VOLUMEN 33, NÚMERO 2 | Número especial | PP. 301-307
ISSN: 2250-6101
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REVISTA DE ENSEÑANZA DE LA FÍSICA, Vol. 33, no. 2 (2021) 301
La evaluación del presente artículo estuvo a cargo de la organización de la XIV Conferencia Interamericana de Educación en Física
Alternativa de avaliação via utilização
de mapas conceituais
Evaluation alternative using conceptual maps
Alberes Lopes de Lima
1
*, David do Nascimento Almeida
2
, Stela Maria
Cavalcanti Silva
2
, Tiago da Silva
2
, Ruan Marinho Cunha de Barros
2
, Mayara
Lopes de Freitas Lima
3
1
Colégio Militar do Recife, Avenida Visconde de São Leopoldo, 198 Cidade Universitária, CEP 50730-120, Recife,
Pernambuco, Brasil.
2
Universidade Federal de Pernambuco, Avenida Professor Moraes Rego, 1235 - Cidade Universitária, CEP 50670-901,
Recife, Pernambuco, Brasil.
3
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manuel de Medeiros, s/n - Dois Irmãos, CEP 52171-900, Recife,
Pernambuco, Brasil.
*E-mail: prof.alberes@gmail.com
Recibido el 15 de junio de 2021 | Aceptado el 1 de septiembre de 2021
Resumo
O objetivo da presente investigação é analisar a utilização de mapas conceituais em aulas de Física do 2º. ano do ensino médio como
alternativa de avaliação do ensino-aprendizagem. Coube a cada aluno desenvolver um mapa conceitual. Apresentados, os mapas ser-
viram como revisão do conteúdo e também como avaliação formativa. A abordagem conceitual utilizada foi a abordagem construtivista
sociointeracionista baseada no modelo Vasco Moretto (VM). Dentre os diversos mapas conceituais apresentados pelos alunos, perce-
beu-se que os significados cognitivos expressos nos diversos tipos de mapas conceituais apresentados, para serem compreendidos,
dependem de trocas, compartilhamentos e diálogos. Alguns dos mapas apresentados ainda careciam de correções, mas o próprio
processo é um desenvolvimento. No processo, verificou-se também que na comparação entre os diversos mapas conceituais apresen-
tados, que a argumentação e a contra-argumentação realizadas pelos alunos permitiu que estes construíssem e reconstruíssem o
significado dos conceitos.
Palavras chave: Construtivismo; Sociointeracionismo; Avaliação; Mapas conceituais.
Abstract
The aim of this investigation is to analyze the use of concept maps in 2nd Physics classes. year of high school as an alternative for
evaluation of teaching-learning. It was up to each student to develop a concept map. Presented, the maps served as a content review
and as a formative evaluation. The conceptual approach used was the socio-interactionist constructivist approach based on the Vasco
Moretto (VM) model. Among the various concept maps presented by the students, it was noticed that the cognitive meanings ex-
pressed in the various types of concept maps presented, to be understood, depend on exchanges, sharing and dialogues. Some of the
maps presented still needed corrections, but the process itself is a development. In the process, it was also verified that in the com-
parison between the various conceptual maps presented, the argumentation and counterargument carried out by the students al-
lowed them to construct and reconstruct the meaning of the concepts.
Keywords: Constructivism. Sociointerationism. Evaluation; Conceptual maps.
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I. INTRODUCÃO
Nas décadas finais do século passado, diversos educadores se debruçaram sobre o problema da avaliação. O combate
ao fracasso escolar constituiu-se numa das perspectivas para a construção de uma Educação de qualidade para todos
no Brasil. Pesquisas sobre o tema nortearam os estudos de pós-graduação, gerando desaprovação àquela chamada
educação bancária, criticada fortemente por Freire (2019). Destaca-se aqui o trabalho seminal de Luckesi (2000), o
qual criticou a prática de avaliação escolar que era desenvolvida no país como sendo, em seu entender, uma manifes-
tação e exacerbação do autoritarismo, resquício de uma pedagogia do medo. Segundo Luckesi (2000, p. 24), uma vez
que esse medo seja internalizado, constitui-se num excelente freio às ações que são supostamente indesejáveis, seja
pelo Estado, pela Igreja, família ou escola. Como alternativa a esse modelo, Luckesi propôs a pedagogia da aprendiza-
gem escolar como um ato amoroso (id., p. 168). Para ele, a avaliação se destina ao diagnóstico e, em consequência
disso, à inclusão. Nesse sentido, dedica-se à melhoria do ciclo de vida, o que justifica o adjetivo dado ao ato de avali-
ação alicerçado nas funções de propiciar a autocompreensão do educando e também do educador, motivar o cresci-
mento do educando, aprofundar e auxiliar a aprendizagem (LUCKESI, 2000, p. 175-176).
Na virada do século, os educadores brasileiros tiveram sua formação influenciada por autores europeus que inves-
tigavam com profundidade o tema da avalição. Desse período, pode-se citar Perrenoud (1999) que questionava se a
avaliação deveria estar a serviço da seleção ou das aprendizagens. Em seus trabalhos, ele defendia que a avaliação
deveria se nortear no caminho da excelência e do êxito escolares. Para tal, ele propôs um trabalho sobre as verdadei-
ras competências, avaliação contínua e uma pedagogia diferenciada (Perrenoud, 1999, 2000).
Da mesma forma, nesse período, os trabalhos de Hadji (2001) defendiam que avaliar não é medir, porém confron-
tar, em um processo de negociação, uma situação real e expectativas referentes a essa situação. Sua proposta conce-
bia a regulação como um processo caracterizado pelo esquema (ação (feedback julgamento) ajuste), o qual
evidencia que a avaliação “é apenas um momento em um processo geral de condução da ação, mas, de outro, que
esse momento é decisivo” (HADJI, 2001, p. 130).
No início deste século, Machado (2002, p. 7) defendeu a avaliação do ponto de vista de projetos e valores, cons-
truindo, dessa forma, uma práxis que consiga preencher o espaço vazio entre o discurso e a ação, semeando projetos,
que visem efetivamente à construção da cidadania através da educação”. Seu discurso foi inserido numa visão de
respeito efetivo aos direitos humanos. Machado (2006) propôs uma pedagogia de projetos, alicerçados nos valores
de cidadania, profissionalismo, tolerância, integridade, equilíbrio e pessoalidade. No paradigma proposto, a avaliação
tem como meta desenvolver no educando habilidades e competências, deixando de ser um instrumento meramente
classificatório para ser um instrumento de mediação de competências. Assim, a avaliação passa a ter como meta for-
talecer uma aprendizagem não-linear, interdisciplinar e contextualizada.
Mais recentemente, Moretto (2004, 2014) desenvolveu um método visando operacionalizar uma aula com sucesso
e avaliar com eficácia e eficiência. Seu modelo pressupõe os seguintes referenciais teóricos (Moretto, 2014, p. 9-10):
(a) Planejamento de ações pedagógicas do professor com base no paradigma da educação para o
desenvolvimento de competências;
(b) Opção epistemológica na perspectiva construtivista sociointeracionista;
(c) Ação pedagógica do professor como interação entre o sujeito cognoscente e os saberes socialmente
construídos;
(d) Processo de abordagem e solução de situações complexas fundamentado no modelo pedagógico do
desenvolvimento de competências.
Na perspectiva do Modelo VM (Vasco Moretto), a construção do conhecimento na visão epistemológica
construtivista sociointeracionista tem como base a linguagem e seu apoio metodológico na dialética. Assim, na relação
de reciprocidade professor-aluno, estão presentes dialeticamente as Concepções Prévias do aluno (CP), sujeito a quem
se quer ensinar algo, e Concepções Escolares (CP), objetos de conhecimento que a escola pretende que o aluno
aprenda (MORETTO, 2014, p. 89). Dessa maneira, conforme o autor esclarece, durante o processo de ensino, a
argumentação e a contra-argumentação permitem que o aluno reconstrua (ressignifique) conceitos aprendidos,
com a mediação do professor por intermédio da linguagem.
A interação entre professor e aluno apresenta-se como única, posto que, nesta perspectiva, o conhecimento é
uma construção individual, mediada pelo social. Na negociação de significados, deve-se levar em conta que “a
educação não deve estar focada no aluno e nem no professor, mas na dinâmica das relações entre alunos, professores
e saberes socialmente construídos, objetivados, institucionalizados e legitimados” (MORETTO, 2014, p. 90). Segundo
argumenta o autor, o que importa no processo são as relações. Desse modo, o autor enfatiza que nestas relações se
manifestam valores e conhecimentos que expressam projetos individuais e sociais. Nesta relação, professor e aluno
ensinam e aprendem num processo de interação e juntos modificam e constroem saberes sociais” (id.).
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Na presente investigação, construída sob a influência do modelo VM, no âmbito das atividades desenvolvidas por
estudantes do Pibid, fomentado pela CAPES (Coordenação de Capacitação do Pessoal de Nível Superior), agência bra-
sileira de incentivo à pesquisa acadêmica, foi desenvolvida uma alternativa de avaliação baseada na utilização de
mapas conceituais.
Pibid é o acrônimo de Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência. O programa oferece bolsas de
iniciação à docência aos alunos de cursos presenciais que se dediquem ao estágio nas escolas públicas e que, quando
graduados, se comprometam com o exercício do magistério na rede pública. O objetivo é antecipar o vínculo entre os
futuros mestres e as salas de aula da rede pública. Com essa iniciativa, o Pibid faz uma articulação entre a educação
superior (por meio das licenciaturas), a escola e os sistemas estaduais e municipais (http://portal.mec.gov.br/pibid,
acesso em 4 ago. 2021).
O objetivo principal deste trabalho foi analisar os resultados de uma intervenção pedagógica realizada em aulas
de Física com estudantes do ensino médio (high school) de uma escola pública brasileira.
II. REFERENCIAL TEÓRICO
Propõe-se no presente trabalho analisar a utilização de mapas conceituais em aulas de Física do 2º. ano do ensino
médio como alternativa a avaliações formais, comumente baseadas em modelos ultrapassados de educação. Embora
tais mapas não sejam tão recentes (existem há mais de vinte anos à disposição dos educadores), sua manipulação por
parte de alunos encaixa-se na proposta de metodologia ativa. Outros autores, recentemente, desenvolveram pesqui-
sas relacionadas a essa temática, como, por exemplo, Lima e Lima (2020) e Gomes, Batista e Fusinato (2019).
Os mapas conceituais têm por objetivo representar relações significativas entre conceitos na forma de proposi-
ções. Segundo Novak e Gowin (1996, p. 31), “na sua forma mais simples, um mapa de conceitos consta apenas de dois
conceitos unidos por uma palavra de ligação de modo a formar uma proposição” Assim, quando se afirmar que “O
elétron é uma partícula fundamental da natureza”, usa-se a representação de um mapa conceitual. Segundo Lima e
Lima (2020), com exceções de alguns conceitos primitivos ou descobertos pela criança em sua mais tenra idade, a
maior parte dos significados dos conceitos são aprendidos através da composição de proposições em que se inclui o
conceito a ser adquirido.
De acordo com Moreira (2013, p. 38), num mapa, o conceito central é o de aprendizagem significativa, ou seja,
aprendendo com significado. Nesse contexto, segundo ele esclarece existem algumas condições para se conseguir
esse intento: a predisposição para aprender, a existência de conhecimento prévio adequado, especificamente
relevante, os chamados "subsunsores" e materiais potencialmente significativos (AUSUBEL, 2000; MOREIRA, 2011,
2013). Nesse sentido, um mapa conceitual pode ser incluído nesta última categoria citada acima.
Outra vantagem do mapa conceitual é que a memória humana tem uma grande capacidade para recordar imagens
visuais específicas. Conforme Novak e Gowin argumentam (1996, p. 44), “reconhecemos facilmente um amigo íntimo
numa reunião de centenas de pessoas ou numa fotografia de grupo. Seria extraordinariamente difícil programar um
computador sofisticado para fazer reconhecimentos com uma facilidade similar”. No entanto, conforme eles explicam,
ao se elaborar mapas conceptuais potencializa-se esta capacidade humana de reconhecer padrões nas imagens com
o objetivo de facilitar a aprendizagem e a memória.
Moreira (2010, 2013) argumenta que os mapas conceituais podem ser muito úteis na facilitação da aprendizagem
significativa em situações de ensino formal, presencial ou à distância, na avaliação da aprendizagem e na análise
conceitual do material didático. Desse modo, os mapas conceituais podem ser utilizados de diversas formas no pro-
cesso de ensino-aprendizagem: como ferramenta inicial na diagnose (levantamento dos conhecimentos prévios, para
entender o que o aluno já sabe e o que ele precisa aperfeiçoar), ao longo da prática pedagógica (auxiliando no desen-
volvimento do processo), como fechamento do ciclo do conteúdo (servindo como revisão dos conceitos) e, até
mesmo, como avaliação. No processo de avaliação, os mapas conceituais servem de apoio à hierarquização de con-
ceitos e ajudam na “retenção da aprendizagem por um tempo mais prolongado, podendo promover maior percepção
e capacidade de abordar um problema sobre várias possibilidades” (GOMES, BATISTA & FUSINATO, 2019, p. 61).
Assim, conforme exposto, a utilização de mapas conceituais no ensino de Física atende aos preceitos de uma me-
todologia ativa e de elemento próprio de aquisição de uma aprendizagem significativa. Do ponto de vista de desen-
volvimento de competências, o modelo adotado foi baseado numa proposta construtivista sociointeracionista.
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III. METODOLOGIA
A proposta foi implementada para alunos do 2º. ano do ensino médio de uma escola pública de Recife (Brasil). Após
a conclusão do conteúdo estudado no trimestre (termologia), realizou-se uma atividade preliminar conhecida por
Brainstorming (“tempestade de ideias”). Com isso, foram levantadas as palavras-chave relativas ao conteúdo estu-
dado e, em seguida, os alunos foram orientados sobre como desenvolver um mapa conceitual. Coube a cada aluno
desenvolver um mapa conceitual, utilizando como base as palavras-chave, mas deixando-os à vontade para incluir ou
suprimir palavras que acreditassem ser relevantes para seus mapas. Apresentados, os mapas serviram como revisão
do conteúdo e também como avaliação formativa.
Na intervenção efetuada buscou-se trazer para a prática do professor metodologias que provoquem inovações
incrementais. Sendo assim, optou-se por uma metodologia ativa, na qual o foco não se encontra nem no professor
nem no aluno. A metodologia utilizada teve como foco a “dinâmica das relações entre alunos, professores e saberes
socialmente construídos, objetivados, institucionalizados e legitimados” (MORETTO, 2014, p. 90).
Dentre das inovações que fazem parte da proposta de metodologias ativas, tem-se a modificação nos métodos de
avaliação. A intenção foi apresentar uma proposta que, vinculando a avaliação à missão da instituição de ensino e aos
objetivos propostos pelo professor, inova utilizando práticas que podem até nem ser novidade no sentido literal da
palavra, mas que, quando colocadas no foco das metodologias ativas, estimulam o estudante a aprender a aprender.
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre os diversos mapas conceituais apresentados pelos alunos, foram escolhidos alguns para referenciar a presente
análise: um mapa no estilo bem tradicional de mapa conceitual (figura 1), outro um pouco mais conciso (figura 2) e
um mapa construído com o auxílio de um aplicativo (figura 3). Verifica-se que a rigor tais mapas podem ser melhora-
dos, o que motiva uma nova construção, constituindo-se numa releitura e numa oportunidade de aprender mais sobre
o conteúdo. Houve outros, inclusive construídos numa concepção mais artística, porém menos originais, de modo que
eles podem ser utilizados como elemento de ensino-aprendizagem, mas não convém apresentá-los aqui.
FIGURA 1. Mapa conceitual apresentado por discente.
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FIGURA 2. Mapa conceitual apresentado por discente.
FIGURA 3. Mapa conceitual apresentado por discente.
Os significados cognitivos expressos nos diversos tipos de mapas conceituais apresentados para serem compreen-
didos dependem de trocas, compartilhamentos e diálogos. Alguns deles demonstraram utilizar a mesma hierarquia,
outros hierarquias diferentes, o que comprova as diversas trajetórias que levam a uma aprendizagem significativa do
mesmo conteúdo. Deve-se destacar que alguns dos mapas apresentados ainda careciam de correções, mas o próprio
processo é um desenvolvimento. O próprio aluno, algum tempo depois, pode fazer um mapa conceitual bastante
diferente, no entanto, apesar de diferente pode refletir o mesmo patamar ou um patamar diferente. O fato é que
aparentemente não se pode negar sua eficiência num ensino que tenha como meta a aprendizagem significativa.
Convém destacar que não há um único mapa conceitual para abordar determinado tema. Sendo assim, a constru-
ção de mapas conceituais tornou possível que os alunos pudessem revisar o conteúdo, vissem outras formas de
abordá-lo e percebessem que várias soluções são igualmente válidas para representar determinado conteúdo através
de mapas conceituais.
Do ponto de vista qualitativo, a avaliação utilizada por meio de mapas conceituais constituiu-se numa etapa da
avaliação contínua dos discentes. Nesse processo, levou-se em consideração a negação do modelo de educação ban-
cária (Freire, 2019), aquele no qual o aluno apenas repete o que o professor ensina, um método que privilegiava a
memória em detrimento da construção do conhecimento.
Assim, aspectos quantitativos também devem ser vistos com outros olhos, pois obter boas notas numa avaliação
não significa necessariamente conquista de aprendizado. Todavia, torna-se importante no combate ao fracasso
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escolar, apenas se a avaliação refletir a oportunidade de aprendizagem significativa de conteúdos relevantes
(MORETTO, 2004, p. 16). Diante do exposto acima, é importante destacar que quando submetidos a avaliações formais
preparadas numa abordagem epistemológica coerente com o modelo adotado aqui, percebeu-se que os discentes
submetidos à intervenção obtiveram melhor rendimento do que aqueles que não passaram pela prática.
A elaboração dos mapas conceituais teve meta uma avaliação do desenvolvimento de habilidades e competências
previamente almejadas e fundamentada na proposta do modelo VM. O conhecimento assim construído demonstrou
ser relevante também nas dimensões ética, moral e autônoma, contribuindo para a formação de seres humanos mais
conscientes e não apenas escolarizados.
V. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na experiência realizada com os alunos construindo mapas conceituais verificou-se que estes evoluíram bastante na
sequência dado, informação, conhecimento e saberes. Na discussão dialogada desenvolvida na apresentação dos ma-
pas, ficou evidente que o conhecimento foi aprofundado, tornando mais significativa a construção dos saberes.
No processo, verificou-se também que, na comparação entre os diversos mapas conceituais apresentados, que a
argumentação e a contra-argumentação realizadas pelos alunos permitiu que estes construíssem e reconstruíssem o
significado dos conceitos. Esse processo ocorreu nos momentos de aprendizagem nos quais os alunos apresentaram
seus mapas conceituais aos colegas e tiveram oportunidade de justificar como orientou-se a construção de sua alter-
nativa de representação. Na mesma concepção, puderam interagir contra-argumentando em relação a possíveis ques-
tionamentos. Essa prática recíproca permitiu que eles pudessem reconstruir seus mapas, fortalecidos pelo diálogo,
aliando os pontos fortes da construção inicial e a ressignificação de conceitos oriundos da sociointeração.
Finalmente, uma vez que a imagem visual tem efeito significativo na memória humana, pudemos verificar que,
com a construção dos mapas conceituais, os alunos, além de compreender melhor o conteúdo, ficaram mais atentos
aos conceitos fundamentais, o que comprovou a capacidade desses mapas em atuar como um importante elemento
provedor de ensino-aprendizagem.
Essa experiência pedagógica foi bastante relevante para a formação dos estudantes do programa do Pibid, pois
não apenas colocou-os na prática diante de desempenho efetivo de metodologias ativas, como também lhes apresen-
tou uma oportunidade de acrescentar ao seu cabedal de saberes uma prática associada ao processo de aprendizagem
significativa. Com isto, tratou-se de uma experiência relevante para a formação de futuros professores e para o de-
senvolvimento de habilidades e competências por parte dos discentes que dela participaram.
Além disso, um ponto de destaque no processo foi o planejamento. Em sua realização, este contou com a partici-
pação dos Pibidianos, que acompanharam as diversas apresentações de mapas conceituais realizadas pelos autos e
participaram ativamente da mediação, orientando na construção dos ressignificados construídos pelos estudantes.
Todo o processo foi baseado intenção de favorecer a aprendizagem de conteúdos relevantes. Foram estabelecidos
objetivos claros a serem alcançados, de modo que o fato de a intervenção poder ser flexibilizada não desviou a atenção
do que se pretendia almejar ao final.
Como perspectiva para futuras pesquisas na área, a aplicação de mapas conceituais no ensino de Física continua
uma opção metodológica significativa e abre caminho para que jovens pesquisadores passem a se interessar por te-
mas capazes de unir epistemologia do professor e metodologias ativas.
AGRADECIMENTOS
Os autores gostariam de deixar registrada sua gratidão à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior), fundação vinculada ao Ministério da Educação do Brasil, pelo financiamento das atividades que resultaram
na presente publicação.
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