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Cooperação universidade pequenas e médias empresas para desenvolvimento
inovativo: uma análise a partir de microdados da Argentina
Henrique Pereira Campos
*
Silvio A. F. Cario
**
Pablo F. Bittencourt
***
Resumen
La cooperación con agentes externos se ha tornado cada vez más importante para que
las empresas desarrollen su proceso innovativo. De entre los diferentes agentes con que
las empresas pueden cooperar, uno de los que tienen un papel relevante son las
universidades. En ese sentido, el presente estudio tiene como objetivo identificar las
características clave de las pequeñas y medianas empresas argentinas que utilizan las
universidades para realizar innovaciones. Para ello, se utiliza el modelo logit binomial a
partir de la base de datos de la Encuesta Nacional de Dinámica de Empleo e Innovación
(ENDEI), de Argentina. Los resultados muestran que la capacidad de absorción, las
condiciones de apropiabilidad, el nivel de recepción de flujos de informaciones, el grado
de implicación en actividades de mayor complejidad y la intensidad tecnológica del
sector en cuestión son factores que afectan positivamente la decisión de las empresas de
vincularse con las universidades para cooperar.
Palabras clave: Universidades, Cooperación, Argentina, PMEs
Resumo
A cooperação com agentes externos tem se tornado cada vez mais importante para as
empresas desenvolverem processo inovativo. Dentre os diferentes agentes com que as
empresas podem cooperar, um dos que tem papel relevante são as universidades. Nesse
sentido, o presente estudo tem como objetivo identificar as características chave das
pequenas e médias empresas argentinas que utilizam as universidades para realizar
inovações. Para tanto, utiliza-se o modelo logit binomial a partir da base de dados da
Encuesta Nacional de Dinámica de Empleo e Innovación (ENDEI), da Argentina. Os
resultados mostram que a capacidade de absorção, as condições de apropriabilidade, o
nível de recebimento de fluxos de informações, o grau de engajamento em atividades de
Recibido 13 de julio 2020 / Aceptado 24 de setiembre 2020.
*
Mestre em Economia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e economista da Centrais
Elétricas de Santa Catarina (CELESC). Correo electrónico: hpcampos2@gmail.com
**
Doutor em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e professor titular
colaborador dos Programas de Pós-Graduação em Economia e em Administração da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC). Correo electrónico: fecario@yahoo.com.br
***
Doutor em Economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor adjunto do Curso de
Graduação em Economia e Relações Internacionais e do Programa de s-Graduação em Propriedade
Intelectual da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Correo electrónico:
pablofelipe.bittencourt@gmail.com
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maior complexidade e a intensidade tecnológica do setor de atuação são fatores que
afetam positivamente a decisão das empresas vincularem às universidades para
cooperação.
Palavras-chave: Universidades, Cooperação, Argentina, PMEs.
Abstract
Cooperation with external actors has become increasingly important for companies to
develop an innovative process. Among the different agents with which the firms can
cooperate, one of which has role of relevance are the universities. In this sense, the
present study aims to identify the key characteristics of small and medium sized
Argentina firms that use universities to carry out innovations. For this, the binomial
logit model is used from the data base of the Encuesta Nacional de Dinámica de
Empleo e Innovación (ENDEI) of Argentina. The results show that the absorptive
capacity, the appropriability conditions, the knowledge spillovers received, the degree
of engagement in activities of greater complexity and the technological intensity of the
sector of performance are factors that positively affect the decision of the firm linking to
the universities to cooperation.
Keywords: Universities, Cooperation, Argentina, SMEs.
JEL: 03; 032
1. Introdução
Na concepção original de Schumpeter (1982), o desenvolvimento depende da
introdução de novas combinações expressas na forma de novos produtos, processos,
matéria prima, mercado e organização que modificam a estrutura do sistema econômico.
Nesse curso, cabe à pessoa do empresário a função de introduzir as novas combinações.
Essa concepção, contudo, modificou-se ao longo do desenvolvimento da matriz teórica
schumpeteriana em que os autores neoschumpeterianos, dentre os quais Lundval et al.
(1992) e Nelson e Rosenberg (1993), passaram a considerar as antigas novas
combinações em hodiernas inovações, como provenientes do ambiente institucional
sistêmico. Assim, vários atores universidades, institutos de pesquisa, governos,
bancos, associações de classe, fornecedores, clientes, entre outros além da empresa
passaram a ser responsáveis pelo desenvolvimento do processo inovativo.
Nesses termos, estabelece-se um sistema de inovação, constituído de estruturas
econômicas e institucionais, que desenvolve ações interativas voltadas a promover
inovações. Atores participantes, privados e públicos, formam redes de interação, cujas
ações definem projetos e estratégias, bem como, ações e instrumentos que afetam a taxa
e o rumo das mudanças técnicas e organizacionais da sociedade. Diante da participação
coletiva, o processo inovativo é marcado por cooperação entre os atores, que, longe de
ser uma constituição fácil, é visto como algo complexo e dependente de arranjos. Como
o processo inovativo requer vários domínios conhecimentos, informações, recursos,
infraestrutura etc. - cada ator individual busca completar suas propriedades, recorrendo
a outros pares. Nesse sentido, não é sem razão que a cooperação entre atores é vista
como requerimento fundamental para que se obtenha êxito, em atividade marcada por
elevado grau de incerteza.
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Diante da crescente complexidade do processo inovativo, empresas buscam, a
partir de fontes externas de conhecimento, aumentar a base de conhecimento interna,
além de reduzir os custos e o risco da inovação, visando acessar novos mercados. Nesse
contexto, dentre as diferentes entidades com os quais a empresa pode cooperar, figuram
as universidades como importantes agentes para o sistema de inovação, uma vez que
respondem por grande parte do avanço das fronteiras científica e tecnológica e pelo
fornecimento de mão de obra qualificada. Além disso, constituem instâncias promotoras
de formas de aprendizado e de desenvolvimento local/regional, bem como representam
fontes auxiliares na conexão com os demais atores participantes do sistema de inovação.
Como instâncias que geram, desenvolvem e transferem conhecimento, as
universidades têm sido objeto de estudo em sua interação com empresas dentro de um
sistema de inovação. Pequenas, médias e grandes empresas recorrem às universidades
para se beneficiarem dessas características e funções. No entanto, estudos empíricos
sobre essa relação, principalmente no caso latino americano, são bastante escassos.
Nesse curso, torna-se relevante investigar os motivos que levam as pequenas e médias
empresas (PMEs) a constituírem vínculos com universidades, bem como os efeitos
gerados.
Assim, com o intuito de realizar tal investigação, utilizou-se a base de
microdados da Encuesta Nacional de Dinámica de Empleo e Innovación (ENDEI), que
fornece dados de empresas da Argentina, esperando-se, com os resultados alcançados,
contribuir para maior entendimento da dinâmica inovativa de empresas de pequeno e
médio porte em países latino-americanos.
Estruturalmente, o presente estudo está organizado em cinco seções,
apresentando, nesta primeira, o objetivo da pesquisa; na segunda, realiza-se o
tratamento teórico, com foco em sistema de inovação e relações cooperativas e
interação universidade-empresa; na terceira, explicam-se os procedimentos
metodológicos, com destaque para a base de dados e as variáveis utilizadas no modelo
proposto; na quarta, apresentam-se os resultados obtidos; e, por fim, na quinta, faz-se a
conclusão.
2. Tratamento teórico-analítico: abordagem neoschumpeteriana
2.1 Sistemas de Inovação: significado e características
Vários autores procuram expressar o significado de Sistema Nacional de
Inovação (SNI). Lundvall (1992, p. 89) aponta que um SNI expressa: “os elementos e
relacionamentos que interagem na produção, difusão e utilização de conhecimentos
novos e economicamente úteis e estão localizados dentro ou enraizados nas fronteiras
de um Estado-nação. Em outro trabalho, Edquist e Lundvall (1993) apontam que o
SNI é constituído pelas instituições e estruturas econômicas que afetam a taxa e o
sentido da mudança tecnológica da sociedade. Por sua vez, Freeman (1987) considera
o SNI uma rede de instituições, tanto no setor público quanto privado, cujas atividades
e interações iniciam, importam e difundem tecnologias.
Estudo de Nelson e Rosenberg (1993, p. 4) conclui que tal sistema “é um
conjunto de instituições nas quais as interações realizadas definem o desempenho
inovador das empresas nacionais”; enquanto, para Niosi et al. (1993), o SNI constitui
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um sistema de interação das empresas privadas e públicas, universidades e agências
governamentais no propósito de criar condições para o desenvolvimento da ciência e
tecnologia dentro da fronteira territorial de um país. Enquanto, Edquist (1997) observa
que as firmas interagem com outras organizações, como fornecedores, consumidores,
competidores, universidades, institutos de pesquisa, bancos, escolas e governo para
ganhar, desenvolver e trocar vários tipos de conhecimento, informação e outros
recursos.
Visando promover o processo inovativo, um SNI deve contar com algumas
características, como o desempenho ativo das áreas de Ciência e Tecnologia (C&T),
gastos permanentes em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), busca de relações ativas
das firmas com os institutos de pesquisa e outras instituições, promoção da educação e
treinamento da força de trabalho, dentre outras medidas (Edquist, 2010).
Além da abrangência nacional, existem outras dimensões onde imperam os
sistemas de inovação, com destaque para os âmbitos regional e setorial. Um Sistema
Regional de Inovação (SRI) pauta-se por interações de atores pertencentes a estruturas
inovativas em determinada região, cuja configuração contém certos critérios, como
delimitação geográfica, infraestrutura regional, identidade e coesão social, governança
específica, etc. (Doloroeux, 2002). Um Sistema Setorial de Inovação (SSI) é composto
por atores institucionais que atuam numa determinada indústria e tecnologia,
focalizando suas características, bem como incentivando e explorando as oportunidades
tecnológicas decorrentes (Caccomo, 1998).
Agrega-se a esse quadro de abrangência citado, a moderna organização da
produção, posta na forma de cadeias globais de valor, as quais expressam a integração
de etapas desde a concepção, fabricação, distribuição até o consumo por diferentes
empresas e mercados, situados em distintos espaços geográficos nacionais (Gereffi;
Fernandesz-Stark, 2011). Essas cadeias possibilitam o desenvolvimento de sistemas
inovativos, integrando as empresas capacidades internas e as instituições
regramentos, estímulos domésticas em nível mundial. Nesse contexto, fluxos de
conhecimento transitam pelas redes produtivas e alimentam aprendizados interativos
(Lundvall et al. 2015), que, sustentadas pelas formas de governança mercado,
modulares, relacionais, cativas e hierárquicas, abrem espaços para desenvolvimento
inovativo (Pietrobelli; Rabelotti, 2009; Gereffi et al., 2005).
Com esse entendimento ressalta-se, ainda, que fatores históricos, geográficos,
econômicos, culturais políticos, organizacionais e estratégicos de desenvolvimento de
cada país conduzem à existência de diferentes sistemas de inovação (Johnson; Lundvall,
1994), sendo que, diante de características distintas, torna-se impossível transportar
modelos, embora exitosos, na sua totalidade. Os sistemas de inovação virtuosos servem
de norte para a construção de sistemas de inovação próprios, porém impossíveis de
apresentarem mesma performance (Nelson; Rosenberg,1993).
A abordagem de um sistema de inovação está relacionada com a teoria do
aprendizado, entendendo-se que a aprendizagem é um fenômeno diversificado e amplo,
que pode ser interpretado de distintas formas, não obstante ser caracterizado como
interativo e cumulativo e que não pode ser compreendido sem os contextos
institucionais. Em reforço a essa ocorrência, figura a compreensão de que a capacidade
de inovar não se resume a esforços individuais, pois depende, também, de arranjos
institucionais sistêmicos. Sobre esses arranjos, observa-se que manifestam diferentes
formas de aprendizagem buscar, fazer, usar, interagir, entre outros, que se expressam
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em conhecimentos tácitos e codificados, complexos e difundidos (Pereira; Dathein,
2012). Nelson e Nelson, (2002) apontam que o aprendizado se encontra na evolução das
trajetórias físicas estrutura material, divisão do trabalho e das tecnologias sociais
ação, rotina, hábitos presentes nos processos inovativos.
Não obstante, os sistemas de inovação se deparam com ocorrências que
reduzem o desenvolvimento de processos inovativos. Citando várias ocorrências, Niosi
(2002) afirma que um país pode ter uma estrutura institucional enraizada, sem
conseguir abandonar nculos com o passado, dificultando a adoção de novos
requerimentos do novo paradigma tecnológico; ou, ainda, manter sistemas de regras
inadequadas, como o de regime de propriedade proteção desestimulando, esforços
inovativos. Assim como, o país pode se deparar com ausência ou limitado número de
universidades, centros de formação técnica e profissional e institutos de pesquisa, ou
apresentar ausência ou barreira à circulação das informações e conhecimento para os
atores participantes.
Nesses termos, não é sem razão que a presença do Estado se torna fundamental
na construção e no desenvolvimento eficaz de um sistema de inovação. Como observa
Pérez (2003), o Estado tem capacidade de juntar os diferentes interesses, auxiliar na
superação dos problemas e promover incentivos diversos, que propiciam as inovações
no âmbito macro institucional. Da mesma forma, tem capacidade de elaborar normas,
leis e outros aparatos normativos reguladores, bem como políticas de desenvolvimento
que afetam a direção do processo inovativo. Além disso, o Estado possui capacidade
de promover inovações através de suas empresas e órgãos públicos, como as empresas
do setor produtivo estatal, universidades e institutos de pesquisa (Pérez, 2003).
2.2 Relações cooperativas e interação universidade-empresa
Na literatura sobre sistemas de inovação, o processo inovativo é visto como algo
complexo e dependente. Para que ocorra com êxito, na grande maioria das vezes, requer
interação entre uma série de agentes e instituições (Freeman, 1995; Lundvall et al.,
2002). Com a crescente complexidade do processo de aprendizagem, exigindo o
conhecimento de diversos domínios, as empresas vêm buscando fontes externas de
habilidade e conhecimento visando complementar sua capacidade própria. Nesse caso,
entende-se que a empresa dificilmente consegue inovar sozinha (Faria, et al., 2010).
Com a cooperação aumentam e melhoram as fontes de informação disponíveis à
empresa, fazendo com que ela adquira novos conhecimentos e habilidades (Pérez-Luño
et al., 2011). O termo “cooperação”, nesse sentido, pode ser definido como a
colaboração entre dois ou mais parceiros com o intuito de desenvolver produtos novos
ou substancialmente aprimorados (Becker; Dietz, 2004).
Vários motivos levam as empresas se vincularem às outras entidades para
realizar desenvolverem atividades inovativas. Alguns desses motivos são: o acesso a
novos mercados; a obtenção de economias de escala e escopo; a redução de custos e do
risco associado ao processo inovativo; o compartilhamento dos esforços de pesquisa e
habilidades; razões relacionadas com a capacidade de absorção da firma; e o
desenvolvimento, de modo mais rápido, de novos produtos (Becker; Dietz, 2004;
Hagedoorn et al., 2000; López, 2008).
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De modo geral, existem diversas variáveis que vem sendo apresentadas na
literatura como determinantes para a relação de cooperação das empresas com outras
entidades. Uma primeira que pode ser destacada é o grau de capacidade de absorção,
que pode ser definida como a habilidade para reconhecer o valor de novas
informações, assimilá-las e aplicá-las para fins comerciais (Cohen; Levinthal, 1990,
p.28), estando positivamente correlacionado com a propensão a inovar. Nessa
perspectiva, quanto maior for a capacidade de absorção das empresas, maior será o
benefício do compartilhamento de atividades inovativas, uma vez que essas são mais
capazes de absorver os conhecimentos externos, provenientes das entidades parceiras
(Ebers; Maurer, 2014; Ince et al., 2016; Franco et al., 2012; Egbetokun; Savin, 2015).
Cohen e Levinthal (1990) mostram, ainda, que a capacidade de absorção é uma
função do conhecimento acumulado que a empresa possui. Nesse sentido, uma segunda
variável que ganha grande importância é a qualificação dos indivíduos que fazem parte
da empresa, que trabalhadores com maior qualificação, além de aumentar a base de
conhecimento da empresa, possuem maior habilidade também para adquirir e assimilar
conhecimentos externos (Zahra; George, 2002).
Nessa linha, Cassiman e Veugelers (2002) e Schmidt (2005) enfatizam a
importância para a inovação dos fluxos de conhecimento em cooperação, apontando
que, quanto mais a empresa recebe e consegue adquirir os conhecimentos externos,
maior será a propensão a cooperar. Contudo, na situação inversa, o da saída de
conhecimentos, tem-se efeito ambíguo. De acordo com os autores, para que as empresas
cooperem, também são necessárias boas condições de apropriabilidade, limitando o
vazamento de informações comercialmente importantes. Nesse cenário, a cooperação
seria incentivada. Por outro lado, se as empresas possuem baixas capacidades de
apropriabilidade, a cooperação não seria atrativa.
Outra variável observada como recorrente na literatura para a definição das
empresas que cooperam no processo inovativo é o segmento em que atuam,
considerando que as mudanças tecnológicas ocorrem de maneira distinta nos diferentes
setores da economia. Pavitt (1984) divide os setores da economia em três grupos: i) os
dominados por fornecedores, em que as empresas não possuem grandes capacidades de
investimentos em P&D e nem elevado conhecimento técnico para realizar a inovação,
cabendo aos fornecedores os avanços tecnológicos; ii) os setores intensivos em
produção, que operam sobre economias de escala e as inovações se desenvolvem
intrassetorialmente; e, iii) os setores baseados em ciência, que são aqueles em que
um alto esforço de P&D das empresas, um elevado conhecimento científico, e as
inovações, quando ocorrem, se expandem rapidamente, contemplando uma ampla gama
de setores.
Com uma taxonomia mais moderna, Castellaci (2008) classifica as empresas em
quatro grandes grupos: i) as provedoras de conhecimento avançado, com alta
capacidade tecnológica e grande habilidade em criar e gerir conhecimentos de alta
complexidade; ii) as de produtos de produção em massa, constituídos de empresas de
grande escala, que possuem considerável capacidade para realizar as suas inovações
internamente; iii) as de serviços de infraestrutura, que abrange empresas de grande
porte, que produzem produtos de uso intermediário e que têm certa limitação no
desenvolvimento de novas tecnologias, as quais ocorrem pela aquisição de máquinas,
equipamentos e tecnologias vindas de outros setores; iv) as de bens e serviços pessoais,
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que possuem baixa capacidade inovativa, consistindo, principalmente, em inovações de
processo, e ocorrem em empresas de pequeno e médio porte de setores tradicionais.
Tanto na taxonomia de Pavitt (1984) quanto na de Castellacci (2008),
percebem-se grandes diferenças entre cada conjunto de segmentos econômicos no que
diz respeito ao nível de cooperação e ao tipo de cooperação utilizado nas atividades
inovativas. Os setores baseados em ciência, na primeira taxonomia, e os setores
provedores de conhecimento avançado, principalmente os intensivos em conhecimento,
na segunda taxonomia, utilizam mais fortemente a cooperação com a universidade para
a inovação. Por outro lado, os setores intensivos em produção ou de produtos de
produção em massa dependem mais da interação com fornecedores e clientes para a
realização da inovação.
O nível de engajamento em atividades inovativas de maior impacto aparece na
literatura também como um elemento importante na decisão da empresa de cooperar ou
não com outras entidades. De acordo com a literatura, indícios de que as relações
com entidades externas à empresa m um efeito positivo nas inovações radicais. Isso
ocorre porque as empresas que cooperam têm maior acesso a informações e podem
combinar seus pontos fortes com as entidades parceiras, desenvolvendo novas
tecnologias e produtos que não conseguiriam desenvolver sozinhas. Além disso, há
indícios empresas que introduzem as inovações mais avançadas utilizam a cooperação
principalmente com universidades e institutos de pesquisa, devido as inovações mais
avançadas demandarem maior conhecimento científico, encontrados nesse tipo de
instituições (Pérez-Luño et al., 2011; Tödtling et al., 2009).
Nesse contexto, a empresa realiza cooperação para fins inovativos com inúmeros
agentes, como fornecedores, consumidores, concorrentes, instituições governamentais,
universitárias e associações representativas de classe, entre outras, destacando-se a
cooperação com as universidades, as quais, de acordo com Schartinger et al. (2006),
desempenham três papéis principais no sistema de inovação. Primeiro, realizam a
pesquisa científica de forma geral, ajudando a elevar a fronteira tecnológica no longo
prazo; depois, produzem parte do conhecimento necessário à produção industrial, como
novos protótipos e processos; e, por último, são as grandes fornecedoras de mão de obra
qualificada para os departamentos de P&D internos e externos das empresas.
As universidades podem, ainda, contribuir fortemente para as mudanças
técnicas, captando e transmitindo os conhecimentos da fronteira tecnológica existente.
Em um país em desenvolvimento, elas se mostram cruciais para complementar e
substituir os departamentos de P&D internos da empresa, bem como para auxiliar na
conexão e no estabelecimento dos elos dos sistemas de inovação (Albuquerque, 1999
apud Bittencourt, 2018).
Da mesma forma, a universidade figura como instância de promoção do
aprendizado. Segundo Lundvall e Johnson (1994), o aprendizado encontra-se presente
em toda sociedade, posto que o sucesso individual de empresas e de regiões depende
da capacidade de aprender, para fazer frente ao contexto de mudanças rápidas nos
ambientes econômicos e sociais. Nesse quadro, a universidade constitui espaço para
que o aprendizado alimente várias formas de conhecimento: know why (princípios e
leis); know what (fatos e informações); know how (habilidade fazer algo); e, know who
(específico do que fazer). Dessa forma, algumas se encontram mais presentes no
espaço universitário, como know-why e know-what, e outras se manifestam em menor
inserção, embora, no conjunto, expressam e contribuem para a universidade exercer
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funções de ensino, pesquisa e extensão (Charles, 2006).
Segundo Harrison e Turok (2017), a expansão das universidades ao redor do
mundo atribuiu a elas papéis e responsabilidades relevantes. A universidade, além de
gerar conhecimento e formar capital humano qualificado, tem muito mais a oferecer, já
que se constitui parte do desenvolvimento territorial em que se encontra. A presença da
universidade em determinada região gera, também outros impulsos
desenvolvimentistas: investimentos em construção e equipamentos, o crescimento da
renda, a movimentação de estudantes e consumidores, e impactos sociais e culturais.
Além disso, aprende a conhecer as características das instituições locais em seus
relacionamentos, contribuindo, assim para o desenvolvimento regional (Karlsen,
2005).
Os estudos empíricos que analisam a relação de cooperação entre universidades
e empresas são relativamente pouco numerosos na literatura. Alguns trabalhos
empíricos são de Monjon e Waelbroeck (2003), Fritsch e Slavtchev (2006), Maietta
(2015) e Cardamone et al. (2015). Entre características das empresas que utilizam a
universidade para inovar estão a proximidade geográfica, o tamanho da empresa, as
condições de apropriabilidade e a capacidade de absorção dos fluxos de conhecimento,
a intensidade tecnológica do setor de atuação da firma, o nível de engajamento em
atividades de maior conteúdo tecnológico, dentre outras. Destacam-se, nesse sentido, os
esforços teóricos que tratam da constituição do padrão espacial de interação
universidade-empresa (Garcia et al., 2014). Na conformação desse padrão são
considerados os atributos: qualidade das pesquisas realizadas; desempenho acadêmico;
qualidade e tempo de atuação dos pesquisadores; e regiões urbanas e diversificadas
capazes de gerar cooperação (Stoper; Venables, 2004; Bischop et al., 2011).
Mais especificamente, no que diz respeito aos estudos empíricos relação de
cooperação entre as PMEs latino-americanas e as universidades, a literatura é bastante
rara. Gonçalo e Zanluchi (2011), estudando as empresas de tecnologia da informação do
Rio Grande do Sul, apontam que os motivos que levaram as PMEs a cooperarem com as
universidades no processo inovativo são principalmente a aquisição de capacidades para
a competição e o acesso a recursos da universidade, como estrutura física, recursos
humanos e incentivos governamentais.
Em outro estudo, Moraes Silva et al. (2020), analisando microdados do Brasil
da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC), estudaram o papel da universidade na
redução das barreiras financeira e de conhecimento no processo inovativo das PMEs. Os
autores concluem que as empresas de serviços empresariais intensivos em conhecimento
tendem a utilizar as universidades como uma forma de mitigar as barreiras financeiras
da inovação, enquanto as empresas que produzem produtos de alta tecnologia tendem a
buscar as universidades para amenizar as barreiras de conhecimento. Entretanto, apesar
de auxiliar, no entendimento dos autores o papel da cooperação com as universidades
não é crucial para a diminuição das barreiras inovativas das PMEs.
3. METODOLOGIA
A fonte de dados utilizada no presente artigo provém da pesquisa Encuesta
Nacional de Dinámica de Empleo e Innovación (ENDEI), elaborada pelo Ministerio de
Trabajo, Empleo y Seguridad Social (MTEySS), juntamente com o Ministerio de
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Ciencia, Tecnología e Innovación Productiva da Argentina e com o Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID). A referida pesquisa abrange o triênio de
2010 a 2012, sendo que as variáveis qualitativas apresentam um único valor para o
período de análise, enquanto as variáveis quantitativas possuem um valor para cada ano
do período da pesquisa.
A construção da amostragem das empresas entrevistadas na ENDEI considera as
empresas com mais de 10 trabalhadores registrados no Sistema Integrado Previsional
Argentino (SIPA), que, em 2011, registrava 18.900 empresas com essa característica.
Foram montados diversos estratos, agrupando as empresas em setores e em tamanho.
Para a seleção da amostra, utilizou-se um algoritmo com probabilidade uniforme dentro
dos estratos, exceto aqueles que possuíam menos de 20 empresas.
Após a realização desse processo, a ENDEI obteve levantamento de 3.691
empresas, constituindo, assim, a amostra total da sua pesquisa. Para o presente estudo, a
amostra abrange apenas as PMEs, considerando as empresas que possuem menos de
100 funcionários
1
, dessa forma, ficando constituída por 2.921 empresas, uma vez que as
grandes empresas foram excluídas da base de dados. É relevante ressaltar que, devido a
essa técnica de amostragem, é preciso considerar os fatores de ponderação fornecidos
pela ENDEI ao realizar a estimação, balanceando a amostra de acordo com as
ocorrências na população.
Posto isso, para analisar a cooperação entre universidades e empresas foi usado
um modelo logit binomial. Nesse modelo, tem-se a escolha do tipo binária, em que a
decisão depende de uma variável latente,
, que é determinada por uma ou mais
variáveis explicativas
2
. Assim, como variável dependente, utilizou-se uma dummy, que
assumiu o valor 1 caso a empresa tenha apresentado cooperação com a universidade
para o processo inovativo, ou 0 caso esse tipo de cooperação não tenha sido utilizado,
constituindo a categoria de referência. Consideraram-se realizando cooperação com as
universidades as empresas que responderam afirmativamente ao menos uma das oito
questões contidas na Tabela A.1 dos anexos. Resumindo, a especificação do modelo
atribui uma variável latente,
, para uma variável dependente observável,
, da
seguinte forma:
 
 
De modo que a variável latente é definida por:
 
 
Em que, é a constante,
é o vetor com as variáveis endógenas, é o vetor de
parâmetros e
é o termo estocástico, que assume uma distribuição logística
padronizada, como média zero e variância 
.
1
De acordo com ENDEI (2014), na Argentina, considera-se como empresas de pequeno porte as que possuem de 10
a 25 funcionários; de médio porte, as que possuem entre 26 e 99 empregados; e de grande porte, as que possuem 100
ou mais trabalhadores. Nesse sentido, uma diferenciação do padrão utilizado no Brasil, em que as pequenas
empresas são as que possuem até 99 funcionários; as médias, que possuem entre 100 e 499 empregados; e as grandes
possuem mais de 500 funcionários. Na OCDE, os limites são de até 49 para pequenas, até 250 para médias e mais de
250 para as grandes empresas. Nota-se que a classificação é divergente entre os países, decidindo-se por utilizar a
classificação argentina para adequação à base de dados.
2
Para mais detalhes dos modelos de escolha binária, ver Greene (2002) e Gujarati (2011).
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81
Para a definição das variáveis independentes, foram utilizadas as que aparecem,
amplamente na literatura sobre o tema da cooperação nas atividades inovativas,
enfatizada na seção anterior deste artigo. São essas as variáveis: a qualificação da força
de trabalho; os métodos de proteção utilizados; as fontes externas utilizadas; o nível
tecnológico do segmento econômico de atuação; o nível de engajamento; se a empresa é
exportadora; se promove inovações de caráter radical; se possui departamento de P&D;
e, por fim, se a empresa possui capital internacional na composição do seu capital total.
Essas variáveis podem ser classificadas em quatro grandes grupos: i) as relacionadas
com a capacidade de absorção da empresa; ii) as associadas ao padrão setorial de
inovação; iii) as relacionadas ao fluxo de informação e condições de apropriabilidade da
empresa; e iv) as associadas à competitividade e radicalidade das inovações da empresa.
A qualificação da força de trabalho, o nível de engajamento em atividades
inovativas e o fato de a empresa possuir um departamento de P&D são utilizados como
proxys da capacidade de absorção das empresas. Essa capacidade é positivamente
correlacionada com as três variáveis utilizadas, de modo que uma empresa que possui
uma força de trabalho qualificada, alto engajamento em atividades inovativas e um
departamento formal de P&D tem mais possibilidade de absorver os conhecimentos
externos a ela. Portanto, em teoria, a capacidade de absorção está positivamente
correlacionada com a propensão a utilizar parceiros na inovação, esperando-se que ela
tenha um impacto positivo no modelo (Cohen; Levinthal, 1990; Ebers; Maurer, 2014;
Ince et al., 2016).
Para medir a qualificação da força de trabalho, utilizou-se uma dummy, que
assume valor 1, caso a empresa possua maior proporção de graduados do que a média
de todas as empresas da amostra
3
; ou 0, caso contrário, sendo a categoria de referência.
O nível de engajamento é captado pela soma do número de atividades inovativas
realizadas pela empresa, a saber: P&D interno, P&D externo, aquisição de máquinas e
equipamentos, aquisição de hardware e software para a inovação, transferência
tecnológica, capacitação para a introdução de inovações, consultorias, e desenho
industrial e engenharia. As empresas que utilizaram duas ou menos dessas atividades
receberam o número 1, correspondendo a um engajamento baixo; as que realizaram de 3
a 5 atividades inovativas receberam o número 2, representando um engajamento
moderado; e as que promoveram mais de 5 tipos de atividades inovativas receberam o
número 3, correspondendo a um engajamento alto. Por fim, utilizou-se variável binária
que assume valor 1, caso a empresa possua um departamento interno de P&D; e 0, caso
contrário, sendo esta a categoria de referência.
Em conformidade com a literatura sobre padrões setoriais de inovação, foi
incluída uma variável binária para os níveis de intensidade tecnológica dos segmentos
econômicos. Desse modo, realizando um cruzamento entre as taxonomias de Pavitt
(1984) e de Castellacci (2008), pode-se perceber que os setores econômicos com maior
propensão a utilizar as universidades para inovar são aqueles de maior dinâmica
tecnológica. A ideia é que as empresas com maior complexidade tecnológica utilizem
mais a cooperação das universidades, uma vez que esta tem um papel destacado em
elevar a fronteira tecnológica, como mencionado anteriormente.
As empresas foram classificadas em três grupo: alta, média alta e média baixa
intensidade tecnológica, conforme a classificação da OCDE (2011), como pode ser visto
3
A média da proporção de graduados entre o período de 2010 a 2012 foi de 7,2%, para as empresas constantes na
amostra da ENDEI.
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na Tabela A.2 dos anexos. Foi utilizada uma variável binária, que recebe 1 para cada um
desses grupos; e 0, caso sejam segmentos de baixa intensidade tecnológica, constituindo
a categoria de referência.
Seguindo o trabalho de Cassiman e Veugelers (2002), foram inseridas duas
variáveis referentes aos fluxos de informações das empresas. A primeira diz respeito aos
spillovers de conhecimento recebidos pela empresa Para captar esse efeito, utilizou-se
uma variável contendo o número de fontes externas de informações usadas pela empresa
no processo inovativo. Na ENDEI (2014), são 10 as fontes de informações externas
possíveis: outras empresas do grupo; fornecedores ou clientes; concorrentes;
consultores; universidades públicas e privadas; instituições públicas de ciência e
tecnologia; internet e redes de informação; câmaras empresariais, feiras, exposições e
congressos; conferências; e, publicações técnicas, revistas e catálogos. Como a
cooperação com as universidades é a variável dependente do modelo, essa fonte de
informação externa não foi considerada
4
. Dessa forma, neste estudo, as possíveis
procedências das informações assumem valores de 0 a 9. Quanto mais fontes a empresa
utiliza, mais aberta ela é e, consequentemente, mais spillovers de conhecimento ela
recebe.
A segunda variável utilizada diz respeito às condições de apropriabilidade da
empresa. Para mensurar esse elemento, utilizou-se a soma dos métodos de proteção,
formais e informais, empregados pela empresa, a saber: chegar primeiro ao mercado;
fidelização dos clientes; controle das redes de distribuição e venda; manter questões
tecnológicas em segredo; acesso exclusivo a insumos; maior escala de produção;
desenho industrial; marcas; modelo; direitos autorais; contrato de confidencialidade,
contratos de exclusividade com os clientes; e, patentes. Assume-se que quanto mais
métodos de proteção a empresa utiliza, maior é a sua condição de apropriabilidade dos
fluxos de conhecimento.
Para mensurar o grau de engajamento da empresa em inovações de maior
impacto, utilizou-se usou-se uma dummy que assume valor 1, caso a empresa tenha feito
alguma inovação de caráter radical entre 2010 e 2012; e 0, caso contrário, sendo esta a
categoria de referência. Considerou-se que a empresa fez alguma inovação radical
quando introduziu produtos, processos, organizacionais ou comerciais inéditos em nível
mundial. Seguindo o trabalho de Tödtling et al. (2009), espera-se que essa variável
binária tenha um efeito positivo na cooperação com as universidades.
4
Utiliza-se esse procedimento para evitar uma alta colinearidade entre as variáveis.
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83
Tabela 1 Estatísticas descritivas das variáveis utilizadas nos modelos
Variável
Média
Desvio Padrão
Máximo
Mínimo
Dependente
Cooperação com Universidade
0,1187
0,3236
1
0
Independentes
Escolaridade
0,2639
0,4408
1
0
Métodos de Proteção
1,6155
2,2263
12
0
Empresa Exportadora
0,3159
0,4149
1
0
Nível de Engajamento
1,5611
0,7151
3
1
Inovação Radical
0,0588
0,2354
1
0
Fontes Externas
2,0445
2,3465
9
0
Departamento de P&D
0,076
0,265
1
0
Alta tecnologia
0,0985
0,2981
1
0
Média Alta Tecnologia
0,1793
0,3837
1
0
Média Baixa Tecnologia
0,1879
0,3907
1
0
Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da ENDEI (2014).
Como uma proxy da competitividade da empresa, utilizou-se o fato de a empresa
ser exportadora ou não. Espera-se que as empresas mais competitivas sejam mais
propensas a inovar, uma vez que a inovação é considerada um elemento importante para
a competitividade no longo prazo. As exportações podem ser vistas como uma boa
proxy para a competitividade, visto que, segunda a literatura, em geral, apenas as
empresas mais produtivas e competitivas conseguem exportar, pois a empresa
exportadora depara com concorrência global e mercados de maior complexidade,
fazendo-se necessário um maior nível de conhecimento do participante (Nielen,
Schiersch, 2016; Alvarez et al., 2009). Além disso, as empresas que vendem grande
parte de seus produtos no exterior são mais propensas à cooperação em P&D e podem
atribuir um maior grau de importância a elas (Dachs et al., 2008 apud Faria; et al.,
2010). Essa variável referente à exportação é uma dummy, que recebe valor 1, caso a
empresa tenha algum cliente no exterior; e 0, caso contrário, representando a categoria
de referência. As estatísticas descritivas de todas as variáveis utilizadas no modelo
podem ser vistas na Tabela 1.
4. RESULTADOS
Segundo os dados da ENDEI, a cooperação das empresas de todos os portes
micro, pequena, média e grande com universidades, visando o desenvolvimento de
processos inovativos situa-se em cerca de 16% das empresas. No entender dessas
empresas, a universidade constitui um espaço importância para criar, desenvolver e
transferir conhecimento.
Considerando os diferentes tipos de vínculos das PMEs inovadoras argentinas,
observa-se, segundo o Gráfico 1, que o relacionamento com universidade figura em
quarto lugar. A representatividade do vínculo com o meio acadêmico ficou próxima de
12%. No entender das empresas, outros tipos de vínculos são mais recorrentes: outras
empresas; consultores externos e câmaras empresariais; e, instituições de ciência e
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tecnologia. Pouco destaque foi dado aos tipos de vínculos relacionados aos programas
de governo e às empresas do grupo econômico subsidiárias e filiais.
Ao expressarem “outras firmas como principal tipo de vínculo utilizado, as
PMEs argentinas inovadoras ressaltam as interações com concorrentes, geralmente em
procedimentos de parcerias para elaboração de projetos inovadores, solução de
problemas tecnológicos e difusão de boas práticas inovativas; com os fornecedores,
postos pelas trocas de informações tecnológicas e solução de problemas conjuntos; e,
com os clientes, pelos vínculos que se estabelecem via repasse de informações acerca de
qualidades e problemas decorrentes do uso dos produtos, e como meio para captar
tendências de mercado a serem exploradas. O percentual apontado ficou próximo de
32% das empresas inovadoras que utilizaram esse vínculo para o desenvolvimento do
processo inovativo.
Na sequência da ordem de importância relativa dos tipos de vínculos das PMEs
inovadoras, figuraram como segundo mais importante, os consultores e as câmaras
empresariais. A participação relativa ficou em torno de 31%. Os consultores externos
trazem novidades técnicas e organizacionais a serem introduzidas, as quais, depois de
avaliadas, podem ser introduzidas internamente pelas empresas. De modo semelhante,
as câmaras empresariais das associações representativas de classe sindicatos,
federações e confederações passam informações e incentivam a formação de parcerias
tecnológicas.
Gráfico 1 Principais tipos de vinculação das PMEs empresas inovadoras na
Argentina - 2010 a 2012.
Fonte: Elaborado pelo autor com base em ENDEI (2014)
E, como terceiro mais importante tipo, figuraram as instituições de ciência e
tecnologia, cuja representatividade ficou em torno de 18%. Tais instituições de pesquisa
são mais especializadas, podendo se constituir por setor e por produto, com corpo
técnico geralmente qualificado e portador de muita experiência profissional, dado o
vínculo com a pesquisa aplicada.
No Gráfico 2, podem-se observar os motivos que levaram as PMEs a realizarem
cooperação com as universidades no processo inovativo. Dentre esses motivos, destaca-
se a capacitação de recursos humanos. Pouco mais de 50% das empresas que
cooperaram com as universidades, utilizaram como uma forma de capacitar a mão de
obra. Esse resultado reforça a preferência por uma das funções importantes da
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
Empresas do grupo
Programas públicos
Universidades
Instituições de ciência e tecnologia
Consultores e câmaras empresariais
Outras Firmas
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universidade, que é qualificar, através da atividade de ensino, pessoas para o exercício
profissional.
Gráfico 2 Principais motivos das PMEs empresas argentinas para a vinculação
com as universidades no processo inovativo 2010 a 2012.
Fonte: Elaborado pelo autor com base em ENDEI (2014)
Na sequência, como um dos principais motivos de relacionamento aparece a
realização de testes e ensaio, cujo percentual alcançado foi ao redor de 41%. Entende-se
que este motivo se relaciona ao atendimento de demanda empresarial de curto prazo,
voltada a verificar requerimentos técnicos normas, padrão e eficiência ; portanto, não
se configurando relacionamento de longo prazo. Trata-se de uma forma de cooperação
que se desenvolve a partir da estrutura dos laboratórios equipamentos, técnicos,
pesquisadores e auxiliares em formação em serviços voltados a expedir laudos
técnicos para a sequência de usos de matéria-prima, insumos, produtos etc. pelas
empresas.
As atividades diretas de P&D aparecem apenas na terceira posição, sendo
utilizadas por cerca de 30% das empresas que possuem relações com as universidades
no processo inovativo. Considera-se que o motivo apontado se refere às práticas de
atividades laboratoriais de longo prazo; portanto, figurando com de maior densidade de
relacionamento. Nesses termos, consistem em projetos de pesquisa firmados entre
equipes de pesquisadores da universidade e da empresa na busca inovativa de maior
conteúdo tecnológico, volume de recursos financeiros envolvidos não desprezível e
contratos de confidencialidade e de patenteamento.
Em quarto lugar, aparece a utilização das universidades como uma fonte para
melhorias em produto e processo. De modo geral, essas melhorias estão associadas a
inovações incrementais, como alterações e transformações em relação ao status
existente, modificações que venham ocorrer no design, na composição da matéria-
prima, na ergonomia, dentre outras alterações cnicas introduzidas, que melhoram as
performances existentes em qualidade, quantidade, eficiência, etc. Para as PMEs em
estudo, o motivo de recorrer à universidade para melhoria em produto e processo
alcançou a representatividade próxima de 23%.
Para analisar as características da vinculação entre universidade e empresa com
maior detalhamento, utilizou-se o modelo logit. No modelo, constam as variáveis
relacionadas à capacidade de absorção, condições de apropriabilidade e spillovers de
conhecimento recebidos, competitividade da empresa, grau de engajamento em
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Capacitação de Recursos Humanos
Testes e ensaios
P&D
Melhora em produto ou processo
Atividades de desenho industrial ou engenharia
Gestão ou certificação de qualidade
Intercâmbio tecnológico
Mudanças organizacionais
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86
atividades de maior complexidade e intensidade tecnológica da empresa. Os resultados
da aplicação do modelo podem ser vistos, na Tabela 2.
Tabela 2 Modelo Logit Estimado.
Variável
Constante
Erro padrão
z
P>|z|
Constante
-3,911***
0,228
-17,190
0,000
Escolaridade
0,699***
0,159
4,410
0,000
Métodos de Proteção
0,082**
0,037
0,024
0,011
Empresa exportadora
0,382**
0,175
2,190
0,029
Nível de engajamento
0,424***
0,123
3,440
0,001
Inovação radical
0,563**
0,236
2,390
0,017
Fontes Externas
0,114***
0,036
3,190
0,001
Departamento de P&D
0,657***
0,235
2,800
0,005
Alta tecnologia
0,457**
0,219
2,090
0,037
Média-alta tecnologia
-0,010
0,197
-0,050
0,956
Média-baixa tecnologia
0,275
0,191
1,440
0,149
Wald Chi2
224,59
-
-
-
Pseudo R²
0,1587
-
-
-
Count R²
0,886
-
-
-
Número de observações: 3691.
***
Significante a 1%;
**
Significante a 5%; e,
*
Significante a 10%.
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da ENDEI (2014).
Observa-se que, de modo geral, as variáveis seguem o comportamento de acordo
com a teoria e com os testes empíricos apresentados pela literatura, mesmo a amostra
tratando apenas de PMEs. O primeiro grupo de variáveis escolaridade, nível de
engajamento e empresa com departamento de P&D apresentou coeficientes positivos
e, estatisticamente, significantes, mostrando indícios de que as PMEs com maior
capacidade absortiva o mais propensas à cooperação com as universidades no
processo inovativo. Esse resultado ratifica a hipótese de que as empresas que possuem
uma boa capacidade para absorver os conhecimentos usariam mais a universidade, pois
possuem maior chance de se apropriar do conhecimento externo, conforme Cohen e
Levinthal (1990).
Em relação aos setores de atuação das empresas, o segundo grupo de variáveis,
os coeficientes seguiram, apenas em parte, os resultados esperados. As empresas que
atuam em setores de alta intensidade tecnológica apresentaram maior probabilidade de
usar as universidades para a cooperação, como indica a literatura. Por outro lado, de
acordo com os dados, as PMEs atuantes em ramos de média-alta e média-baixa
tecnologia não apresentaram coeficientes estatisticamente significantes; indicando que
não houve, em relação às empresas de baixa intensidade tecnológica, diferença na
propensão a cooperar com as universidades para inovar. Dessa forma, de acordo com as
taxonomias de Pavitt (1984) e de Castellacci (2008), esperava-se que os setores de
média-alta tecnologia também apresentassem um coeficiente positivo e estatisticamente
significante, pois estão nos segmentos dominados por ciência ou setores provedores de
conhecimento avançado.
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Os coeficientes das variáveis ligadas aos fluxos de informação, o terceiro grupo
de variáveis, também se mostraram estatisticamente significantes e positivos. Isso
indica que os slillovers de informação recebidos, medidos pelo número de fontes de
informação externas; e, as condições de apropriabilidade, mesuradas pela soma dos
métodos de proteção empregados foram consideradas variáveis relevantes para que as
empresas cooperem com as universidades para a inovação. As empresas com maiores
fluxos de informação e com melhores condições de apropriabilidade de conhecimento
mostraram uma maior probabilidade de se vincularem às universidades no
desenvolvimento de inovações, corroborando com os estudos de Cassiman e Veugelers
(2002).
Por sua vez, as empresas mais competitivas e engajadas em atividades de maior
complexidade, medidas pelas variáveis exportação e inovação radical, respectivamente,
também mostraram coeficientes positivos. Isso significa que as PMEs que exportam e
promovem inovações radicais têm, significativamente, mais chance de se vincularem às
universidades no processo inovativo, como esperado pela teoria. Os vínculos
cooperativos em atividades de P&D possibilitam a ocorrência de inovações disruptivas
de maior profundidade, resultando em modificações técnicas relevantes (Nielen;
Schiersch, 2016; Alvarez et al, 2009; Tödtling et al, 2009).
Uma análise mais aprofundada do efeito de cada variável pode ser realizada
partir dos efeitos marginais e das razões de chance das variáveis, mostradas na Tabela 3.
Analisando, inicialmente, os efeitos marginais, pode-se notar que as variáveis de maior
relevância foram a escolaridade e o fato de a empresa possuir departamento de P&D ou
não. Se a empresa tem uma proporção de graduados acima da média do mercado ou
possui um departamento de P&D, a probabilidade de ela utilizar a universidade como
fonte de cooperação relevante aumenta, em média, cerca de seis pontos percentuais. Os
indicadores 0,057 e 0,058 expressaram, respectivamente, tal interpretação. Esse mesmo
raciocínio vale para as demais variáveis.
Uma forma mais intuitiva de se avaliar os coeficientes do logit é através das
razões de chance. Por essa perspectiva, a partir da amostra estudada, analisando o
primeiro grupo relativo às variáveis de capacidade de absorção, pode-se observar que
uma empresa que possui a proporção dos empregados com graduação acima da média
ou conta com departamento de P&D apresentou cerca de duas vezes mais chances de
cooperar com a universidade no processo inovativo. De modo similar, uma empresa
com alto nível de engajamento tem cerca de 2 vezes mais chance de utilizar as
universidades para inovar do que uma empresa com baixo nível de engajamento.
No que diz respeito às variáveis relacionadas ao padrão setorial de inovação,
pode-se concluir que as empresas em ramos de alta tecnologia apresentaram, em média,
58% mais propensão à vinculação com as universidades no processo inovativo do que
as do ramo de baixa tecnologia. Nesses termos, referenda-se o argumento teórico-
analítico de que empresas que atuam em setor intensivo em conhecimento recorrem ao
meio acadêmico para auxiliar nos esforços inovativos, visto que a universidade possui
condições de criar, desenvolver e difundir conhecimentos complexos e de uso não
difundido facilmente. Inclusive, nesse campo, a empresa não se prende ao
relacionamento local ou da região onde se encontra a universidade, podendo deslocar a
demanda para outros espaços geográficos, buscando universidades com maior
desenvolvimento das pesquisas básica e aplicada (Garcia et al., 2014).
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As PMEs que promoveram inovações radicais, por sua vez, mostraram-se cerca
de 75% mais propensas a realização de vínculos cooperativos com as universidades do
que aquelas que não realizaram tal tipo de inovação. As inovações radicais, aquelas que
provocam mudanças técnicas maiores no status quo do paradigma tecnológico,
requerem conhecimento elevado, quadro de pesquisadores qualificado e experiente,
tempo constituído maior de pesquisa universitária, enfim maior proximidade com o
meio acadêmico qualificado (Stoper; Venables, 2004; Bischop et al., 2011).
Tabela 3 - Efeito Marginal e Razão de Chance do Logit Estimado
Variável
Efeito Marginal
Razão de Chance
Escolaridade
0,057
2,013
Métodos de Proteção
0,006
1,086
Empresa exportadora
0,028
1,467
Nível de engajamento
0,029
1,528
Inovação radical
0,048
1,756
Fontes Externas
0,008
1,12
Departamento de P&D
0,058
1,93
Alta tecnologia
0,038
1,58
Média-alta tecnologia
-0,001
0,99
Média-baixa tecnologia
0,020
1,317
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da ENDEI (2014).
As empresas que exportaram apresentaram aproximadamente 46,7% mais
chance de cooperarem com as universidades no processo inovativo do que aquelas que
não exportam. Trata-se de um percentual de média magnitude, que não pode ser
desprezado, dado que a atuação em mercado externo exige, em grande monta, maior
qualidade dos produtos oferecidos. A concorrência nesse mercado pode ser acirrada,
dependendo do setor de atuação empresarial, requerendo estar, constantemente, em
linha com padrão de concorrência. Nesse sentido, esforços voltados à promoção de
mudanças técnicas relevantes nos produtos oferecidos são permanentes, logo, procurar
universidades para cooperação tecnológica constitui um caminho seguro.
No que tange a apropriabilidade dos resultados alcançados com a inovação, cada
método de proteção adicional aumentou em 8,6% a chance de a empresa se vincular a
universidade para inovar. Nesses termos, uma empresa que utilizou os 12 métodos de
proteção contidos na ENDEI, tem cerca de 2 vezes mais chance de cooperar com a
universidade no processo inovativo do que uma empresa que não possui nenhuma fonte
de proteção. Tal resultado indica a grande relevância das condições de apropriabilidade
no relacionamento entre Universidade e PME, entendendo-se que as medidas protetivas
ao conhecimento inovativo contribuem fortemente na redução das incertezas
relacionados aos fluxos de informação entre as instituições.
No mesmo sentido, cada fonte externa de conhecimento que a empresa utiliza
aumentou em 12% a probabilidade de cooperação com as universidades. Uma empresa
que possui trocas de fluxos de informação com todas as fontes externas contidas na
ENDEI, tem cerca de 2 vezes mais chance de se vincular a universidade no processo
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inovativo do que uma empresa que não utiliza fontes externas no processo inovativo.
Entende-se, portanto, que as empresas mais abertas as trocas de conhecimento tendem a
manter uma relação de maior proximidade com as universidades.
5. CONCLUSÃO
O presente estudo baseou-se em informações da pesquisa Encuesta Nacional de
Dinámica de Empleo e Innovación (ENDEI), elaborada pelo Ministerio de Trabajo,
Empleo y Seguridad Social (MTEySS), Ministerio de Ciencia, Tecnología e Innovación
Productiva da Argentina e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no
propósito de verificar características reinantes na cooperação das PMEs inovativas em
relacionamento com universidades, na Argentina. Os resultados mostraram-se
semelhantes aos apontados em outros estudos desenvolvidos no Brasil, em especial o
coordenado por Suzigan et al. (2009) e (2011), demonstrando que as universidades
ainda são relativamente pouco utilizadas por empresas no processo inovativo. Na
presente pesquisa, observou-se que, antes de procurarem as universidades, as PMEs
inovativas recorreram a outras fontes como prioritárias em processos cooperativos: 1º.)
outras empresas concorrentes, fornecedores e clientes; 2º.) consultorias externas e
câmaras empresariais; e, 3º.) institutos de ciência e tecnologia, considerados como
institutos e centros de pesquisa, desvinculados das universidades.
Na situação de recorrerem às universidades, as PMEs elegeram como principais
tipos de vínculo, primeiro, a capacidade de formação de recursos humanos em
diferentes áreas profissionais, desde administração, contabilidade, economia,
engenharia, entre outras em linha com as áreas de atuação das empresas. Em segunda
ordem, foram eleitas as atividades desenvolvidas com testes e ensaios, expressando
demandas de curto prazo, no propósito de obter certificação, em atendimento aos
requerimentos técnicos exigidos pelas instituições reguladoras e pelas condições de
atuação no mercado. E, em terceiro plano, ficaram as atividades de P&D, considerando
que vínculos estabelecidos expressam aproximação das empresas para realização de
pesquisa de longo prazo, em aproveitamento do conhecimento complexo e de uso não
difundido, disponibilizado pelas universidades.
No tocante as empresas que se vincularam à universidade para inovar, medidas
através do modelo logit, os resultados apontaram como fatores relevantes para a
cooperação a capacidade de absorção, a intensidade tecnológica do setor de atuação, os
fluxos de informação, as condições de apropriabilidade, a competitividades e a
radicalidade nas inovações. Desses fatores, destaca-se a capacidade de absorção das
empresas, expressa no grupo de variáveis, como educação, nível de engajamento e
departamento de P&D. A representatividade alcançada por esse grupo referenda que
empresas com competência interna, são aquelas que possuem maiores condições de
absorver conhecimentos externos, e, por consequência, de recorrerem às universidades.
Em concordância com tal resultado, encontram-se os apresentados pelo modelo na
análise de cada variável a partir dos efeitos marginais, apontando para maior
probabilidade de cooperação com universidades, as empresas que possuem capacidade
de absorção considerável.
Outra análise foi realizada a partir das razões de chance, apontada pelo modelo
logit. Destaque para as variáveis binárias escolaridade e departamento de P&D, ambas
proxys das condições de apropriabilidade, que mostraram um alto impacto na
probabilidade da utilização das universidades no processo inovativo. As variáveis
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ordenadas relacionadas aos fluxos informações e as condições de apropriabilidade
também apresentaram destaques, indicando às PMEs que altos spillovers de informação
e condições para proteger os conhecimentos adquiridos, tendem a utilizar
significativamente as universidades para a realização de inovações.
Considerando os resultados alcançados, apontam-se recomendações que podem
auxiliar na elaboração de políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação (C&T&I) voltadas
às pequenas e médias empresas:
Implantar laboratórios de P&D internos à empresa;
Oferecer atividades de treinamento e capacitação aos funcionários;
Criar sistema de informação de acompanhamento do estado das artes do setor;
Desenvolver ações de capacitação tecnológica de fornecedores;
Promover treinamento gerencial em diferentes áreas internas;
Realizar arranjos para a interação com universidades e institutos de pesquisa;
Estimular a formação de alianças tecnológicas entre empresas;
Promover feiras, visitas, seminários, workshops e eventos em geral;
Construção de escolas, universidades e centros tecnológicos;
Estabelecer linhas de crédito voltadas para atividades inovativas; e,
Articular ações da governança empresarial com secretarias estaduais de inovação
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Anexos
Tabela A.1 Grau de Cooperação com a Universidade
A empresa se vinculou a universidade para alguma das atividades abaixo?
Sim
Não
Capacitação de recursos humanos
1
0
Pesquisa e Desenvolvimento
1
0
Intercâmbio tecnológico
1
0
Realizar testes e ensaios
1
0
Desenvolver melhoras em produto e/ou processos
1
0
Gestão ou certificação de qualidade
1
0
Mudanças organizacionais
1
0
Atividades de desenho industrial e engenharia
1
0
Fonte: ENDEI (2014), adaptado pelos autores.
Tabela A.2 Setores de Atividades e Distribuição das Empresas por Estratos
Sigla
Setor de atividade (Intensidade
Tecnológica)
Número de
Empresas no
setor
Participação no
total das empresas
(%)
S_A15
Alimentos (BT)
336
9,1
S_A17
Produtos têxteis (BT)
198
5,36
S_A18
Confecções (BT)
146
3,96
S_A19
Couro (BT)
135
3,66
S_A20
Madeira (BT)
131
3,55
S_A21
Papel (BT)
135
3,66
S_A22
Edição (BT)
136
3,68
S_A24
Produtos químicos (MAT)
181
4,9
S_A25
Produtos de borracha e plástico (MBT)
192
5,2
S_A26
Outros minerais não metálicos (MBT)
130
3,52
S_A27
Metais comuns (MBT)
129
3,49
S_A28
Outros produtos de metal (MBT)
228
6,18
S_A29
Maquinas e equipamentos (MAT)
121
3,28
S_A33
Instrumentos médicos (AT)
79
2,14
S_A35
Outros equipamentos de transporte (MAT)
74
2
S_A36
Móveis (BT)
133
3,6
S_A299
Máquinas-ferramentas em geral (MAT)
124
3,36
S_A1511
Frigoríficos (BT)
175
4,74
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95
S_A1520
Produtos lácteos (BT)
122
3,31
S_A1552
Vinhos e outras bebidas fermentadas (BT)
101
2,74
S_A2423
Farmacêuticas (AT)
136
3,68
S_A2921
Maquinaria agropecuária e florestal (MAT)
76
2,06
S_A2930
Eletrodomésticos (MAT)
81
2,19
S_A3012
Material elétrico, rádio, televisão (AT)
135
3,66
S_A3420
Carrocerias, reboques e semi-reboques (MBT)
37
1
S_A3430
Autopeças (MAT)
134
3,63
S_A9999
Outros
86
2,33
Fonte: Bittencourt (2018, p.21) com base em OCDE (2011).