Vitimização precoce e funcionamento adaptativo em adultos: estratégias de enfrentamento

Contenido principal del artículo

Sónia Caridade
Carla Fonte
Susana Neiva

Resumen

Este estudo tem como objetivo geral caracterizar o histórico de vitimização precoce em adultos, procurando conhecer as estratégias de enfrentamento, utilizadas ao longo do seu trajeto de vida, e que contribuíram para o seu funcionamento adaptativo atual. Para tal, recorreu-se a uma entrevista semiestruturada, administrada a 10 participantes com idades entre os 19 e os 41 anos (M = 26.1; DP = 8), cujo conteúdo foi sujeito a análise temática. A negligência surgiu como o tipo de mau trato mais identificado pelos participantes. Os participantes admitiram recorrer a diferentes estratégias para lidar com a adversidade precoce: coping focalizado na emoção e no problema. Os participantes assinalaram ainda o desenvolvimento de múltiplas competências ao nível do ajustamento, em termos sociais, profissionais, individuais e parentais. Estes resultados mostram a necessidade de na intervenção com crianças em risco se atenderem aos fatores protetivos e promotores de um funcionamento adaptativo.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Detalles del artículo

Cómo citar
Caridade, S., Fonte, C., & Neiva, S. (2018). Vitimização precoce e funcionamento adaptativo em adultos: estratégias de enfrentamento. Revista Argentina De Ciencias Del Comportamiento, 10(1), 11–21. https://doi.org/10.32348/1852.4206.v10.n1.16864
Sección
Artículos Originales
Biografía del autor/a

Sónia Caridade, Universidade Fernando Pessoa

Doutorada em Psicologia da Justiça. Professora Auxiliar na Universidade Fernando Pessoa (UFP) do Porto, Portugal. Co-coordenadora da Unidade de Psicologia Forense da Clínica Pedagógica de Psicologia da UFP e investigadora no Observatório Permanente Violência e Crime desta mesma universidade. Desenvolveu a sua tese de doutoramento na área da violência das relações íntimas juvenis e é autora de diversas publicações, nacionais e internacionais, neste domínio e nas áreas da Psicologia da Justiça e Vitimologia.

Carla Fonte, Universidade Fernando Pessoa. Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

Professora Auxiliar na Universidade Fernando Pessoa no Porto, Portugal. Possui Doutoramento em Psicologia pela Universidade do Minho; Mestrado em Psicologia pela Universidade do Porto e Licenciatura em Psicologia pela Universidade do Minho. Os seus interesses atuais de investigação são a saúde mental positiva em populações clínicas e não clínicas; bem-estar; felicidade e experiências ótimas em diferentes contextos de vida, alicerçado nos princípios conceptuais da Psicologia Positiva. È também psicóloga clínica no Hospital Escola Fernando Pessoa e Coordena a Unidade de Consulta Psicológica de Adultos da Clínica Pedagógica de Psicologia da mesma instituição.

Susana Neiva, Universidade Fernando Pessoa. Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

É licenciada em Serviço Social pelo Instituto Superior de Serviço Social do Porto, licenciou-se em Psicologia e concluiu Mestrado em Psicologia Clinica e da saúde na Universidade Fernando Pessoa. É mediadora familiar e de Conflitos, certificada pelo Instituto Português da Família, é formadora pedagógica de adultos reconhecida pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional e pós-graduada em terapia de casal e sexualidade clinica pelo Instituto Português de Psicologia e outras Ciências. É Formadora certificada em vários programas de formação parental, nomeadamente “os anos incríveis” (dos 3 aos 8 e para bebés), mais família, mais criança, mais família mais jovem, e parentalidade consciente. Fez formação especifica em Violência Domestica, maus-tratos na infância e entrevista forense em crianças vitimas de abuso na faculdade de psicologia e ciências da educação da Universidade do Porto.  Exerceu funções como técnica Superior de Serviço Social nos Centros Distritais do Porto e de Viana do Castelo. No exercício dessas funções trabalhou no acompanhamento direto com famílias, quer no âmbito da Ação Social, quer no âmbito da Assessoria técnica aos tribunais com processos de promoção e proteção, tutelares cíveis, e regulação das responsabilidades parentais. Representou a Segurança Social nas redes Sociais de Viana do Castelo e Caminha e na CPCJ, ( Comissão de proteção de Crianças em Risco) de Caminha, foi Coordenadora do protocolo de RSI (Rendimento Social de Inserção do CSCVPA).Atualmente faz parte do grupo de trabalho da Rede Social de Caminha no projeto de criação do Nacje (Núcleo de apoio à criança e jovem nas escolas). No âmbito da investigação interessa-se por temas relacionadas com a resiliência, parentalidade, conjugalidade, maus-tratos e terapias de 3º geração. 

Citas

American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders – Fifth Edition. Arlington, VA: American Psychiatric Association.

Anaut, M. (2005). A resiliência: ultrapassar os traumatismos. Lisboa: Climepsi Editores.

Antunes, C. (2016). Resiliência. En R. Maia, L. Nunes, S. Caridade, A. Sani, R. Estrada, C. Nogueira, H. Fernandes, & L. Afonso (Coord.), Dicionário Crime, Justiça e Sociedade (pp. 424-425). Lisboa: Sílabo.

Antunes, C., & Machado, C. (2012). Abuso sexual na infância e adolescência: Resiliência, competência e coping. Análise Psicológica, 30(1-2), 63-77.

Basile, K. C., Arias, I., Desai, S., & Thompson, M. P. (2004). The differential association of intimate partner physical, sexual, psychological, and stalking violence and posttraumatic stress symptoms in a nationally representative sample of women. Journal of

Traumatic Stress, 17(5), 413-421. doi:10.1023/B:JOTS.0000048954.50232.d8

Brandão, J. M., Mahfoud, M., & Gianordoli-Nascimento, I. F. (2011). A construção do conceito de resiliência em psicologia: discutindo as origens. Paidéia, 21(49), 263-271. doi:10.1590/S0103-863X2011000200014

Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3(2), 77-101. doi:10.1191/1478088706qp063oa

Chan, K., Brownridge, D. A., Yan, E., Fong, D. T., & Tiwari, A. (2011). Child maltreatment polyvictimization: rates and short-term effects on adjustment in a representative Hong Kong sample. Psychology of Violence, 1(1), 4–15. doi:10.1037/a0020284

Cid, C., Machado, C., & Matos, M. (2010). Prevenção, despistagem e intervenção precoce nos maus tratos à criança. En C. Machado (Coord.), Vitimologia: novas abordagens teóricas às novas práticas de intervenção (pp. 107-136). Braga: Psiquilibrios Edições.

Cuevas, C. A., Sabina, C., & Milloshi, R. (2012). Interpersonal victimization among a national sample of Latino women. Violence Against Women, 18(4), 377- 403. doi:10.1177/1077801212452413

DuMont, K., Widom, C., & Czaja, S. (2007). Predictors of resilience in abused and neglected children grown-up: the role of individual and neighborhood characteristics. Child Abuse & Neglect, 31(3), 255-274. doi:10.1016/j.chiabu.2005.11.015

Fergusson, D. M., & Horwood, L. J. (2003). Resilience to childhood adversity: Results of a 21 year study. En S. Luthar (Ed.), Resilience and vulnerability: adaptation in the context of childhood adversities (pp.130-155). London: Cambridge University Press.

Finkelhor, D., Ormrod, R. K., & Turner, H. A. (2007a). Poly-victimization and trauma in a national longitudinal cohort. Development and Psychopathology, 19(1), 149-166. doi:10.1017/S0954579407070083

Finkelhor, D., Ormrod, R. K., & Turner, H. A. (2007b). Poly-victimization: A neglected component in child victimization. Child Abuse Neglect, 31(1), 7-2. doi:10.1016/j.chiabu.2006.06.008

Folkman, S., & Lazarus, R. (1980). An analysis of coping in a middle-aged community sample. Journal of Health and Social Behavior, 21(3), 219-239. doi:10.2307/2136617

Green, D. L., Choi, J. J., & Kane, M. N. (2010). Coping strategies for victims of crime: Effects of the use of emotion-focused, problem-focused, and avoidance-oriented coping. Journal of Human Behavior in the Social Environment, 20(6), 732–743.

doi:10.1080/10911351003749128

Hetzel-Riggin, M. D., & Meads, C. L. (2011). Childhood violence and adult partner maltreatment: the roles of coping style and psychological distress. Journal of Family Violence, 26(8), 585-593. doi:10.1007/s10896-011-9395-z.

Hughes, T., McCabe, S. E., Wilsnack, S. C., West, B. T., & Boyd, C. J. (2010). Victimization and substance use disorders in a national sample of heterosexual and sexual minority women and men. Addiction (Abingdon, England), 105(12), 2130–2140.

doi:10.1111/j.1360-0443.2010.03088.x.

Iverson, K. M., Litwack, S. D., Pineles, S. L., Suvak, M. K., Vaughn, R. A., & Resick, P. A. (2013). Predictors of intimate partner violence revictimization: The relative impact of distinct PTSD symptoms, dissociation, and coping strategies. Journal of Traumatic Stress, 26(1), 102 - 110. doi:10.1002/jts.21781.

Jackson, A. M., & Dye, K. (2015). Aspects of abuse: consequences of childhood victimization. Current Problems in Pediatric Adolescent Health Care, 45(3), 86-93. doi:10.1016/j.cppeds.2015.02.004

Lazarus, R. S. (1966). Psychological stress and the coping process. New York: McGraw-Hill

Lazarus, R. S., & Folkman, S. (1984). Stress, appraisal, and coping. New York: Springer Publishing.

Monat, A., & Lazarus, R. S. (1991). Stress and coping: An anthology (3rd ed.). New York: Columbia University Press.

Nurius, P. S., Greena, S., Logan-Greene, P., & Borja, S. (2015). Life course pathways of adverse childhood experiences toward adult psychological well-being: A stress process analysis. Child Abuse & Neglect, 45, 143–153. doi:10.1016/j.chiabu.2015.03.008

Poletto, M., & Koller, S. H. (2008). Contextos ecológicos: promotores de resiliência, fatores de risco e de proteção. Estudos de Psicologia (Campinas), 25(3), 405-416. doi:10.1590/S0103-166X2008000300009

Russell, D., Springer, K. W., & Greenfield, E. A. (2010). Witnessing domestic abuse in childhood as an independent risk factor for depressive symptoms in young adulthood. Child Abuse & Neglect, 34(6), 448–453. doi:10.1016/j.chiabu.2009.10.004.

Rutter, M. (2012). Resilience as a dynamic concept. Development and Psychopathology 24(2), 335–344. doi:10.1017/S0954579412000028.

Sabina, C., & Banyard, V. (2015). Moving toward well-being: the role of protective factors in violence research. Psychology of Violence, 5(4), 337-342. doi:10.1037/a0039686.

Scott-Storey, K. (2011). Cumulative abuse: do things add up? An evaluation of the conceptualization, operationalization, and methodological approaches in the study of the phenomenon of cumulative abuse. Trauma, Violence & Abuse, 12(3), 135-150.

doi:10.1177/1524838011404253

Truffino, J. (2010). Resilience: An approach to the concept. Revista de Psiquiatría y Salud Mental, 3(4), 145?151. doi:10.1016/j.rpsm.2010.09.003

Werner, E. (2005). Resilience and recovery: Findings from the Kauai longitudinal. Research, Policy, and Practice in Children’s Mental Health, 19(1), 11-14.