Lewis (1997), que propõe o ensino de línguas pela Abordagem Lexical, de Ferraz (2010), que defende o ensino do léxico pelo desenvolvimento da competência lexical e de Bronckart (1999), de quem incorpora o quadro teórico do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD). O interesse pelo estudo das anáforas nominais deve-se ao fato de elas mobilizarem saberes diversos – conhecimentos linguísticos e extralinguísticos – e relacionarem-se com o tipo de discurso. As expressões anafóricas foram subagrupadas em correferenciais e não correferenciais. No primeiro grupo, incluem-se aquelas construídas por repetição lexical, sinônimo, hiperônimo, hipônimo, descrição definida e encapsulamento, por meio de nome genérico e nominalização; no segundo, as por nome metalinguístico, merônimo e associação semântica. O corpus da pesquisa, constituído de textos empíricos produzidos por candidatos ao vestibular de uma universidade privada de Belo Horizonte, foram analisados conforme três subconjuntos de observáveis propostos por Bronckart (1999) – observáveis de ordem semântica, léxico-sintática e paralinguística. Os dados obtidos evidenciam a predominância do uso da repetição lexical, dos sinônimos e dos nomes genéricos, entre as anáforas correferenciais, e a dos merônimos, entre as não correferenciais, apontando para a necessidade de um trabalho explícito e sistemático, durante o Ensino Médio, com os demais recursos, por envolverem saberes específicos, o que demanda do professor ações pontuais com eles.

References

Antunes, I. (2012). Território das palavras. São Paulo, SP: Parábola.

Bronckart, J. P. (1999) Atividade de linguagem, textos e discursos: Por um interacionismo sociodiscursivo (A. R. Machado, Trad.). São Paulo: EDUC.

Cavalcante, M. M. (2003). Expressões referenciais: Uma proposta classificatória. Cadernos de Estudos Linguísticos, 44, pp. 105-118. Disponível em: revistas.iel.unicamp.br.

___________________, Filho, V. C. & Brito, M. A. P. (2014). Coerência, referenciação e ensino. São Paulo: Contexto.

Ferraz, A. P. (2010). El desarrollo de la competencia léxica desde el uso de material auténtico en la enseñanza de PLE. Congreso Internacional de Lingüística General, 9, Valladolid. Actas del Congreso, Valladolid: Universidad de Valladolid (pp. 1846-1859).

Glaser, B. G., & Strauss, A. L. (1967). The discovery of grounded theory: Strategies for qualitative research. New Brunswich: Aldine Plublishing Company.

Günther, H. (2006). Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa. Psicologia: Teoria e pesquisa, 22(2), pp. 201-210.

Jubran, C. A. S. (2003). O discurso como objeto de discurso em expressões nominais anafóricas. Cadernos de Estudos Linguísticos, 44, pp. 93-104. Disponível em: revistas.iel.unicamp.br.

Koch, I. V. (2004). Sobre a seleção do núcleo das formas nominais anafóricas na progressão referencial. In L. Negri, M. J. Foltran & R. P. Oliveira (Orgs.) Sentido e significação: Em torno da obra de Rodolfo Ilari (pp. 244-262). São Paulo: Contexto.

__________. (2009). Introdução à Linguística Textual (2. ed.). São Paulo: WMF Martins Fontes.

Lewis, M. (1997). The lexical approach: The state of ELT and a forward. Hove: Language Teaching Publications.

Marcuschi, L. A. (2004). O léxico: lista, rede ou cognição social? In L. Negri, M. J. Foltran & R. P. Oliveira (Orgs.), Sentido e significação: em torno da obra de Rodolfo Ilari (pp. 263-284). São Paulo: Contexto.

_________________. (2005) Anáfora indireta: O barco textual e suas âncoras. In I. V. Koch, E. M. Morato & A. C. Bentes (Orgs.), Referenciação e discurso (pp. 53-101). São Paulo: Contexto.

Zamponi, G. (2003). Processos de referenciação: Anáforas associativas e nominalizações. Tese (doutorado). Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem. Campinas: SP. Disponível em: https://www.bibliotecadigital.unicamp.br.

Downloads

Published

2018-12-03

Issue

Section

Volumen 2