Revista de Educación en Biología, Vol. 25, Nº 2, Julio 2022 | Página 61
Artículos
De acordo com Kierepka et al. (2019), a problematização recorre à reexão, como
determinante do reconhecimento e enfrentamento dos problemas da prática. Para
os autores, a problematização da prática é uma possibilidade de reconhecimento e
questionamento das concepções que orientam a prática docente.
Apoiados em Alarcão (2010), entendemos o processo de reexão no sentido da
reexão sobre, na e para a ação. Esta compreensão sobre reexão está imbricada na
busca da transformação da prática. Desse modo, para Güllich (2013, p. 268), “a reexão
exige conceitualização, mediação e diálogo reconstrutivo”, pois a aprendizagem é um
processo que transforma a experiência, precedendo a construção do saber (Alarcão,
2010).
Esse conceito de reexão e formação sugere um contexto coletivo, exigindo “a
presença dos pares, pois, desse modo, pode articular, através de processos reexivos,
uma transformação para todos os envolvidos” (Güllich, 2013, p. 268). A reexão crítica,
quando compartilhada, “possibilita o enfrentamento de problemas da prática docente,
nesse âmbito, e no desenvolvimento desse processo pode ocorrer o reconhecimento
de novos problemas”, suscitando assim: mudanças e melhorias na prática (Kierepka et
al., 2016, p. 4). Neste mesmo sentido, Kierepka et al. (2019) armam que, quando o
professor está imerso “em um grupo de estudos e pesquisa que propicia formação num
modelo colaborativo e compartilhado, os professores têm a possibilidade de desenvolver
sua constituição em perspectiva de investigação-ação” (p. 792), sobre a sua prática.
Nas palavras de Alarcão (2010), a IA, a aprendizagem a partir da experiência e a
formação com base na reexão, possuem elementos em comum, visto que “a reexão
para ser ecaz precisa ser sistemática nas suas interrogações e estruturante dos saberes
dela resultantes” (p. 49). A autora ainda arma que nestes contextos formativos, a
partir das experiências compartilhadas, a expressão e o diálogo desencadea-se um triplo
diálogo, “um diálogo consigo próprio, um diálogo com os outros, incluindo os que antes
de nós construíram conhecimentos que são referência e o diálogo com a própria situação,
situação que nos fala” (Alarcão, 2010, p. 49).
Alarcão (2010) refere-se aos níveis de reexão e de consciência acerca da realidade,
valorizando a sistematização de saberes e o diálogo como estratégia para adquirir-se um
nível transformador. Apoiados neste referencial, apostamos na formação de professores
de Ciências e Biologia através do processo dialógico, que ocorre por meio da reexão
crítica como categoria formativa (Zanon, 2003; Rosa, 2004; Maldaner, 2006; Alarcão,
2010; Güllich, 2013).
Os processos reexivos, ganham forma e força quando são postos em movimento
de maneira compartilhada e colaborativa. Esses contextos, possibilitam que a reexão
seja iniciada e progrida para uma reexão crítica, como categoria formativa, com vistas
para a melhoria das práticas docentes e da transformação social (Carr e Kemmis,
1988), a partir do diálogo formativo que se estabelece, como instrumento de reexão
(Ibiapiana, 2008). Conforme Güllich (2013, p. 164), “o coletivo impõe a discussão e
o diálogo que, ao meu ver, são os embriões da reexão, não qualquer reexão, uma