Revista de Educación en Biología, Vol. 27, Nº 1, Enero 2024 | Página 1
Artículos
Estado do conhecimento sobre educação ambiental e educação em saúde
no contexto da formação de professores
State of Knowledge on Environmental Education and Health Education in
the Context of Teacher Education
Estado del conocimiento sobre educación ambiental y educación para la
salud en el contexto de la formación docente
Isaac Cirqueira Lopes1, Valéria Ghisloti Iared2, Tiago Venturi3
1,2,3Universidade Federal do Paraná. Paraná, Brasil.
1isaaclopes@ufpr.br; 2valeria.iared@ufpr.br; 3tiago.venturi@ufpr.br
Recibido 14/03/2023 – Aceptado 22/09/2023
Resumo
A educação ambiental e educação em saúde constituem-se campos de estudos e
práticas que podem contribuir com a formação de professores e, consequentemente, com
a formação de cidadãos mais críticos e reexivos. O objetivo deste estudo é mapear, em
artigos cientícos, o estado do conhecimento sobre educação ambiental e educação em
saúde no contexto da formação de professores. Foram incluídos cinco artigos para o estudo.
Dos artigos analisados, apenas um foi realizado no Brasil, o que demonstra que poucos
autores nacionais se dedicaram a investigar essa temática, além de uma concentração
temporal de publicação, na grande maioria dos artigos, em período recente: 2018 a 2021.
A quantidade de artigos localizados neste recorte estabelecido foi proporcionalmente baixa
em relação a cada um dos temas pesquisados, isoladamente.
Palavras-chave: Revisão de escopo; Revisão bibliográca; Levantamento
bibliográco; Pesquisa bibliográca.
Abstract
Environmental education and health education constitute elds of studies and
practices that can contribute to the training of teachers and, consequently, to the formation
of more critical and reective citizens. The objective of this study is to map the state of
knowledge, in scientic articles, on environmental education and health education in the
Para citar este artículo:
Cirqueira Lopes, I., Ghisloti Iared, V. y Venturi, T. (2024). Estado do conhecimento sobre educação
ambiental e educação em saúde no contexto da formação de professores. Revista de Educación
en Biología, 27(1).
https://doi.org/10.59524/2344-9225.v27.n1.40616
Creative Commos 4.0 Internacional (Atribución-No Comercial-Compartir igual)
a menos que se indique lo contrario
Página 2 | Revista de Educación en Biología, Vol. 27, Nº 1, Enero 2024
Artículos
context of teacher training. To understand the state of knowledge in this study, the scoping
review methodology proposed by the Joanna Briggs Institute was used. A search strategy
was applied in the CAPES Periódicos, Scielo and Web of Science databases and 5 articles
were included for the study. The number of articles located in this established clipping was
proportionally low in relation to each of the researched themes, separately.
Keywords: State of Knowledge; Literature Review; Bibliographic Survey;
Bibliographic Research
Resumen
La relevancia de la formación docente va más allá de los límites de las instituciones
educativas, abarcando diferentes sectores sociales. De esta forma, la formación docente
y las instituciones educativas necesitan estar correctamente alineadas con los intereses
sociales, a partir de la situación empírica y de las políticas públicas educativas (Ferreira e
Campos, 2022).
Para Araújo et al. (2020), el término políticas públicas se relaciona con los múltiples
campos de acción del Estado. Así, la formación docente es organizada, legalmente, por el
Estado brasileño y realizada por los sistemas de educación pública y privada del país. La
formación continua docente mantiene su organización legal en virtud de la Resolución CNE/
CP 1, de 27 de octubre de 2020, Base Nacional de Formación Docente (BNC-Formación)
y su denición aparece en el artículo 4º de este documento como
[…] componente esencial de su profesionalización, en la condición de agentes
formadores de saberes y culturas, así como orientar a sus alumnos en los caminos de
aprendizaje, para la constitución de competencias, apuntando al desempeño complejo de
su práctica social y calicación para el trabajo (Ministério da Educação, Brasil, 2020).
De esta forma, y a pesar de los temores y críticas suscitadas contra el BNC-Formación
(Rodrigues et al., 2020), se reconoce que el poder público desarrolla sus políticas públicas
a través de instituciones que, en el caso de la formación docente, tales instituciones son
representadas por las universidades. Sin embargo, para Nóvoa (2022), ni la universidad,
en esta articulación, tiene como objetivo principal la formación inicial de los docentes, ni
las escuelas con formación continua brindan una formación docente adecuada para el siglo
XXI.
El nuevo acercamiento de los profesores que actúan en la red docente a la universidad
es una posibilidad de formar colectivos que puedan aportar experiencias profesionales y
construcción de saberes pertinentes. Sobre eso, Nóvoa (2022) expresa la importancia
de las universidades como lugar de formación permanente, lo que podemos denominar
espacio-tiempo formativo. Las universidades tendrían el tradicional papel de formación
inicial y de actualización de esta formación.
Revista de Educación en Biología, Vol. 27, Nº 1, Enero 2024 | Página 3
Artículos
Al considerar la constante necesidad de formación en la actividad docente, se
espera que esos conocimientos sean actuales e integrados, es decir, transdisciplinarios: “la
transdisciplinariedad sería el reconocimiento de la interdependencia entre varios aspectos
de la realidad” (Oliveira, 1999, p. 54). En este momento histórico, de cambio climático,
pandemias, graves problemas socioambientales, nada más actual que buscar estrategias
formativas hacia nuevas formas de relacionarnos con el medio ambiente y la salud.
Es precisamente en este contexto que la educación ambiental y la educación en
salud se erigen como pilares fundamentales en la construcción de sociedades sostenibles y
conscientes. La educación ambiental no sólo se centra en comprender los desafíos ecológicos,
sino que también promueve la empatía por otras formas de vida en el planeta, cultivando
un sentido de responsabilidad global. Por otro lado, la educación en salud trasciende la
mera instrucción médica, se necesita una perspectiva holística de la salud, entrelazada
con una comprensión de cómo nuestras acciones individuales impactan al mundo. En un
mundo caracterizado por desafíos ambientales y de salud cada vez más complejos, las
habilidades de pensamiento crítico se convierten en un recurso invaluable, que no solo
se centra en el conocimiento, sino que también inspira un compromiso continuo con la
superación personal y la construcción de un mundo más armonioso y saludable.
Considerando las ideas expuestas, el objetivo de este estudio es mapear el estado
del conocimiento sobre educación ambiental y educación para la salud en el contexto de
la formación de docentes, a través de una revisión de alcance (scoping review) como
estrategia de levantamiento de evidencias cientícas.
Educação ambiental e educação em saúde: fundamentos iniciais
É importante que as atividades de educação ambiental escolares proporcionem
a imersão corporal nas áreas verdes e rios urbanos, nos quintais das escolas, casas,
zoológicos e jardins botânicos, de forma a compreender as relações entre indivíduo -
sociedade - natureza (Iared e Oliveira, 2017).
A educação ambiental é conteúdo permanente em todas as etapas, níveis e
modalidades da educação nacional. Na prática escolar, a educação ambiental pode ser
trabalhada de forma inter, multi ou transdisciplinar. Para Branco et al. (2018), essas práticas
ainda estão distantes da presença efetiva nas escolas e da formação de professores.
Por sua vez, a educação em saúde também tem perl multidisciplinar, com diversidade
de posicionamento político-losóco, que integra Saúde e Educação (Schall e Struchiner,
1999). Conhecimentos sobre saúde são fundamentais para a qualidade de vida individual
e da coletividade (Iaochite et al., 2021).
Na concepção de Venturi (2018, p. 29):
[...] sob uma perspectiva pedagógica [grifo do autor] é centrada na construção
de conhecimentos sobre o tema da saúde e tem o objetivo de ensinar conhecimentos
através da reexão e do pensamento autônomo, de forma a promover no aluno inter-
relações cognitivas entre os diversos conhecimentos envolvidos nas decisões acerca da
Página 4 | Revista de Educación en Biología, Vol. 27, Nº 1, Enero 2024
Artículos
saúde individual e coletiva. Esta abordagem diverge da mera transmissão de informações
com objetivos de mudança de comportamentos, característicos da ES tradicional.
Sendo a educação ambiental e a educação em saúde temas contemporâneos e de
relevância social, é importante que sejam compartilhados no contexto escolar, conforme
preconizado pelas articulações propostas. Segundo esse apontamento, justicamos nossa
defesa para a formação de professores em educação ambiental e educação em saúde, seja
por meio das formações continuadas de professores ou para a formação inicial. Entretanto,
educação ambiental e educação em saúde raramente encontram-se em diálogos e
articulações teóricas ou práticas de alcance ao contexto escolar (Mohr e Schall, 1992;
Venturi e Iared, 2022), motivo pelo qual questionamo-nos: como as investigações vêm
relacionando a educação ambiental e a educação em saúde no contexto da formação de
professores? Para responder à questão de pesquisa, a m de atender ao objetivo deste
estudo, foi empregado o percurso metodológico apresentado a seguir.
Percurso metodológico
Considerando a questão de pesquisa deste trabalho, optamos pela abordagem
qualitativa. Para Magalhães Júnior e Batista (2021), pesquisas com essa abordagem não
são traduzidas somente em dados quantitativos e estatísticos, mas apontam tendências
para futuras investigações, por meio de aprofundamentos teóricos e interpretações. Ainda,
no contexto da questão de pesquisa deste estudo, elegemos a tipologia de pesquisa
designada como estado do conhecimento, uma vez que este estudo objetiva conhecer,
segundo o recorte temático denido, os vieses, conteúdos em questões que têm sido
enfocados nas pesquisas da área, bem como realizar a identicação, síntese, categorização
dos estudos pesquisados, possibilitando, assim, a estipulação de perspectivas e lacunas
ainda não abordadas (Kohls-Santos e Morosini, 2021).
Logo, como estratégia para localizar e categorizar os estudos de acordo com o recorte
temático estabelecido, nos baseamos na revisão de escopo, segundo recomendações do
Joanna Briggs Institute (JBI), Reviewers Manual 2020 (Peters et al., 2020) e protocolo de
revisão de escopo segundo Lopes et al. (2023).
Critérios de elegibilidade: 1ª e 2ª etapas
Foram denidos critérios para elegibilidade e exclusão dos artigos retornados
conforme a aplicação dos procedimentos de busca nas bases de dados selecionadas.
Apontamos que esses critérios foram aplicados após a leitura do título e do resumo dos
artigos. Assim, estabelecemos critérios de inclusão e exclusão, em duas etapas. Na primeira
etapa, foram lidos os títulos e resumos dos artigos, enquanto, na segunda etapa, foram
lidos os artigos na íntegra.
Denimos que, para inclusão dos artigos, estes deveriam apresentar conteúdo
relativo à educação ambiental e educação em saúde no contexto da formação de professores.
Revista de Educación en Biología, Vol. 27, Nº 1, Enero 2024 | Página 5
Artículos
Quanto aos critérios de exclusão, adotamos as seguintes especicações: artigos redigidos
em idiomas diferentes do Português, Espanhol e Inglês; artigos que não estivessem
disponíveis, na íntegra, no momento da busca nas bases de dados e artigos secundários.
Estratégia de busca
Foram selecionadas três bases de dados para essa revisão de escopo, por
considerarmos as suas abrangências signicativas para responder à questão de pesquisa:
Capes Periódicos, Scielo e Web of Science. A Tabela 1 sintetiza essas informações.
Tabela 1 - Estratégia de Busca conduzida em novembro de 2022
Resultados
Após a estratégia de busca nas bases de dados selecionadas, identicamos o
seguinte resultado: Capes Periódicos, 35 artigos; Scielo, um artigo; Web of Science, oito
artigos, totalizando 44 artigos na etapa de identicação das evidências.
Após essa etapa, foram lidos os títulos e resumos de todos os artigos, conforme os
critérios de inclusão e exclusão, resultando na exclusão de 36 artigos, pelo fato de não se
enquadrarem no critério de inclusão estabelecido, ou seja, artigos que estão relacionados
à educação ambiental e educação em saúde no contexto da formação de professores.
Assim, procedemos à aplicação da segunda etapa da elegibilidade dos artigos, após
a leitura, na íntegra, de oito artigos. Esse processo demonstrou que três artigos também
não estavam relacionados ao critério de inclusão estabelecido.
Dessa forma, ao nal da segunda etapa da aplicação dos critérios de elegibilidade,
restaram cinco artigos, conforme Tabela 2, que destaca, além dos códigos atribuídos a
cada artigo, ano, autores e título dos artigos incluídos. Foram aplicados códigos para cada
artigo, com a nalidade de facilitar a sumarização dos mesmos.
Página 6 | Revista de Educación en Biología, Vol. 27, Nº 1, Enero 2024
Artículos
Tabela 2 - lista de estudos incluídos neste estudo de revisão de escopo com os títulos dos trabalhos de acordo
com o idioma em que estão publicados.
Na sequência, apresentamos a análise com base nos estudos incluídos nesta revisão
de escopo, conforme as categorias emergentes que surgiram no decorrer das leituras,
com base no objetivo deste trabalho e metodologia de revisão de escopo. As categorias
de análise emergentes foram: (a) objetivo dos estudos e foco dos estudos analisados; (b)
principais resultados e recomendações dos trabalhos.
Discussão
Com a realização deste estudo, pretendemos mapear, nos artigos resultantes das
etapas da pesquisa, o estado do conhecimento sobre a educação ambiental e a educação
em saúde, no contexto da formação de professores. Essa vertente de análise está vinculada
à nossa concordância com Venturi e Iared (2022), que reconhecem a necessidade de
conceber a educação em saúde e educação ambiental de forma contextualizada e integrada
com a realidade e com os sujeitos no processo educativo.
Dos artigos analisados, apenas um foi realizado no Brasil, o que demonstra que
poucos autores nacionais têm se dedicado a investigar essa temática, além de uma
concentração temporal de publicação, na grande maioria, em período recente: 2018 a
2021. Apenas um artigo estava fora desse recorte temporal (A3), visto que foi publicado
em 2007, o que demonstra a recente e escassa atenção para a relação entre esses temas.
Na sequência, discorremos sobre as categorias de análise estabelecidas: (a) objetivo dos
estudos e foco dos estudos analisados; (b) principais resultados e recomendações dos
trabalhos.
Revista de Educación en Biología, Vol. 27, Nº 1, Enero 2024 | Página 7
Artículos
Objetivos e foco dos estudos
Quanto aos objetivos e focos dos cinco artigos selecionados, observamos uma
variedade quanto aos objetos de estudo. A Tabela 3 lista o objetivo e respectivo foco de
cada artigo selecionado.
Tabela 3 - Lista dos objetivos dos estudos incluídos
Os objetivos dos artigos A1, A3 e A5 remetem a resultados de pesquisas empíricas.
Diferem A1 e A3 de A5, pois tiveram seus dados coletados com foco relacionado à atividade
de formação continuada de professores. Enquanto A1 se propôs a investigar a ecácia de
uma palestra proferida a docentes em formação continuada, a autora de A3 estudou um
grupo de professores em dois programas de formação continuada. A proposta do artigo
A5 teve foco em docentes da escola pública localizada em Xerém (RJ), com objetivo de
apresentar as percepções desses docentes sobre os temas saúde e ambiente.
O artigo A2 investigou a caracterização de outras abordagens didáticas para
os espaços curriculares de biologia. Nesse contexto, a proposta daqueles autores visa
contribuir com diferentes possibilidades para a seleção de conteúdos e atividades para o
currículo da disciplina de biologia.
Ainda, diferente do foco dos demais artigos que compõem o corpus do presente
estudo, A4 objetivou demonstrar a ecácia de uma política pública denominada educação
em ecosaúde, introduzida na formação de professores. Nesse contexto, destaca-se o papel
Página 8 | Revista de Educación en Biología, Vol. 27, Nº 1, Enero 2024
Artículos
do professor enquanto sujeito que tem a própria perspectiva subjetiva da sua prática e da
experiência em exercício, considerando elementos metodológicos e didáticos; dessa forma,
tais pesquisas podem contribuir para fundamentação de aspectos ontoepistemológicos do
ensino (Souza, 2022).
Resultados e recomendações dos estudos
Na sequência, a Tabela 4 lista e discute os principais resultados e recomendações
dos artigos incluídos neste estudo.
Tabela 4 - Compilação dos principais resultados e recomendações dos artigos incluídos
Sugeriram diversas estratégias pedagógicas como: formação continuada presencial
e à distância, ocinas, acompanhamentos pedagógicos e disposição de materiais educativos
em plataformas virtuais.
Revista de Educación en Biología, Vol. 27, Nº 1, Enero 2024 | Página 9
Artículos
Nesta categoria, “Resultados e recomendações dos estudos”, os resultados dos
artigos A1 e A3 apontaram para a importância da relação dos conhecimentos teóricos e
práticos dos docentes, além da valorização das suas concepções, valores, atitudes, crenças
e descrenças como fatores importantes para suas práticas prossionais. Sob esse ponto de
vista, Lidoino et al. (2020), apresenta o processo de ensino em duas relações distintas: de
um lado, as atividades didáticas e as experiências dos professores e, do outro, esquemas
e conjecturas dos alunos.
Assim também, Venturi e Mohr (2021a), sustentam que resquícios do passado
na educação em saúde, no âmbito escolar, e desses resquícios decorrem problemas como
falta de crítica e superação de práticas ultrapassadas. Semelhantemente, para o campo da
educação em saúde, Carneiro et al. (2020) propõe a necessidade da superação da visão
simplista sobre o ambiente por parte dos estudantes, adotando-se iniciativas pedagógicas
em que há o incentivo à reexão e pesquisa.
Como recomendação, o artigo A5 destaca a importância da formação continuada
de professores de forma presencial e a distância, o que é recomendado para o campo da
educação em saúde, no artigo de Venturi e Mohr (2021b). Nesse ponto, Iared et al. (2022)
defendem, inclusive, uma educação ambiental afetiva, que supere a escassez de diálogo
na construção curricular e na formação de professores.
A proposta do artigo A2 tem o objetivo de realizar contribuição teórica e, para tanto,
apresenta oito concepções distintas de abordagem para o ensino da biologia. Esclarecem
que a abordagem, no contexto do estudo, trata-se da perspectiva á qual os conteúdos são
abordados com determinados objetivos didáticos. Nesse artigo, postula-se que a educação
ambiental, na atualidade, tem um espectro teórico que tem características de propósitos
propedêuticos, incluso o ativismo ambiental.
Educação em saúde consta entre as oito abordagens destacadas no artigo A2.
Os autores indicam que essa abordagem prioriza o desenvolvimento de conhecimentos,
habilidades e atitudes que transformem as pessoas em protagonistas e promotoras de
comportamentos saudáveis. Esse tipo de abordagem vai de encontro ao comportamentalismo,
que surgiu a partir dos anos 1950, e que foi incentivado por uma legislação especíca,
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) 5692/1971 (Fávero et al., 2013). Essa
abordagem tem sido alvo de críticas por diversas razões, por exemplo, por não levar em
conta as capacidades cognitivas, emocionais, sociais e subjetivas do indivíduo, ou seja, um
reducionismo da relação do ser com o mundo e em que considera os estímulos externos
como impulsionadores principais das atitudes humanas. Assim, diferente do proposto pela
abordagem comportamentalista, o ensino de Biologia, no sentido destacado no artigo A2,
“requer uma leitura crítica e aprofundada dos contextos socioculturais e institucionais
para a construção de propostas contextualizadas de ES, fruto de uma postura reexiva
(Bermudez e Occelli, 2020, p. 142, grifo nosso).
Assim, concluem que as diferentes abordagens a cada conteúdo do ensino de
Biologia podem assumir diferentes dimensões no aprendizado. Por m, o artigo A4 conclui
que a educação em Ecosaúde pode contribuir para a melhora da qualidade da educação
Página 10 | Revista de Educación en Biología, Vol. 27, Nº 1, Enero 2024
Artículos
em saúde e educação ambiental em geral. Para isso, a implementação dessa ecosaúde nas
questões de saúde e ambiente, segundo o artigo, exige alguns desaos, como: promover
pesquisas em saúde pública; envolver a comunidade em compartilhamento de seus
problemas; fortalecer a metodologia participativa para a saúde e meio ambiente; formar
professores capacitados para implementar a educação em Ecosaúde. Como recomendação,
o artigo destaca a importância de realizar mais pesquisas com a nalidade de investigar a
qualidade do ensino em Ecosaúde. Entretanto, apontamos que o artigo em tela vincula as
pesquisas em educação ambiental e em educação em saúde ao campo da saúde pública,
o qual não se ocupa de estudar estratégias didático-pedagógicas para a educação básica e
formação de professores.
Considerações nais
O presente estudo teve como objetivo mapear o estado do conhecimento sobre a
educação ambiental e a educação em saúde, no contexto da formação de professores. Em
síntese, a quantidade de artigos localizados neste recorte estabelecido foi proporcionalmente
baixa em relação a cada um dos temas isoladamente: educação ambiental, educação em
saúde e formação de professores. É importante destacar que, apenas um dos cinco artigos
incluídos na pesquisa foi publicado no Brasil. Isso pode indicar uma lacuna de pesquisa
dada a relevância desses temas.
A análise do estado do conhecimento, proporcionada pela leitura desses estudos,
permite-nos apontar que os docentes participantes das pesquisas consideraram relevante
a relação dos conhecimentos teóricos com os práticos. Sob outro aspecto, houve pesquisa
que apontava para a conservação de pensamentos simplistas em relação ao ambiente e
saúde por parte dos docentes. Com base nessa dissonância que emergiu dos resultados,
depreendemos a importância de incluir, na formação continuada de professores, a
educação ambiental e a educação em saúde, visando que, conforme preconizam Venturi e
Iared (2022), a formação docente, enriquecida pela educação ambiental e a educação em
saúde, além de considerar o contexto ambiental, social e cultural de cada indivíduo, possa,
também, incluir aspectos físicos, afetivos, cognitivos e corporais individuais, acarretando
benefícios não apenas ao contexto educacional, mas também à comunidade de modo
geral, estabelecendo diálogos entre diferentes tipos de conhecimentos.
Por m, estudos futuros sobre os temas abordados neste artigo são recomendados
para que se aprofunde a discussão entre a articulação entre educação ambiental, educação
em saúde e formação de professores.
Nota
Que es un trabajo original, y que no posee ningún conicto de interés producto de
la relación con un tercero, con cualquier tipo de institución o asociación, en relación con lo
divulgado en el artículo.
Revista de Educación en Biología, Vol. 27, Nº 1, Enero 2024 | Página 11
Artículos
Creative Commos 4.0 Internacional (Atribución-No Comercial-Compartir igual)
a menos que se indique lo contrario
Referências
Araújo, D.S., Brzezinski, I. e Sá, H.G.M. de. (2020). Políticas públicas para formação de
professores: Entre conquistas, retrocessos e resistências. Revista de Educação Pública,
29, 1-16. https://doi.org/10.29286/rep.v29ijan/dez.9912
Azevedo, M.-M. e Duarte, S. (2018). Continuous Enhancement of Science Teachers’
Knowledge and Skills through Scientic Lecturing. Frontiers In Public Health, 6,1-12.
https://doi.org/10.3389/fpubh.2018.00041
Bermudez, G.M.A. e Occelli, M. (2020). Approaches to teaching Biology: A look at the
contents. Didactica de las Ciencias Experimentales y Sociales, 39, 135–148. https://doi.
org/10.7203/DCES.39.16854
Bonotto, D.M.B. (2007). Environmental education and the health risk question: How do we
educate the educators working with this theme? In: C. Brebbia (Org.), Environmental
Health Risk IV (Vol. 11, pp. 219–228). Wit Press/Computational Mechanics Publications.
https://doi.org/10.2495/EHR070231
Branco, E.P., Royer, M.R. e Branco, A.B. de G. (2018). A Abordagem da Educação Ambiental
nos PCNS, nas DCNS e na BNCC. Nuances: estudos sobre Educação, 29(1), 185-203.
https://doi.org/10.32930/nuances.v29i1.5526
Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação Conselho Pleno. Brasil. (2020).
Resolução CNE/CP 1, de 27 de outubro de 2020. Dispõe sobre as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica e institui a
Base Nacional Comum para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica
(BNC-Formação Continuada). Brasília: Ministério da Educação. Ministério da Educação.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm
Despacho normativo n.o 7/2009 do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior:
Estatutos do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. (2009). Diário da República n.o
26, Série II de 06-02- 2009. http://www.ipvc.pt/sites/default/les/estatutos_ipvc.pdf
Carneiro, D.O., Oliveira, C.R.M. de, Oliveira, J.B.A. de e Santos, C.S. dos. (2020). Educação
ambiental escolar: Percepções, pertencimento e práticas pedagógicas de professoras
da Educação do Campo. Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, 3(4),
3759–3770. https://doi.org/10.34188/bjaerv3n4-077
Fávero, A.A., Tonieto, C. e Roman, M.F. (2013). A formação de Professores Reexivos:
A docência como objeto de investigação. Educação, 36(1), 277–287. https://doi.
org/10.5902/198464445483
Ferreira, J. de L. e Campos, M.A.T. (2022). Educação ambiental na formação de professores:
Um estado da arte das pesquisas no contexto brasileiro. Em J.B. Silva e M.A.T. Campos
(Orgs.), Educação ambiental: Estudos de revisão do campo no Brasil (pp. 13–28). Appris.
Iaochite, R.T., Lima Júnior, E.J. de e Pedersen, S.A. (2021). A educação em saúde e a BNCC
em tempos de pandemia. Revista da Faculdade de Educação, 35(1), 15–33. https://doi.
org/10.30681/21787476.2021.35.1533
Iared, V.G. Ferreira, A.C. e Hofstatter, L.J.V. (2022). Por mais experiências estéticas da
natureza em escolas públicas de educação básica. Educar em Revista, 38, e78109.
https://doi.org/10.1590/1984-0411.78109
Iared, V.G. e Oliveira, H.T.D. (2017). Walking ethnography for the comprehension of corporal
Página 12 | Revista de Educación en Biología, Vol. 27, Nº 1, Enero 2024
Artículos
and multisensorial interactions in environmental education. Ambiente & Sociedade,
20(3), 97–114. https://doi.org/10.1590/1809-4422asoc174r1v2032017
Kohls-Santos, P. e Morosini, M.C. (2021). O revisitar da metodologia do Estado do
Conhecimento para além de uma Revisão Bibliográca. Revista Panorâmica online,
33, 1–23. https://periodicoscienticos.ufmt.br/revistapanoramica/index.php/
revistapanoramica/article/view/1318
Lidoino, A.C.P., Santos, D.M. dos e Reis, G. de A. (2020). Reexões sobre a formação
continuada de professores na contemporaneidade. Research, Society and Development,
9(9), 1–12. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i9.6473
Lopes, I.C., Venturi, T. e Iared, V.G. (2023). Educação ambiental e Educação em saúde no
contexto da formação de professores: Protocolo de revisão de escopo. Research, Society
and Development, 12(1), e15112139714. https://doi.org/10.33448/rsd-v12i1.39714
Magalhães Júnior, C. e Batista, M. (Orgs.). (2021). Metodologia da Pesquisa em Educação
e Ensino de Ciências. Gráca e Editora Massoni.
Mohr, A. e Schall, V.T. (1992). Rumos da educação em saúde no Brasil e sua relação com a
educação ambiental. Cadernos de Saúde Pública, 8, 199–203. https://doi.org/10.1590/
S0102-311X1992000200012
Nóvoa, A. (2022). Escolas e Professores Proteger, Transformar, Valorizar. SEC/IAT.
Oliveira, I. de. (1999). Educação interdisciplinariedade e transdisciplinariedade. Revista
Educação em Debate, 2(38), 50–54. http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/14407
Pereira, G.D. e Mello-Silva, C.C. (2021). Promoção da saúde única: Concepções e
percepções sobre ambiente e saúde de professores de uma escola pública em Xerém.
Sustinere, 9(1), 184-205. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/
article/view/52561/38566
Peters, M.D., Godfrey, C., McInerney, P., Munn, Z., Tricco, A.C. e Khalil, H. (2020). Chapter
11: scoping reviews. JBI manual for evidence synthesis, 169(7), 467-473.
Schall, V. T. e Struchiner, M. (1999). Educação em saúde: Novas perspectivas. Cadernos de
Saúde Pública, 15, S4–S6. https://doi.org/10.1590/S0102-311X1999000600001
Souza, A.C.G.A. (2022). Construção da experiência: Contribuições para a formação docente.
Revista Eletrônica Pesquiseduca, 14(35), 727–741. https://periodicos.unisantos.br/
pesquiseduca/article/view/1301
Tomokawa, S., Asakura, T., Keosada, N., Bouasangthong, V., Souvanhxay, V., Navamal,
P., Kanyasan, K., Miyake, K., Kokudo, S., Watanabe, R., Soukhavong, S., Thalangsy, K.
e Moji, K. (2021). Introducing Ecohealth education in a Teacher Training Institute in
Lao PDR: a case study. Health Promotion International, 36(3), 895–904. https://doi.
org/10.1093/heapro/daaa100
Venturi, T. (2018). Educação em Saúde Sob uma Perspectiva Pedagógica e Formação
de Professores: Contribuições das Ilhotas Interdisciplinares de Racionalidade para o
Desenvolvimento Prossional Docente [Tese, Universidade Federal de Santa Catarina].
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/198593/PECT0372-T.
pdf?sequence=-1&isAllowed=y
Venturi, T. e Iared, V.G. (2022). Educação em saúde e educação ambiental: Tendências
e interfaces. Em C. M. Gomes Torres et al. (Org.), Ciência e democracia - O que essa
relação depende de nós? (pp. 1011–1032). Editora Realize. https://doi.org/10.46943/
Revista de Educación en Biología, Vol. 27, Nº 1, Enero 2024 | Página 13
Artículos
VII.CONAPESC.2022.01.000
Venturi, T. e Mohr, A. (2021a). Panorama e Análise de Períodos e Abordagens da Educação
em Saúde no Contexto Escolar Brasileiro. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, 23,
e33376. https://doi.org/10.1590/1983-21172021230121
Venturi, T. e Mohr, A. (2021b). Ensinar e Aprender Ciências: Reexões e Implicações
para a Educação Em Saúde Na Escola. Revista Dynamis, 27(2), 59-81. https://doi.
org/10.7867/1982-4866.2021v27n2p59-81