, Marie Curie, Jean Perrin, etc., além do próprio Ernst Solvay, químico
industrial e possuidor de grande fortuna que decidiu organizar este encontro com o intuito de entender a estrutura
quântica da matéria. Um artigo sobre a participação de Henri Poincaré no congresso é detalhada por Russel McCor-
mack (1967).
Quando falamos em importantes físicos, químicos e matemáticos, nos transportamos através da História da natu-
reza da Ciência e de seus aspectos internos e, da importância que estes tiveram na construção social do conhecimento
científico. Alguns deles, naquele período eram pesquisadores teóricos e experimentais, mas, os problemas nos quais
tiveram que pensar, decidir, resolver, tornaram-nos importantes iniciadores dos processos que alteraram a física básica
no decorrer da História da Física, provocando mudanças profundas na forma de compreender as leis da microfísica. A
interpretação mecânica de Newton do movimento dos corpos materiais teve que ceder espaço para uma nova mecâ-
nica que estava surgindo e que ficou mais tarde conhecida como Mecânica Quântica, a partir de 1925. Esta caracterís-
tica da metodologia da ciência é promissora do ponto de vista do ensino e da aprendizagem, pois, assim como em um
congresso científico, a sala de aula é um local onde a diversidade de pensamento e as diferentes opiniões sobre um
determinado assunto ou conceito deve servir como um fator estrutural da compreensão epistemológica. Poderíamos
indagar: em que difere, um cientista já experiente de um estudante da educação básica ou no início da educação
superior?
II. O DEBATE CIENTÍFICO E A ESTRUTURA EPISTEMOLÓGICA DA APRENDIZAGEM CIENTÍFICA
Responder à questão epistemológica da natureza de um fenômeno físico, químico ou biológico e dar uma explicação
conceitual deste a um estudante de educação básica ou do ensino superior é uma tarefa que exige da parte do profes-
sor conhecimentos profundos da estrutura de como a ciência é construída pelo cientista e das suas implicações na
sociedade, fruto da evolução histórica do pensamento e do processo de criação. Há muitos fatores subliminares rele-
vantes envolvidos nas relações entre o ensino e a aprendizagem científica, que nem sempre são visualizados de ime-
diato pelo estudante, obrigando-o a adquirir a habilidade da pesquisa bibliográfica, ou seja, obrigando-o a tornar-se
um pesquisador, mesmo que incipiente. Por outro lado, professores de educação básica e professores do ensino supe-
rior nem sempre são especialistas em pesquisa em História da Ciência ou em pesquisa sobre o uso da modelagem
matemática a partir da Simulação Computacional, ou de ambas.
De acordo com Martins (2004), citando o currículo nacional de Ciências da Grã-Bretanha, é muito comum entre
professores e estudantes de todos os níveis adotar uma visão empirista da Ciência, segundo a qual os cientistas fazem
suas observações sem necessariamente influenciar o objeto de sua pesquisa ou serem influenciados durante o pro-
cesso de pesquisa, isentos de qualquer influência externa, como se as crenças religiosas, ideologias políticas, conduta
ética ou qualquer pensamento teórico próprio e de outros cientistas não o afetasse no momento de chegar às próprias
conclusões ou realizar suas medidas.
De acordo com Martins (2004), citando Pumfrey (1991), alguns aspectos são fundamentais para se estabelecer a
relação objetiva entre a natureza da Ciência e a sua História, de forma que os estudantes possam adquirir habilidades
que permitam interpretar de forma racional um fato científico, sem serem enquadrados nas prerrogativas errôneas
da concepção científica. Alguns pontos devem ser transmitidos aos estudantes para que estes possam ser capazes de
interpretar de maneira autônoma uma concepção ou teoria científica:
1) A observação inicial não é possível sem ideias pré-existentes. 2) A natureza não apresenta evidências suficientes para que
seja interpretada sem ambiguidades. 3) As teorias científicas não são induções, mas hipóteses imaginadas pelos cientistas
e necessariamente vão além das observações. 4) As teorias científicas não podem ser provadas. 5) O conhecimento científico
não é estático e convergente, mas mutável e aberto. 6) O treino é um componente essencial para se compreender a Ciência.
7) O raciocínio científico é influenciado por fatores sociais, morais, espirituais e culturais. 8) Os cientistas não elaboram
deduções incontestáveis, mas fazem julgamentos complexos. 9) Desacordo é sempre possível. (Martins, 2004, p. 502)
O item 5 é uma característica específica do próprio processo civilizatório, onde, à medida que as sociedades evo-
luem e novas relações econômicas e sociais são estabelecidas, novas técnicas e descobertas científicas podem trazer
novos modelos teóricos, novos resultados experimentais e consequentemente uma visão mais ampla da ciência e
talvez seja capaz de colocar em dúvida os métodos empregados até então nas descobertas científicas.