Engajamento acadêmico no estágio supervisionado
www.revistas.unc.edu.ar/index.php/revistaEF
REVISTA DE ENSEÑANZA DE LA FÍSICA, Vol. 35, n.
o
1 (2023) 28
and, by doing pedagogical reflexive analysis, it is necessary to seek in the student the elements that make up a teacher, since the
internship is configured in an important moment of approach between the future teaching professional and the school.
Keywords: Physics teaching; Engagement; Innovative practices; Supervised internship.
I. INTRODUÇÃO
No modelo tradicional há uma certa resistência em aceitar inovações, o saber avaliado é concebido como algo já
constituído, caracterizado pelo rigor, pela objetividade e precisão e pela construção de instrumentais mais bem
elaborados, por outro lado, o ensino nele inspirado era baseado na imitação, repetição e reforço (Marcuschi &
Suassuna, 2007). Por esta razão foi considerado um paradigma ultrapassado nas décadas de 60 e 70. No entanto, no
Brasil, esse paradigma nos parece continuar forte e isso nos levanta a seguinte questão: Por que um método de ensino
considerado ultrapassado continua sendo priorizado e utilizado nos sistemas de ensino?
No aprendizado a partir da estratégia de ensino tradicional, o aluno se torna uma espécie de “elemento passivo”
e o professor, fonte de conhecimento e informação, tendo como função base transmitir tudo que ele sabe para o
estudante. Essa visão de ensino tem como problemática principal a grande lacuna criada entre professor e aluno,
fazendo com que haja um distanciamento na comunicação e na criatividade, como afirma Beth Marcuschi e Lívia
Suassuna:
O avaliador deixa de aquilatar as formas diversificadas que os alunos encontram de se relacionar com o conhecimento (suas
formas peculiares de resolver problemas, seus métodos de aprendizagem e expressão, seus estilos cognitivos). (Marcuschi
& Suassuna, 2007)
Sendo assim, o ensino tradicional tem formato composto por aulas expositivas e sua ênfase está na transmissão
de conhecimento com pouco espaço para que o aluno se manifeste e desenvolva sua criatividade. Mas, um dos
objetivos dos cursos de graduação é o de oferecer os subsídios teóricos e práticos (ou teórico-práticos) necessários ao
cumprimento das funções profissionais, de acordo com cada área de conhecimento (Corte e Lemke, 2015).
Conforme avançam os estudos, temos nos cursos de licenciatura o estágio curricular supervisionado um momento
em que as teorias aprendidas são aliadas à prática, bem como o momento no qual o futuro profissional experimenta
e atua efetivamente em seu campo de formação (Corte e Lemke, 2015). O estágio também é uma oportunidade de
crescimento pessoal e profissional, além de ser um importante instrumento de integração entre universidade, escola e
comunidade (Filho, 2010 apud Bernardy & Paz, 2012).
O estágio supervisionado constitui uma das etapas mais importantes na vida acadêmica dos alunos de licenciatura
e, cumprindo as orientações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, 2012, Brasil), se constitui numa
proposta com o objetivo de oportunizar ao aluno a observação, a pesquisa, o planejamento, a execução e a avaliação
de diferentes atividades pedagógicas; uma aproximação da teoria acadêmica com a prática em sala de aula. (Tardif,
2002).
Mas, a utilização das diferentes estratégias de ensino vivenciadas durante a vida acadêmica vai estar intimamente
ligada ao envolvimento ativo e à participação dos alunos nas atividades desenvolvidas durante seu curso, são estas
que definem aspectos cognitivos e comportamentais do discente. Ou seja, o grau de envolvimento do estudante com
as atividades acadêmicas durante o curso, acaba sendo elemento primordial para o desenvolvimento da qualidade do
material a ser produzido e aplicado durante as atividades de estágio, bem como as tarefas e estratégias a serem
utilizadas em seus contextos.
Com isto uma questão nos vem à tona: o envolvimento dos estudantes em processo de formação é inerente a
todos os processos de aprendizagem? Existe uma estreita conexão entre aquilo que é trabalhado em termos de
estratégias de ensino nas disciplinas e os estudantes de forma recíproca? O envolvimento no processo de ensino e
aprendizagem deve envolver aspectos que vão além dos cognitivos, também são cognitivos-comportamentais e
cognitivos-sociais. Pois, existe uma inter-relação dinâmica onde comportamento, emoção e cognição não são
processos isolados e influenciam diretamente no engajamento de determinada atividade - para diversos autores - o
engajamento é um construto único e assim deve ser interpretado (Paula et al., 2021).
Diante desse cenário, surge o estudo de engajamento do estudante, que vem se tornando um foco atual de
pesquisas devido ao seu poder explicativo de analisar um comportamento não publicamente observável. A princípio,
torna-se imprescindível compreender melhor o que vem a ser “engajamento”, havendo assim a necessidade de uma
base teórica etimológica.
Engajamento possui diversos significados e diferentes formas de uso (pessoal, moral, social, profissional,
acadêmico, relacional, etc.). Segundo Brault-Labbé e Lise Dubé (2009), engajamento surge como uma variável que se
preocupa em investigar por quais razões, por quais meios e em quais circunstâncias um indivíduo consegue desenvolver