Radiação ultravioleta e medidas de fotoproteção
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REVISTA DE ENSEÑANZA DE LA FÍSICA, Vol. 36, n.o 2 (2024) 2
I. INTRODUÇÃO
Atualmente, discute-se muito sobre a importância da formação integral dos indivíduos, em que se busca desenvolver
as competências e habilidades com o intuito de transformá-los em personagens principais do processo de ensino e
aprendizagem. Os estudantes tidos como protagonistas são estimulados a participar ativamente de todo o processo
educativo e, neste cenário, o professor se torna um mediador na construção dos conhecimentos, proporcionando as
melhores propostas e estratégias para que permita o desenvolvimento de alunos autônomos, críticos e capazes de
tomar decisões conscientes perante a sociedade.
Dentre os muitos temas e conteúdos da Física escolar, o estudo das radiações carrega um potencial significativo
para o tratamento de questões bastante presentes na vida cotidiana dos estudantes e que podem estimular o prota-
gonismo do educando. Se pensarmos no Sol como fonte natural de diferentes radiações, seu estudo no âmbito do
ensino de Física pode auxiliar na compreensão de fenômenos como propagação e absorção de determinados tipos de
radiação, bem como a diferenciação entre radiações ionizantes e não ionizantes (Silva, P., 2017; Albuquerque, 2018;
Franco, 2018; Oliveira, 2019).
O Sol, corpo celeste bastante presente em nosso cotidiano e nossa principal fonte de energia, emite radiação
eletromagnética, incluindo diferentes comprimentos de ondas, formando o que chamamos de espectro eletromagné-
tico – as ondas de rádio, micro-ondas, infravermelho, luz visível, raios ultravioleta (UV), raios X, raios gama e raios
cósmicos. Destes, 99% da radiação que atinge a superfície terrestre é composta de radiação UV, luz visível e infraver-
melho (Dafre e Maris, 2013).
Diante disso, por diversas razões, o Sol é de extrema importância para a manutenção da vida na Terra, no entanto,
o excesso de exposição à radiação emitida por ele pode provocar problemas à saúde humana. Assim, é possível afirmar
que a radiação solar, especificamente a radiação UV, pode proporcionar tanto malefícios, quanto benefícios (Oliveira,
2019).
Como se sabe, a radiação ultravioleta compreende a faixa de comprimentos de onda entre 200 nm até 400 nm e
seu espectro é subdividido em UVC (200-280 nm), UVB (280-320 nm) e UVA (320-400 nm). A radiação UVC é a mais
enérgica e, portanto, mais danosa, no entanto, não atinge a superfície terrestre pois é filtrada pela camada de ozônio.
A UVB atinge a superfície terrestre em pequenas quantidades e a UVA embora seja menos energética, é mais pene-
trante e, consequentemente, mais preocupante para a saúde humana.
É importante salientar que incidências moderadas de radiação UV em nossa pele trazem benefícios para o orga-
nismo, pois são fundamentais para a síntese de vitamina D, sendo vital para os seres vivos. Essa vitamina, dentre as
diversas funções benéficas, tem papel importante no organismo humano por ser essencial para evitar o raquitismo
em bebês e crianças. Em contrapartida, altas incidências de radiação solar, em especial a radiação ultravioleta – UV,
podem ocasionar manchas, queimaduras e doenças como o câncer de pele. Grande parte dos danos causados são em
órgãos externos de nosso corpo, como a pele e os olhos, que se apresentam mais expostos e sensíveis a esta radiação
(Franco, 2018).
A título de ilustração, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o estado do Rio Grande
do Norte, contexto de realização desta pesquisa, é o terceiro estado do Nordeste e o décimo no Brasil que mais regis-
tra casos de câncer de pele (SBD, 2021). É essa mesma instituição que anualmente promove a campanha de
conscientização para a prevenção dessa doença, chamada Dezembro Laranja.
Desse modo, o uso de fotoprotetores se torna indispensável para a proteção à saúde humana. Oliveira (2019)
menciona a importância desta temática diante da população:
Telejornais, programas de rádio, redes sociais, páginas web e outro veículos de comunicação exibem frequentemente cam-
panhas de conscientização em favor da prevenção contra o câncer de pele, incentivando o uso de filtros de proteção solar
contra a radiação UV, como os protetores solares para pele, vestimentas especiais, óculos etc. (Oliveira, 2019, p. 11)
Nesse sentido, fica evidente a necessidade de um cuidado maior com a pele e os olhos por meio de equipamentos
de fotoproteção, todavia, o que se observa muitas vezes é que tais cuidados não são tomados. Silva, P., (2017, p. 16),
inclusive, menciona que “os brasileiros, de maneira geral, não consideram, por algum motivo, relevante esse meca-
nismo de fotoproteção”. Assim, compreendemos que há a necessidade de ações práticas mais concretas para que
venham a contribuir com a redução dos impactos gerados pela radiação UV à população. A nosso ver, contextos pri-
vilegiados para que ações dessa natureza sejam realizadas são as escolas e, mais especificamente as aulas de Física,
haja vista que diversos conhecimentos científicos podem ser mobilizados e construídos, com vistas a uma melhor
compreensão da realidade e consequentemente uma conscientização sobre a importância do uso dos fotoprotetores.
Nessa perspectiva, Oliveira (2019, p. 12) enfatiza que “os efeitos da radiação e a importância da proteção solar,
faz-se necessária uma maior relação entre essas informações e os conteúdos sobre as radiações abordados em sala de
aula”. É importante, portanto, que haja uma compreensão consistente dos conceitos trabalhados durante as aulas,