Parteiras imigrantes: atuação, conflitos e redes de apoio no campo profissional (Porto Alegre, final do século XIX)

Contenido principal del artículo

Maíra Vendrame

Resumen

O presente artigo parte da análise de um processo-crime da última década do século XIX, que tem como ré uma imigrante europeia que desempenhava o ofício de parteira na capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Conflitos entre imigrantes que chegavam ao Brasil com qualificação profissional era um dos aspectos que marcava a trajetória daquelas mulheres que precisavam garantir uma inserção social, conquistar clientes e prestígio na sociedade. O trabalho das parteiras era amplo, indo além daquele ligado apenas a assistência ao parto, uma vez que eram conhecedoras de saberes e práticas diversas que vinham da medicina popular e da ensinada nas universidades. Um dos objetivos principais do trabalho é indicar para as possibilidades da utilização dos documentos judiciais no avanço dos estudos ligados aos campos de atuação das mulheres imigrantes em realidades urbanas. Desse modo, parte-se da análise de situações específicas para apreender as lógicas que orientavam os comportamentos, as percepções, expectativas e controles, sendo os dados nominativas tomados como fios condutores para mapear percursos individuais e coletivos em outras fontes documentais. Através do cruzamento das informações extraídas de documentos diversos, é possível apreender de maneira complexa as atividades, articulações, escolhas, bem sucedidas ou fracassadas, e desempenhos que marcam as experiências e o trabalho das parteiras imigrantes no Brasil.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Detalles del artículo

Sección
Dossier: Mercados terapéuticos en América Latina

Citas

Arend, J. F. (2020). Conflitos, justiça e estratégias no mundo camponês – Vila de São João de Santa Cruz (Rio Grande do Sul, (1878-1905). (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-graduação em História da Universidade do Vale do Rio dos Sinos: São Leopoldo.

Arend, S. M. F. (2001). Amasiar ou casar? A família popular no final do século XIX. Porto Alegre: Ed. da Universidade/UFRGS.

Barbosa, G. M. y PIMENTA, T. S. (2016). O ofício de parteira no Rio de Janeiro imperial. Revista de História Regional, 21(2), 485-510.

Brandão, N. S. (1998). Da tesoura ao bisturi, o ofício das parteiras, 1897-1967. (Dissertação de Mestrado). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul: Porto Alegre.

Careli, S. (2007). A imprensa regional e construção da opinião pública em torno do ofício de partejar nas duas últimas décadas do século XIX. Em ANPUH - XXIV Simpósio Nacional de História. São Leopoldo.

Carrillo, A. M. (1999). Nacimiento y muerte de una profesión. Las parteras tituladas en México. Dynamis, 19, 167-190.

Dahhur, A. (2019). La medicina popular bajo la lupa. Concepciones, discursos y prácticas de un arte de curar en la provincia de Buenos Aires (1870- 1944). (Tesis de doctorado). Universidad Católica Argentina: Buenos Aires.

Gans, M. R. (2004). Presença Teuta em Porto Alegre no século XIX. Porto Alegre: Editora da UFRJ/ANPUH/RS.

Ginzburg, C. (1991). O nome e o como: troca desigual e mercado historiográfico. Em A Micro-História e Outros Ensaios (pp. 169-178). Lisboa: DIFEL; Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

Ginzburg, C. (2015). Microhistory and World History. Em Bentley, J. H; Subrahmanyam, S.; Wiesner-Hanks, M. E. (Eds.), The Cambridge World History, VI: The Construction of a Global World, 1400-1800 CE, parte 2: Patterns of Change. (pp. 447-473). Cambridge: Cambridge University Press.

Levi, G. (2016). 30 anos depois: repensando a Micro-história. Em Vendrame, M., Karsburg, A., Moreira, P. R. S. (Orgs.), Ensaios de Micro-história, trajetórias e imigração (pp. 32-51). São Leopoldo: Editora OIKOS - Editora da Unisinos.

Levi, G. (2020). Micro-história e história global. En Vendrame, M. y Karsburg, A. (Orgs.), Micro-história, um método em transformação (pp. 19-34). São Paulo: Letra&Voz.

Mauch, C. (2004). Ordem Pública e moralidade: imprensa e policiamento urbano em Porto Alegre na década de 1890. Santa Cruz do Sul: EDUNIS/ANPUH-RS.

Medeiros, H. R. F.; Carvalho, D. M. y Tura, L. F. R. (2018). A concorrência na arte de partejar na cidade do Rio de Janeiro entre 1835 e 1900. História, Ciências, Saúde–Manguinhos, 25 (4), 999-1018.

Mott, M. L. (1994). Madame Durocher, modista e parteira. Revista de Estudos feministas, 2, 101-116.

Mott, M. L. (2005). Parteiras: o outro lado da profissão. Gênero, 6 (1), 117-140.

Mott, M. L. (2001). Fiscalização e formação das parteiras em São Paulo (1880-1920). Revista da Escola de Enfermagem da USP, 1, 46-53.

Mott. M. L.; Muniz, M. A.; Alves, O. S. F.; Santos, A. P. F.; Maestrini, K. y Santos, T. (2007). As Parteiras eram “tutte quante” Italianas (São Paulo, 1870-1920). História: Questões & Debates, 47, 65-94.

Mauss, M. (1974). Sociologia e Antropologia. São Paulo: Edusp.

Robles, L. C. D. y Sandoval, L. O. (2007). Las parteras de Guadalajara (México) en el siglo XIX: el despojo de su arte. Dynamis, 27, 237-261.

Silva, M. (2012). Reprodução, sexualidade e poder: as lutas e disputas em torno do aborto e da contracepção no Rio de Janeiro, 1890-1930. História, Ciências, Saúde–Manguinho, 19 (4), 1241-1254.

Schwartsmann, L. B. (2017). Médicos italianos no sul do Brasil (1892-1938). Porto Alegre: EDIPUCRS.

Vendrame, M. I. (2016). O poder na aldeia: redes sociais, honra familiar e práticas de justiça entre os camponeses italianos (Brasil-Itália). São Leopoldo: Oikos; Porto Alegre: ANPUH-RS.

Vendrame, M. I. (2017a). Donas do próprio destino? Experiências transnacionais de imigrantes italianas no Brasil meridional. En Vendrame, M. I. y Pereira, S. M. (Orgs.), Mulheres em movimento: experiências, conexões e trajetórias transnacionais (pp. 85-133). São Leopoldo: OIKOS - Editora Unisinos.

Vendrame, M. I. (2017b). Un Viaggio senza retorno: a trajetória de uma camponesa italiana no Brasil meridional. En Ruggiero, A.; Herédia, V. B. y Barausse, A. (Orgs.), História e narrativas transculturais entre a Europa Mediterrânea e a América Latina. (pp. 111-138). Porto Alegre: EDIPUCRS.

Vendrame, M. I. (2018). Segredos revelados: vergonha, escândalo e crime de infanticídio nos núcleos de colonização europeia no sul do Brasil. En Vendrame, M. I.; Mauch, C. y Moreira, P. R. S. (Orgs.), Crime e justiça: reflexões, fontes e possibilidades de pesquisa (pp. 100-135). São Leopoldo: Editora Oikos.

Vendrame, M. I. (2019). Loucas e criminosas: crimes femininos e controle social em comunidades de colonização europeia no Rio Grande do Sul (século XX). História (São Paulo), 38, 1-33.

Xavier, A. B. y Hespanha, A. M. (1993). Redes Clientelares. En Hespanha, A. M. (Coord.), História de Portugal. v. 4 (pp. 381-393). Lisboa: Editorial Estampa.

Wadi, Y. M. (2009). A história de Pierina: subjetividade, crime e loucura. Uberlândia: EDUFU.

Weber, B. T. (1999). As artes de curar: medicina, religião, magia e positivismo na República Rio-Grandense – 1889-1928. Santa Maria: Ed. da UFSM - Bauru: EDUSC.

Witter, N. A. (2001). Dizem que foi feitiço. As práticas da cura no sul do Brasil (1845 a 1880). Porto Alegre: EDIPUCRS.

Witter, N. A. y Moreira, P. R. S. (2020). “Costuma fornecer a diversas pessoas drogas abortivas”: O ofício das parteiras, disputas profissionais e sociabilidades femininas. Revista Mundos do Trabalho, en prensa.

Zárate Campos, M. S. (2007). Dar a luz en Chile, siglo XIX. De la “Ciencia de Hembra” a la ciencia obstétrica. Santiago de Chile: Ediciones Universidad Alberto Hurtado – Centro de Investigaciones Diego Barros Arana – Dibam.