Lata falante
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REVISTA DE ENSEÑANZA DE LA FÍSICA, Vol. 36, n.o 2 (2024) 117
Durante os testes verificou-se que a lata funcionou de forma adequada como uma câmara de ressonância, de
acordo com a equação 1, utilizada para determinar as frequências de ressonância em um tubo com uma extremidade
fechada foi estimada a frequência de ressonância da lata.
𝑓
𝑛=𝑛.𝑣
4𝐿 (1)
Em que n é o modo harmônico (ordem), v representa a velocidade do som e L é o comprimento (altura) da lata.
Utilizando as medidas das dimensões da lata, com o auxílio da equação 1, estimamos uma frequência fundamental de
ressonância de 255Hz, consequentemente os harmônicos de ordem superior (n=2,3,4...) também ressoam com am-
plitude significativamente maior em relação às demais frequências.
Esse fato causou certa instabilidade verificada durante as transmissões realizadas para testes. Isso ocorreu porque
ao captar uma música, por exemplo, temos a presença de múltiplas frequências sonoras, portanto isso faz com que a
lata responda de forma mais acentuada às frequências próximas de sua frequência natural (e harmônicos de ordem
superior), o que causa uma instabilidade no sinal emitido e, consequentemente, recebido pelo rádio. Entretanto essa
característica não inviabilizou a utilização do equipamento, apenas fez com que a qualidade do som captado fosse um
pouco menor que o esperado.
Em relação ao alcance, os testes realizados nos permitem afirmar que o sinal, sem barreiras, é recebido por um
rádio comum a pilha, até uma distância de, aproximadamente, cinco metros. Além dessa distancia o sinal apresentou
muita instabilidade.
B. Resultados de aprendizagem
O público alvo do trabalho se constituiu de uma turma de 15 alunos, de sexto e sétimo ano do ensino fundamental,
de uma escola pública estadual, para se referir aos mesmos cada aluno foi nomeado de A1 até A15, na ordem alfabé-
tica. O momento utilizado para a inserção da pesquisa foi o espaço da disciplina eletiva, nessa disciplina os alunos
escolhem, dentro de algumas possibilidades oferecidas, qual tipo de disciplina querem estudar. Essa disciplina é ofe-
recida nos tempos adicionais de aula, como complementação de carga horária letiva, para abordar assuntos que ge-
ralmente não são trabalhados nas disciplinas regulares, ou por falta de tempo, ou por conta da prioridade imposta
aos componentes básicos. Em nossa pesquisa os alunos estavam matriculados na disciplina eletiva de robótica.
Praticamente a totalidade dos alunos apresentava idade adequada na ocasião da aplicação da proposta, que se
constituiu em uma aula prática investigativa, de duas horas de duração. Os alunos e eram provenientes das regiões
ao redor da escola, que se localiza na periferia de uma cidade de médio porte. Embora os alunos tenham se matricu-
lado nessa modalidade, especificamente, uma pesquisa inicial, feita de maneira verbal, indicou que os alunos consi-
deraram que essa opção de disciplina era mais interessante que as outras oferecidas, por isso o motivo da escolha.
No primeiro momento os alunos foram questionados sobre o que é robótica, quais seriam seus conceitos prévios
sobre o assunto. A principal estratégia didática utilizada foi a problematização dos conceitos, de forma investigativa,
para fazer com que os alunos discutissem sobre suas ideias prévias ou, ainda, seus conhecimentos subsunçores. De
acordo com (Honorato, et. al. 2018). o conhecimento subsunçor é aquele que ancora os demais conhecimentos cons-
truídos e, através dos processos de diferenciação progressiva e reconciliação integrativa, os novos conhecimentos vão
sendo construídos na estrutura cognitiva do aluno. O processo de diferenciação progressiva é aquele no qual a estru-
tura cognitiva do aluno é continuamente refinada e expandida à medida que novos conceitos são aprendidos e dife-
renciados dos anteriores, ao passo que a reconciliação integrativa é o processo pelo qual o aluno integra novos
conceitos de forma que eles não apenas se encaixem na estrutura cognitiva existente, mas também a modifiquem e
melhorem sua organização (Agra, et. al., 2019).
Justamente para conhecer um pouco sobre os conhecimentos subsunçores dos alunos, ao serem questionados
sobre o que vem a ser robótica não obtivemos respostas bem estruturadas, alguns alunos arriscaram algo sobre utilizar
robôs ou algo similar. Pouco a pouco durante a discussão foi ficando claro que o termo “robótica” evoca conhecimen-
tos disciplinares sobre engenharia mecânica, elétrica e programação, por exemplo. De acordo com Moreira (2008). a
estratégia de compartilhar o vocabulário científico de forma clara, bem como os significados dos mesmos, é chamada
de negociação de significados (Driver, R., Asoko, H., & Leach, J. 1994). Neste processo o professor deve estar atento
para ouvir o aluno, perceber quais são os significados que eles atribuem aos termos, e conduzir a dinâmica da aula
para que o professor e o aluno “falem a mesma língua”.
De acordo com Moreira (2008). não é aconselhável que o professor se utilize do vocabulário científico sem antes
se certificar que o aluno compartilha dos mesmos significados. Tomando como exemplo a palavra “escalar”, temos
que na física ela representa a propriedade de um tipo de grandeza física, ao passo que fora do contexto científico o
significado do mesmo termo é atribuído a um verbo, que significa a ação subir, chegar ao topo. Dessa forma a estra-
tégia de começar perguntando aos alunos se baseia na necessidade de estabelecer um arcabouço equivalente de
significados, aos mesmos termos.