Revista Pymes, Innovación y Desarrollo - 2020
Vol. 8, No. 2, pp. 31-51
ISSN: 2344-9195 http://www.redpymes.org.ar/index.php/nuestra-revista / https://revistas.unc.edu.ar/index.php/pid/index Pymes, Innovación y
Desarrollo – editada por la Asociación Civil Red Pymes Mercosur
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conteúdo e a dinâmica desta relação
. A coleta dos dados qualitativos foi feita a partir de
50 entrevistas realizadas entre 2008 e 2010 com importantes atores do sistema
farmacêutico de inovação brasileiro: empresas, universidades, instituições
governamentais e outras ligadas ao setor farmacêutico. As entrevistas foram baseadas
em questionários abertos, todas realizadas pessoalmente e gravadas. Os principais temas
abordados foram os fatores de motivação e as estratégias de interação, o papel do
governo, as atividades feitas em colaboração, o papel dos núcleos de inovação
tecnológica (NITs) e os principais obstáculos para a interação. Os principais achados da
pesquisa estão resumidos a seguir.
As empresas privadas nacionais estão aumentando sua participação no mercado,
especialmente através da produção de genéricos, o que representa uma difusão de
inovação estrangeira, e não geração de inovação dentro do país, mas que ainda assim
contribui para o desenvolvimento e crescimento das empresas e um melhor
posicionamento competitivo no mercado nacional. Todavia, o foco do setor na produção
de medicamentos genéricos, o pequeno tamanho da maioria das empresas, as limitações
de recursos e o desinteresse das empresas multinacionais em investir em atividades de
P&D, no Brasil, contribuem fortemente para explicar o baixo nível de inovações no
setor farmacêutico do país.
Por outro lado, apesar dos avanços, as universidades ainda estão pouco preparadas
para interagir com o setor empresarial estudado, e para difundir o conhecimento gerado
internamente para a sociedade como um todo
. A sua estrutura interna é fromada por
uma burocracia morosa e os NITs não estão totalmente preparados para funcionarem
como instituições ponte
. Além disso, há ausência do cargo de pesquisador e de
recursos financeiros para pesquisas que não sejam competitivos
.
As principais atividades colaborativas realizadas são prestação de serviços, testes de
caracterização de insumos e/ou produtos, que dependem dos equipamentos da
universidade e do conhecimento técnico já disponível para serem desenvolvidos, que
são realizadas aleatoriamente e por um breve período de tempo sem a agregação de
muito conhecimento e pesquisa.
As empresas nacionais estão motivadas a cooperar devido ao conhecimento das
universidades, a infraestrutura laboratorial e a possibilidade de financiamento
Na tese de doutorado de Paranhos (2010), o termo utilizado é relação empresa-instituições de ciência e tecnologia
(ICTs) por abrigar não só as universidades, mas também instituições de pesquisa. A inversão do termo, ou seja,
empresa em primeiro lugar, foi uma opção da tese para marcar a preponderância da empresa no processo de inovação.
Entretanto, optamos por, neste texto mais genérico, utilizar o termo universidade para todos os casos de pesquisa
pública e o termo já consagrado na literatura de relação universidade-empresa. Na tese para a interpretação dos
achados utilizou-se ainda método histórico comparativo a partir de um estudo paralelo da mesma relação e no mesmo
setor em um país central, a saber, o Reino Unido, mas estes resultados não foram relatados neste artigo, pois puderam
ser excluídos sem prejuízo dos demais achados.
A pesquisa realizada por Rocha et al (2012) mostra que os NITs formaram poucas parcerias/ licenciamento com
empresas farmacêuticas privadas após a Lei da Inovação, apesar de alguns poucos casos de sucesso alcançados no
mercado. Segundo os autores, é necessário um apoio mais direto aos NITs, que devem ter maior autonomia e
participação com a Universidade, o que não tem sido o caso.
Conforme também encontrado por Pinto (2019) e Machado et al. (2017).
Ou seja, os recursos orçamentários para a pesquisa são muito pequenos ou inexistentes e as universidades e os
centros de pesquisa dependem de captação de recursos para este fim a partir da participação em editais das Fundações
Estaduais de Apoio à Pesquisa ou do próprio governo federal. Como há concorrência para obtenção desses recursos,
eles foram denominados “recursos competitivos de pesquisa”.