A
LÍNGUA POLONESA AINDA TRANSITA
Myrna Estella Iachinski
Mendes[i]
Faculdade de Salém - Brasil Telêmaco Borba PR
myrnaiachinski@gmail.com
RESUMO
Este artigo
apresenta um recorte da tese sobre a Vitalidade linguística do polonês em
contato com o português no Sul do Brasil. Os resultados partem da aplicação de
questionários, divididos em dois momentos com o objetivo de diagnosticar o
estado e saúde da língua polonesa. Obteve-se a confirmação da maior presença do
polonês em todos os usos e domínios do ponto PR com maior
vitalidade, seguido do ucraniano. No ponto SC, a presença do italiano
destacou-se em diferentes domínios e o polonês praticamente extinto. Esse
diagnóstico corrobora para futuras ações de políticas linguísticas que auxiliem
na promoção e manutenção das línguas eslavas, no cenário das línguas
brasileiras.
Palavras-chaves: vitalidade linguística, manutenção e substituição da
língua, políticas linguísticas, promoção de línguas.
THE POLISH
LANGUAGE STILL TRANSIT
ABSTRACT
This article presents an excerpt of the thesis on the Linguistic Vitality
of Polish in contact with Portuguese in Southern Brazil. The results obtained
are based on the application of two questionnaires with the aim of diagnosing
the state and health of the Polish language. Greater presence of Polish was
confirmed in all uses and domains in PR, followed by the Ukrainian language. In
the state of SC, the presence of the Italian stood out in different domains and
Polish, there is no presence of Polish language. With these results, it is
understood that the Polish vitality is strongly present in PR state. For the
Polish, this diagnosis corroborates for future language policy actions that
help in the promotion and maintenance of Slavic languages, in the Brazilian
language scenario.
Keywords: linguistic vitality,
tongue maintenance and replacement, uses and domains, language policies,
language promotion.
O CONTEXTO DA IMIGRAÇÃO POLONESA PARA O BRASIL
A
imigração eslava para o Brasil ocorreu entre 1870 e 1939. Porém já na metade do
século XIX, começam a surgir nomes como, Durski e Trampowski no estado de Santa
Catarina, Gluchowski (2005). É quando, juntamente com a imigração alemã ao
Brasil, começaram a vir para o país poloneses da Alta Silésia, da Prússia
Ocidental e da Grande Polônia, ocupada pela Prússia durante as partilhas[1]:
No
primeiro período da emigração polonesa ao Brasil até 1889, vieram 8.080 almas,
das quais 7.030 ao Paraná,750 a Santa Catarina,300 ao Rio Grande do Sul e cerca
de 500 a outros estados. O segundo período, que abrange a “grande emigração”,
deu ao Paraná 14.286 almas, arredondando 15.000 almas, a Santa Catarina 5.000
almas, ao Rio Grande do Sul 25.000 almas, a São Paulo 13.500 almas, a outros
estados 5.000almas. Ao todo arredondando, 63.000 almas. No terceiro período,
até o ano de 1900, vieram ao Paraná 6.000 almas, a outros Estados- 500 almas
polonesas. Os ucranianos que vieram nesse período totalizaram 17.545 almas,
vindas quase que exclusivamente para o Paraná. O quarto e último período,
posterior ao ano de 1914, trouxe ao Paraná, 14.730 almas, a Santa Catarina
1.000 almas, ao Rio Grande do Sul 7.000 almas aos outros estados 2.000 almas.
Os ucranianos que vieram neste período foram 14.550. (Gluchowski, 2005, p. 39)
As
duas localidades escolhidas para a presente pesquisa colocam, nesse contexto,
situações opostas. Os grupos de poloneses que se instalaram em Descanso, no
oeste de Santa Catarina, são da diáspora do Rio Grande do Sul que migraram para
áreas ainda desocupadas, nesses estados. Em Cruz Machado, os primeiros
colonizadores vieram do estado de Santa Catarina. Segundo pesquisas de
Gluchowski (2005), Goulart (1984) e Martins (2007), em 1869, os primeiros
poloneses chegaram ao porto de Itajaí, no navio Vitória, imigrantes da Alta
Silésia. Já em 1873, vindos da Prússia Ocidental ao Porto de São Francisco, em
Santa Catarina, nos navios “Terpsicore” e “Gutenberg” em torno de 64 famílias
com 258 pessoas (Gluchowski, 2005).
Na tentativa de visualizar os números da presença polonesa
nos diferentes estados do sul do Brasil, Gluchowski (2005) fez um levantamento
da migração dos poloneses nesse contexto, até o ano de 1914. Os resultados podem ser
vistos na tabela a seguir.
Tabela 1 – Demonstrativo da
imigração polonesa para o Brasil – período 1871-1914. Fonte: (Gluchowski, 2005,
p. 45).
A Tabela 1
acima confirma o grande fluxo de imigrantes para o PR e também para RS,
especialmente na década de 1890. Sua ocorrência se registra também em outros
estados, especialmente SC e SP (ver também Goulart, 1984). Esses números,
porém, se restringem à imigração da matriz de origem, na Polônia, para o
Brasil, e não consideram as migrações internas posteriores dos descendentes
para novas áreas do Brasil.
E, para
ilustrar a localização dos poloneses em solo brasileiro o mapa 1 na página
seguinte, adaptado do (ALERS, 2011, p. 91), estão marcados em amarelo os pontos
onde foi registrada a presença da etnia polonesa (símbolo: triângulo não
hachurado), ou mesmo onde os informantes do ALERS[2]
se declararam falantes bilíngues polonês-português (símbolo: triângulo
hachurado). Por esse viés, pode-se constatar uma ampla área de presença que
engloba uma área sul (em torno de Dom Feliciano) e noroeste (Alto Uruguai e
Missões) do RS; por outro lado, sobretudo no leste de SC (Vale do Itajaí) e
toda a metade sul do PR, com pontos em uma faixa até o norte. Ao todo, somam-se
58 pontos entre os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, nos
quais se destaca a presença da língua ou da etnia polonesa.
Os pontos da presente pesquisa – SC, situado no oeste de
Santa Catarina, e PR, no centro-sul do Paraná – aparecem no centro dessa grande
área (ver localização com a sinalização em uma vermelha). Vale ressaltar que, trata-se de dois pontos
de situação linguística oposta, daí a sua escolha. O ponto SC constituiu-se de
migrantes provenientes do Rio Grande do Sul, por volta de 1935 a 1940, portanto
já no século XX. No ponto PR, por outro lado, a colonização e chegada do
primeiro polonês deu-se, segundo os registros históricos, em 1910 com
colonizadores poloneses provenientes de Lublin, Hell e Shidviz, portanto
diretamente da matriz de origem na Polônia. A escolha dos pontos SC e PR
justificam- por supostamente um ponto maior vitalidade do polonês, em PR e
ponto menor vitalidade, SC.
Mapa 1 – Localização dos pontos
de pesquisa e presença do polonês, no contexto do multilinguismo no sul do
Brasil, conforme dados do ALERS (2011). Fonte: Adaptado de mapa do ALERS, cf.
Koch, Klassmann e Altenhofen (2011, p. 91).
SC
- Descanso PR
- Cruz
Machado
Como se vê no
mapa, os grupos de fala polonesa compartilham o espaço com uma série de outras
línguas, especialmente de imigração. Sua representatividade demográfica e
geográfica é incontestável; isso, porém não significa uma vitalidade
linguística igualitária, entre uma localidade e outra. Há, pelo contrário,
grande diversidade. A migração para outras localidades na Região Sul do Brasil
oportunizou aos migrantes das línguas eslavas estarem em contato com outras
línguas, sobretudo a língua portuguesa. A percepção comum em relação à sua
manutenção é via de regra de uma perda linguística. Segundo (Gluchowski, 2005),
por exemplo, a perda do polonismo, do uso da língua polonesa, deu-se
principalmente com o público jovem, o qual, nas comunidades polonesas, deixavam
de falar a sua língua para falar o português.
Constata-se,
porém, que toda a juventude, mesmo aquela cujos pais já são aqui nascidos,
geralmente tem um bom conhecimento da língua polonesa, muitas vezes - graças à
escola polonesa, que os pais não tiveram - melhor que o dos pais. Naturalmente,
nos ambientes em que a porcentagem dos brasileiros que falam em português é
considerável, uma certa parcela de jovens abandona por completo a língua
polonesa, perdendo-se, dessa forma, inteiramente para o polonismo, mas em geral
trata-se de uma porcentagem insignificante. (Gluchowski, 2005, p. 317)
Feitas as
considerações sobre o contexto da imigração e o lugar dos pontos desta pesquisa
nesse contexto, passamos a uma análise dos fatores que favorecem ou
desfavorecem sua manutenção e consequente vitalidade no contexto de seu uso. Um
primeiro aspecto, ainda de ordem “ecolinguística”, tem a ver com as condições
de uso e manutenção do polonês nos meios rural e urbano, como se verá a seguir.
Para analisar os resultados da pesquisa etnográfica realizada
nos pontos de pesquisa selecionadas, primeiramente, apoia-se na descrição da
seleção escolhida. Como hipótese
inicialmente, a língua de imigração polonesa mantém-se com maior vitalidade no
meio rural. A rede de comunicação mais homogênea em torno da língua e
identidade local acaba protegendo a língua de uma maior influência do
português. Como essa hipótese se confirma nos dados analisados, observaremos
nos diferentes domínios de uso da língua apontados neste artigo.
O ponto SC
(Descanso) representa um resgate e memória dos poloneses que desbravaram esse
território, num período de movimento político diante da Segunda Guerra Mundial
e de proibição de línguas no Brasil, na Era Vargas. A paisagem linguística aí observada
aponta para nomes de alguns dos fundadores da Vila Polonesa. Na placa em
homenagem aos fundadores, observa-se também os nomes dos colonizadores
italianos e alemães que vieram a partir de 1940 para a Vila, a qual depois da
Coluna Prestes em 1925 “descansaram às margens do Rio Macaco Branco”, e assim o
município passou a ser chamado de Descanso.
Hoje, em SC há
mais comunidades mistas etnicamente, entre poloneses, italianos e alemães, com
maior concentração de descendentes de imigrantes no âmbito rural. Como se pode
constatar através da observação participante, em uma festividade típica na
comunidade de Linha Colorada, em fevereiro de 2018, alguns informantes por
exemplo veem as festas como não específicas do polonês, pois como já não moram
apenas poloneses, a festa faz parte do calendário da igreja. Ao lado da
Comunidade Internacional, a Linha São Valentin, conhecida também como Linha dos
Gremistas, lembra as referências ao Rio Grande do Sul, de onde vieram os
descendentes desses imigrantes poloneses, italianos e alemães.
A presença de
poloneses na comunidade é pequena em relação à presença de descendentes de
imigrantes italianos. Os espaços de coleta de dados no âmbito rural do ponto
SCrur foram: Cachoerinha, Comunidade Leste e Comunidade Colorado. Em SCurb, a
observação participante ocorreu no centro do município, na avenida principal:
Avenida Martim Piaseski, onde se concentra o comércio, restaurantes, posto de
saúde central e rádio. A igreja matriz e o sindicato também estão localizados
nessa área central do município, bem como o hospital municipal. Esses prédios
sugerem o afluxo de indivíduos do entorno a essa área, logo um contato
linguístico e uma interação em comunidade.
Em PR, (Cruz Machado) os dados do portal da
Prefeitura (2019) apontam que o primeiro imigrante em Cruz Machado foi o
polonês Jeromin Durski, no ano de 1853. Porém, mais tarde em 1910, chegaram
imigrantes poloneses, alemães e ucranianos que alocaram-se em grande número no
Distrito Sant’Ana. A pesquisa de campo, no ponto PR, concentrou-se no âmbito urbano, na
região central de Cruz Machado, na Avenida Vitória, no hotel, em restaurantes,
na rádio comunitária, em famílias, assim como também na Prefeitura Municipal.
Sindicato, escolas, igreja matriz e hospital estão igualmente localizados nessa
área central. No âmbito rural, a pesquisa selecionou o Distrito de Sant’Ana,
localidade que fica a mais ou menos 20km do centro de Cruz Machado.
Em Sant’Ana,
concentram-se também os eventos e instituições culturais do polonês. Na
comunidade de Sant’Ana, encontra-se um museu polonês, além de um espaço
cultural específico que serve para os eventos da comunidade, incluindo as
atividades festivas realizadas em polonês. Cantigas, poesias, teatro, entre
outras ações de promoção da e na língua ocorrem nesse espaço. Até 2012, havia
programação semanal em polonês. A partir de 2016, os eventos passaram a ser
agendados de acordo com o calendário da Paróquia. Encontram-se atividades e
eventos em polonês basicamente apenas nas datas comemorativas do município.
Todas as ações
festivas da comemoração dos imigrantes poloneses, em Cruz Machado, são
direcionadas para o Distrito de Sant’Ana, que se converteu em uma espécie de
“núcleo de maior vitalidade linguística do polonês”. Esse fato está relacionado
com a chegada dos primeiros poloneses ao Distrito. No ponto PR, Cruz Machado,
observa-se com frequência a presença da língua polonesa na paisagem
linguística. Também a arquitetura com influência da cultura polonesa permanece,
em grande parte, preservada, sendo tombada como patrimônio histórico. A maior
parte da memória cultural, dos acervos históricos, encontra-se no museu de
Sant’Ana. Esse entorno com marcas salientes da cultura polonesa confere a essa
área de PRrur condições especiais que favorecem a vitalidade da língua de
imigração. Essa vitalidade varia conforme o domínio de uso, mais formal ou
informal, e identificado ou não com a língua e cultura polonesa. É o que
veremos na próxima seção.
Para
diagnosticar a vitalidade do polonês nos diferentes domínios de uso previstos,
vale lembrar o questionário utilizado e que buscou dados de um censo
linguístico. A pergunta básica foi “qual língua os participantes desses
domínios falavam ao lado do português”. Metodologicamente, procurou-se fazer a
pergunta aos primeiros indivíduos que circulavam nesse domínio, durante a
visita. Paralelamente, coletaram-se dados de observação participante, com
anotações em caderno de campo. Os dados do questionário, por sua vez, foram
quantificados e analisados por meio de gráficos, onde a amostragem resultou
satisfatória e significativa, ou então registrados em tabelas.
Em SCurb,
aplicou-se o questionário nos seguintes domínios: Prefeitura/Igreja
Matriz/Restaurantes e Comércio/ Rádio/ Sindicato/Hospital/Escolas Ensino
Fundamental I (séries finais) Ensino Fundamental II e Ensino Médio, e 4
informantes, moradores e pioneiros no município. Em SCrur, foram visitadas as
escolas de Ensino Fundamental I (séries finais) e II, e mais 4 informantes
moradores e pioneiros no município. Para tanto, teve-se a ajuda de um contato
da comunidade, uma insider, moradora
há mais de 40 anos, que serviu de guia, além de auxiliar na pesquisa, como
conhecedora da comunidade.
Em PRurb e
PRrur, foram feitas visitas aos domínios da Prefeitura/Igreja/da Comunidade
Sant’Ana e Matriz/Restaurantes e Comércio/Rádio Comunitária, Sindicato, Escolas
Ensino Fundamental I (séries finais) e II e Ensino Médio/PRurb e PRrur e 4
informantes PRurb e 4 informantes PRrur. Contou-se, igualmente, com o auxílio de
membros de dentro da comunidade, para fazer os contatos e realizar a coleta dos
dados, tanto em PRurb, quanto em PRrur. Para esse artigo selecionamos os
gráficos que apontam a visão geral da presença de línguas nos dois pontos, os
dados da territorialidade do polonês, o uso da língua, bem como sua presença na
família, comunidade e amigos e a presença da língua nas mídias, rádios e redes
sociais.
OS DIFERENTES USOS DA LÍNGUA
Apresentamos o
gráfico nº1 sobre a visão geral das línguas presentes nos dois pontos de
pesquisa, considerando o conjunto dos dados obtidos de cada domínio. Pode-se
inferir que, ao recolher dados de domínios distintos, tem-se uma amostra
relativamente mais confiável e representatividade da proporção de uso dessas
línguas nos dois pontos de pesquisa (SC, em azul – situado geograficamente a
oeste do mapa; e PR, em cor laranja, situado à direita, mais precisamente no
centro-sul do Paraná). O gráfico traz com clareza as situações opostas dos
pontos SC e PR e confirma as hipóteses estabelecidas de que se tratava de um
ponto mais plurilíngue e um ponto mais eslavo, sendo que em PR com
predominância eslava.
Gráfico 1 – Uso do
polonês e das demais línguas nos diferentes domínios. Fonte: a autora.
Em SC,
observa-se o predomínio do italiano, aparecendo o polonês como 2ª língua, ao
lado do alemão. Isso não significa necessariamente que a língua polonesa esteja
em processo acentuado de perda. Vale lembrar que os três grupos (polonês,
alemão e italiano) provêm de migração do Rio Grande do Sul e, de certo modo,
constituem um contato plurilíngue que se ampara mutuamente. É uma interpretação
possível. Em PR, ocorre o inverso: o polonês é a língua majoritária, com 56
respostas, contra 2 do italiano, e é acompanhado por mais outra língua eslava,
o ucraniano, com 30 respostas. Essas proporções apontam que uma vitalidade
linguística forte do polonês, em PR, mas a posição minoritária em SC, por outro
lado, não significa de antemão uma perda linguística evidente.
O gráfico
sugere que, na situação de SC, o polonês de certo modo, se inspira no uso de
outras línguas em estado semelhante de língua minoritária de imigração. No
ponto PR, do mesmo modo, a presença da língua eslava “co-irmã” ucraniana, pode
tanto dar suporte quanto levar a uma substituição por uma das línguas eslavas.
Neste caso, o polonês parece levar vantagem, conforme os números apresentados,
56 contra 30 respostas.
É preciso, no entanto, aprofundar a análise em cada domínio
em particular. Comecemos pelo domínio da administração pública, que é o que
reconhece ou determina ações para a promoção e salvaguarda do plurilinguismo
local.
TERRENO DA ADMINISTRAÇÃO: RECONHECIMENTO E OFICIALIDADE DA
LÍNGUA
Para Fishman
(1972), os domains (domínios) permitem
compreender como a língua se mantém ou não, de acordo com seu uso nos
diferentes espaços sociais. É através das normas e expectativas socioculturais
estabelecidas pelos falantes que se criam as condições para a vitalidade de uma
língua. O domínio da administração aponta, neste sentido, o centro das
decisões, logo a presença ou não nesse contexto pode ser um indicador
importante. O gráfico a seguir mostra as línguas presentes nesse domínio,
conforme as respostas colhidas aleatoriamente nas visitas feitas às prefeituras
dos dois pontos.
Gráfico 2 – Uso do
polonês e das demais línguas no domínio da administração. Fonte: a autora
Como se vê, a
amostra é relativamente pequena e deve ser entendida como sinalizando amplo
domínio do português, sobretudo no ponto SC, onde apenas o italiano mostra
certa presença. Apesar disso, a maior diversidade de línguas presentes no ponto
PR, com predomínio das línguas eslavas (ucraniano, com 5 respostas, e polonês
com 3) sugere que a administração reflete uma identidade e um predomínio do
plurilinguismo, isto é, da “habilidade dos indivíduos de falarem mais de uma
língua”, enquanto em SC, apesar da “coocorrência maior de mais de uma língua na
sociedade”, isto é, de seu multilinguismo, como já se definiu (ver Altenhofen;
Broch, 2014), a sua ausência nesse domínio pode significar uma vitalidade
linguística mais em risco, com tendência à substituição pelo português.
É interessante, entretanto, observar
que, em SC, o poder público foi administrado por descendentes de poloneses,
pela última vez, de 1983 a 1986 (Oro, 1986). A atual gestão é de descendência
italiana e falante, pois, segundo relato do próprio prefeito, esse conhece a
língua italiana e fala um italiano denominado de “italiano daqui”. No poder legislativo, não há falantes nem de
italiano, nem de polonês. Todos afirmaram que não falam a língua, mas sim,
apenas algumas expressões, xingamentos, etc, que aprenderam de seus pais e
avós. A primeira legislatura em SC ocorreu em 1957-1961 e incluía falantes do
polonês, A legislação, naquele período, era composto por descendentes de
poloneses, italianos e alemães. Hoje, porém, o estado da língua polonesa no
domínio da administração pública indica um quadro de substituição linguística pelo
português.
No ponto PR,
registra-se ainda um quadro favorável de presença das línguas locais no domínio
da administração, equivalente à vitalidade linguística que o ponto SC
provavelmente possuía na década de 80. Entretanto, chama a atenção a ausência
da língua polonesa no poder legislativo, mesmo muitos cargos e funções sendo
ocupados por falantes dessas línguas. Uma informante CaGI[3],
de 46 anos, que trabalha na prefeitura, auxiliou nas informações para o
questionário. Ela fala a língua polonesa com mais dois funcionários e afirma
ter falantes de ucraniano e do alemão, mas que na prefeitura é ela quem fala em
polonês com as pessoas que ali circulam. A informante afirmou gostar de falar
em polonês, seus pais falavam em polonês e seus familiares e irmãos ainda falam
só em polonês. É casada com descendente de ucraniano, porém ele fala pouco a
língua. A informante trabalha como telefonista e auxilia voluntariamente no
clube de mães da igreja. Afirmou que o grupo de senhoras, da igreja, o qual ela
coordena, é composto em sua maioria por membros das etnias polonesa e
ucraniana, mas não falam nessas línguas: “só falam em polonês ou ucraniano se a
gente chama alguma babcia[4]” (PRurb CaGI).
O relato da
informante deixa claro que a língua polonesa e o ucraniano são de fato falados,
isto é, fazem parte da competência linguística dos membros dessa “comunidade de
prática” e, portanto, integram também o cotidiano do ambiente de trabalho. Ao
atender na recepção é comum a informante dirigir-se às pessoas falando ou
cumprimentando em polonês quem conhece e também fala o polonês. Vê-se, deste
modo, que o polonês cumpre uma função de identidade e proximidade relevante na
interação entre o domínio da administração e da comunidade de modo geral. Esses
usos da língua minoritária, nos “espaços de poder” da comunidade são de grande
significado, como enfatiza também Fishman:
Thus, domains
is a socio-cultural construct abstracted from topics of comunication, relationships
between communicators, and locales of comunication, relation with the
institutions of a society and the spheres of activity of a speech community, in
such a way that individual behavior and social patterns can be distinguished
from each other and yet related to each
other. (Fishman, 1972, p. 18)[5]
Observa-se
que, tanto em SC com destaque para o italiano e não mais do polonês, quanto em
PR, com o uso do polonês e do ucraniano no espaço público, novamente se
corrobora o papel do uso da língua minoritária para a sua manutenção e
vitalidade. O uso no domínio da administração tem, neste sentido, papel duplo
de não apenas reconhecer o valor da língua local, como também de entender sua
relevância e explorar as inúmeras potencialidades para o desenvolvimento do
município. Do contrário, essas possibilidades vão se perdendo, com a língua
minoritária sendo lentamente e gradualmente substituída no contato com o
português, sem deixar “resquícios” da língua de imigração, mesmo quando não é
mais usada.
OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE NO ÂMBITO FAMILIAR
Os dados de
observação participante corroboram as observações feitas, com base na análise
dos dados do questionário. Em SCrur, um informante CbGII, do sexo masculino,
com ensino fundamental II completo e com idade acima de 55 anos, morador e
agricultor em SCrur, relata: “minha mãe casou com italiano, enton, a gente só
aprendeu alguma coisa com a nona em italiano, nada em polonês.”
(SCrur-CbGII). Constata-se que a língua de circulação e referência no uso
familiar do informante é a língua “paterna”, o italiano. No que diz respeito à
língua italiana, esta aparentemente se mantém entre os informantes, e é a
língua com maior circulação em SCrur. Pode-se dizer, assim, que em SCrur o
polonês, no que diz ao uso e domínio familiar, foi substituído pelo italiano.
Outra
informante, SCrur-CaGI, do sexo feminino, com ensino médio completo,
descendente de polonês com 47 anos afirma:
“não conheço quase nada, pouca coisa, mas meu pai fala polonês, a minha mãe
tem mistura com italiano e eles não falam nem polaco e nem italiano.” (SCrur-CaGI). Verifica-se, na
declaração da informante, que embora se reconheça como descendente de polonês,
a língua não mais faz parte de seu repertório e não se manifesta na sua
oralidade.
O informante
CbGII, do sexo masculino, morador de SCrur, estudou apenas ensino fundamental
I, tem mais de 80 anos e fala em polonês, mas não escreve em polonês; trabalhou
sempre na “roça” e não tem com quem mais falar a língua. Segundo ele,
“conversava em polonês com o meu pai, com minha mãe e irmons, em casa e quando
se reuniam”. A língua materna se
manteve entre os graus de parentescos, irmãos, tios e avós enquanto havia
convivência com essas gerações. Segundo a tabela da Unesco sobre os diversos
graus de perda linguística (2003), a língua se torna moribunda, quando não há
mais falantes em nenhuma das gerações; no caso dos informantes do ponto SCrur,
a língua já está em processo de extinção.
Em SCurb, dois
informantes CaGII, homem, com 65 anos e uma mulher, com 58 anos trouxeram
algumas assertivas sobre a presença da língua na família. Um informante CaGII,
do sexo masculino, com idade 65 anos, mora em SCurb há mais de 20 anos; é
comerciante, tem uma imobiliária e também é contador. Seus pais eram pioneiros
no município e descendentes de poloneses, sendo sua língua falada em casa, no
contexto familiar. Hoje, ele conhece e fala pouco polonês, apenas com os tios e
familiares quando se reúnem.
O informante
SCurb-CaGII revela que “lembrar das histórias de seu pai e falar na língua é resgatar
um pouco da sua família”. Relatou que pouco fala o polonês, porque não tem com
quem falar e: “Aqui, quase não tem
mais polaco... é tudo italiano... aí não tem com quem falar” (SCurb-CaGII).
Segundo ele, por trabalhar no comércio, falar polonês “não é mais importante”.
Nesse relato, fica claro que a presença de mais de uma língua compartilhando o
mesmo espaço, como o alemão e o italiano, em SC reforça a escolha por uma
língua comum dominante, não necessariamente o português. Em SCurb, a presença
do italiano paralelo com o alemão levou à substituição do polonês.
A informante SCurb-CaGII, com 58 anos; é professora aposentada, fala
polonês com os irmãos e aprendeu em casa a língua com seus pais. Sabe escrever
um pouco e ainda pratica o polonês com seus familiares. A língua continua
presente, pois os familiares falam a língua ainda. Sua família fez parte da
colonização da antiga Vila Polonesa e a língua polonesa é usada como língua
materna. Além de usar a língua no meio familiar, também fala o português como
língua de status e circulação social.
A língua de imigração, neste caso, tem representatividade afetiva, quando junto
dos seus pares.
A próxima
informante SCurb-CbGII tem mais de 80 anos, seu pai foi um dos fundadores do
município, com pouca escolaridade. Casou-se com um dos filhos de colonizadores
de origem polonesa e relata que “... em casa falava só polonês”. Afirmou também
que agora “... não tem com quem falar, filhos não falam, nem tem mais gosto de
falar” (SCurb-CbGII). A informante, portanto, afirma que pouco fala a língua
polonesa e não insiste mais com seus filhos, deixando de falar na sua língua,
levando lentamente ao desaparecimento e o apagamento da língua.
Informante, SCurb-CaGI, com 50 anos, filha de CbGII que também nasceu em
SC e é formada em Designer de Interiores, além de ser comerciante, afirmou
conhecer algumas músicas e algumas palavras em polonês; mas, segundo ela, “...
ninguém mais conhece ou fala”, então, também perdeu o interesse.
Minha mãe nem
responde quando falamos alguma coisa em polonês, perdemos o interesse, porque
na cidade tem até festa italiana, uma vez tinha festa que era o resgate da
gastronomia de Descanso aí fazíamos o pierogue, e outras comidas, mas depois
ficou muito caro e paramos de fazer.
(SCurb-CaGI)
No que diz respeito
à hipótese de o processo de substituição da língua minoritária iniciar-se na
geração mais jovem, observamos em relação ao uso do polonês que, aos poucos,
foi substituído pela italiana em SC bem como as festas e costumes poloneses
também foram aos poucos sendo substituídos.
Em
contrapartida, a observação participante, durante a aplicação do questionário
no ponto PR, revelou um quadro amplamente favorável ao uso do polonês. Um
exemplo é o depoimento de uma informante PRrur-CaGI, moradora de 45 anos, do sexo
feminino, professora de polonês em Sant’Ana, que trabalhou com o ensino do
polonês de 2002 até 2016. Segundo ela, “aqui praticamente todos falam o polonês
com seus familiares e aprenderam em casa” (PRrur-CaGI). No ponto PRrur, falar
polonês tem a representatividade de identidade dos falantes. Como foi relatado,
na visita à localidade, “é natural falar assim em casa, nem sei como é falar
diferente” (PRrur-CaGII). Para a informante, o polonês é a língua materna e
falada com seus pais e os demais familiares, bem como com seu esposo.
Outro
informante, PRrur-CaGI, de 34 anos, morador no Distrito de Sant’Ana, professor
na Escola do Distrito que tem como língua materna o ucraniano e, paterna, o
polonês, fala em polonês com seus pais, pois sua mãe fala também polonês e
ucraniano. A língua é usada em casa e com todos os seus familiares. Segundo seu
relato: “em casa só fala polonês e ucraniano, não falamos português” (PRrur-CaGI).
Pode-se
afirmar que o isolamento geográfico e social maior ou menor de uma comunidade,
ou seja, a existência de uma comunidade de falantes demograficamente mais
isolada e com boa quantidade de falantes contribui para a manutenção da língua,
como ocorre em PRrur. Sant’Ana é uma comunidade com número significativo de
presença do polonês, seguido do ucraniano. Esse quadro garante, assim, a
vitalidade do polonês em PRrur.
Em PRurb, a
observação participante com o informante CbGII, mais de 60 anos, morador e
comerciante há mais de 20 anos em PR, relata que “havia mais poloneses, aqui,
falavam em polonês, hoje tem mais lá em Sant’Ana, lá sim tem polonês”. A
percepção desse falante remete à noção já discutida de Altenhofen (2014) de que
as línguas constituem territorialidades de uso, como por exemplo nesse relato,
“lá em Sant’Ana”. No seu contexto, porém, a presença da língua polonesa é
falada somente em casa, com sua esposa, porém com filhos e netos, não mais.
Isso leva a pensar que a territorialidade de Sant’Ana preenche, de certo modo,
o vazio que constata em seu entorno, em relação à falta de oportunidade para
falar sua língua materna no meio social. Com isso, chegamos à pergunta sobre o
papel do entorno social. Vejamos.
A vizinhança
em PRrur, sendo de falantes de língua polonesa, confere a essa língua maior
vitalidade de uso. Os falantes moram próximos e suas terras fazem limites. A
presença do polonês no domain das
relações sociais fora da família, como ocorre em Sant’Ana, cumpre papel extremamente
relevante na manutenção e vitalidade da língua, a relação da vizinhança entre
os falantes do polonês e do ucraniano, no cotidiano, no mercadinho local, ao
cumprimentar os vizinhos, nos encontros marcados e festivos entre outros, é
apontada como um fator importante para a manutenção e uso da língua. As
crianças conhecem a língua, e faz parte do cotidiano ouvir as conversas em
polonês e ou ucraniano entre os vizinhos. Fishman (1972) chama esse tipo de
relação de domains and role-relations,
ou seja, o papel que as relações entre os falantes têm, ao fazer as escolhas de
quem, como e quando falar na sua língua. É através dessas relações que a língua
mantém mais ou menos o sentido de comunidade, dependendo do grau de
encorajamento e fortalecimento que a língua apresenta, ou seja, o grau de
vitalidade que os falantes dão para essa língua.
Em PRrur, a
língua está fortalecida no domínio familiar e nas relações sociais, no convívio
social, através dos eventos que ainda ocorrem na comunidade e que são
promovidos pela comunidade na igreja, no museu polonês, e nas escolas. Em
PRurb, a relação com a vizinhança não ocorre mais em polonês. Porém, na
observação participante, ao perguntar se alguém falava com os vizinhos em
polonês, a resposta se deu do seguinte modo: uma informante CbGI, 45 anos, do
sexo masculino, nasceu em PR, não fala polonês, porém conhece alguns termos e
vocábulos como “Babcia, Dzién dobry;
dobranoc; dziadek; tata; mama/matka” e
apontou para o vizinho que fala polonês. Outro informante, locutor da rádio
comunitária que possui um programa de rádio local aos sábados, teceu
comentários no mesmo sentido.
Observa-se,
além disso, que em PRrur há um grande envolvimento e interação entre os
familiares e a vizinhança, reforçando-se nos eventos que costumam ser
realizados, o uso do polonês. As festividades do polonês fazem parte do
calendário cultural em PR e se concentram basicametne em Sant’Ana (PRrur). Há
um comprometimento familiar em manter a tradição da história dos poloneses
nessas festividades.
No ponto SC, a
relação com os vizinhos não ocorre mais na língua polonesa, e sim em parte com
o italiano, tanto em SCrur, quanto em SCrub. Os termos em polonês, como Babcia, Dzién dobry; dobranoc; dziadek;
tata; mama/matka, somente foram lembrados quando indutivamente o
pesquisador instigou se conhecem ou falam algum termo em polaco. Porém é comum
ouvir comentários como o de uma informante SCrur-CaGI, 45 anos do sexo feminino
que afirmou: “é mais fácil falar em italiano né? Aqui todo mundo conhece grustilli,
polenta brustolada, fortaia/torteie/ bonjorno. É muito mais fácil. Em polaco
não lembro nada disso que você falou, mas vamo lá no meu pai que ele fala” (SCrur-CaGI).
A partir da
observação participante, não se pode afirmar que o falante conhece e fala de
forma fluente o italiano, porém a presença do polonês está apenas na memória,
enquanto que o italiano circula ainda entre a vizinhança, confirmando-se que no
ponto SC a língua minoritária inicia o processo de apagamento e ou substituição
nas gerações mais novas.
É relevante
acrescentar que, no ponto PR, se difere o modo como os informantes veem os
falantes da língua polonesa, ou como se designam. Para os moradores de PRurb e
PRrur, não se ouviu, durante a observação participante, mesmo que indutivamente,
o termo “polaco”. Ao repetir o termo
“polaco”, o informante se designava
“polonês”. No ponto SC, ao contrário, os informantes se designaram
espontaneamente como “polacos” e, mesmo sugerindo o termo “polonês”, continuaram usando o termo “polaco”. Para os resultados deste artigo, essa diferença de
comportamento e o uso indiferente de ambos os termos confirmam a diáspora que
difere os migrantes poloneses. No ponto PR, o início da colonização apontada
como marco em 1910, apresenta registros no final do século XIX, enquanto, no
ponto SC, isso se dá em 1935, conforme já descrito. Cabe observar que, segundo
(Iarochinski, 2010), o termo polaco
foi substituído “em 1927, por sugestão do Embaixador da França, durante uma
festividade em Curitiba. A partir de então o termo “Polaco” passou a sofrer um
processo intermitente de eliminação do uso comum” (Iarochinski, 2010, pp. 23-24). Podendo ser uma das justificativas
para que em PR e em comunidades com maior presença de poloneses o termo
“polaco”, não ser comum e já em comunidades com números menores e com presença
de outros migrantes, como italiano e alemão, o termo “polaco” está mais presente.
Essas questões
de ordem mais identitária levantam a pergunta sobre o papel da igreja, para a
vitalidade e consequente manutenção do polonês nos dois pontos de pesquisa. É o
que se verá a seguir.
Ao contemplar
o papel da igreja em relação à promoção de línguas, não se pode ignorar o status que a igreja carrega no que se
refere à manutenção e ao suporte de uma língua. Trata-se, no caso do polonês,
de uma igreja essencialmente católica. Sendo os descendentes de italiano
igualmente de confissão católica, tem-se aí mais um fator que explica a
relativa substituição do polonês pelo italiano, no ponto SC. A observação
participante confirma essa hipótese.
Durante a
observação participante na Paróquia Santo Estanislau Kotska, em SCurb, o pároco
de origem italiana reforçou a observação de que, nos dias atuais, não se
constata mais a representatividade do polonês, mas, sim, do italiano. Porém, a
memória da língua está presente na paisagem linguística do município. Até 2015,
havia a festa típica polonesa na comunidade e a festa contemplava toda a
região. Hoje, a igreja não traz esse suporte da presença do polonês no ponto
SCurb e nem no SCrur.
Em SCurb e
SCrur, no final da década de 1930, eram os párocos da Diocese de Chapecó,
descendentes de poloneses que, contrariamente, realizavam as missas e as
festividades na língua polonesa, a qual era falada pela maioria dos primeiros
colonizadores como língua materna. Hoje, não há a presença e nem manifestações
na língua polonesa ou na língua italiana, apesar de o pároco falar em italiano
e dar aulas em italiano, o suporte da igreja não está presente na língua italiana.
O pároco do ponto SCurb, tem mais de 60 anos, pertence à CaGII, fala italiano
bem; compreende e escreve, além de latim, espanhol. Na observação participante
relatou:
Quando assumi
a Paróquia, ainda havia uma festa das tradições típicas, inclusive do polonês,
mas o italiano já prevalecia. Porém, a comunidade se desgastava muito para esse
evento e resolvemos retirar do nosso calendário. Hoje não há uma festa
promovida pela igreja típica de colonização polonesa, mas, sim, a festa da
Paróquia. (Pároco SCurb-CaGII)
O papel das práticas religiosas, no ponto SC, é observado em diferentes depoimentos que, no entanto, mencionam a predominância e adesão às demais línguas de imigração em contato. Na Comunidade Leste, em SCrur, o informante CbGI de 55 anos, masculino, relatou que uma vez no mês, nas quintas-feiras, há ensaios do grupo italiano na comunidade, e as festas resgatam a gastronomia italiana. Na comunidade de Cachoerinha, SCrur, um informante CaGI masculino com 38 anos, afirma que “nós os alemães, temos as festas, o alemão dá um jeito de fazer a festa”.
Para o polonês
em SCurb, a língua deixou de circular nos domínios da família, da igreja, da
escola, bem como em espaços da mídia, embora estivesse presente em períodos
históricos anteriores. Mas a substituição (language
shift) do polonês pelo português ocorreu com a influência também do
italiano, não apenas do português. No entanto, o italiano está mais presente
nas comidas típicas, no uso de algumas expressões relacionadas à comida, ou
ainda em expressões e substantivos mais conhecidos e comuns, como “nona”
e “nono”, para diferenciar-se de
“Babcia” e “Dziadek” (avó e avô). Depoimentos colhidos na observação
participante dão conta que “Dziadek”
quase não se ouvia, e nem era de conhecimento dos informantes.
Já no ponto
PRurb e PRrur, a presença da língua polonesa na igreja é fortalecida pelas
ações da comunidade e do pároco, de origem polonesa, o qual contribui nos
eventos, no ensino da língua e na manutenção por meio das festividades e da
presença em eventos anuais da comunidade. As missas no ponto PRrur eram
realizadas até o ano de 2016 e enquanto havia na escola aulas em polonês, o
pároco polonês, não está mais na localidade era o incentivador da língua e
todos os domingos a missa ocorria em polonês e em português, dividido os
cantos, ritos e rezas. Aos poucos, porém começaram a ocorrer mais
espaçadamente, chegando a ser realizadas apenas nas primeiras sextas-feiras de
cada mês.
Em PRurb, a
língua polonesa ganha destaque uma vez ao ano, durante a quaresma, na novena de
Páscoa em polonês, organizada pela equipe litúrgica. Esse fato tem falar
simbólico de grande relevância e mantém viva a memória da língua polonesa.
Estrategicamente, a Paróquia Central da Igreja Católica, no ponto PRurb,
concentrou os eventos festivos da língua polonesa em PRrur, no Distrito de
Sant’Ana.
Em PRurb, há
uma igreja ucraniana que mantém as missas e as festividades. Há uma equipe
litúrgica que organiza o terço em ucraniano, uma vez na semana. As
manifestações religiosas para a língua, e na língua polonesa, estão
concentradas no PRrur, em Sant’Ana, onde se encontra também o museu polonês e
todos os demais eventos sobre a língua.
As imagens representam uma parte da manifestação religiosa presente em PRrur. As estações da via sacra representam a imagem de santos e estão escritas em polonês, sinalizando a religiosidade e a fé na comunidade de fala polonesa. Os rituais que representam a formação católica dos poloneses são fortalecidos pelas festividades cristãs que ocorrem em torno das imagens e fortalecem a fé e as crenças, com os cânticos religiosos, os rituais de reza no período do calendário cristão.
Figura 1 – Vista frontal da Igreja e placa em homenagem aos imigrantes
poloneses em PRrur. Fonte: acervo da autora.
Em suma, contrapondo os dois pontos de pesquisa, SC e PR, no
que diz respeito à influência da igreja para a manutenção e/ou substituição do
polonês, tem-se nos dois pontos situações opostas: de um lado, no ponto SC, a
substituição do polonês pelo italiano e o português, no domínio da igreja; de
outro lado, no ponto PR, a presença e uso do polonês em diferentes práticas
religiosas. O fortalecimento do ensino da língua e a presença nas ações que são
promovidas pela igreja, como em missas, cantos e rezas, mesmo que, mensalmente
e semanalmente, tanto em polonês, quanto em ucraniano se confirme uma presença
mais forte das línguas eslavas, em PRurb e PRrur.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS. PERSPECTIVAS PARA A MANUTENÇÃO E
REVITALIZAÇÃO DO POLONÊS
Apresentado
apenas como parte de um recorte da aplicação de dois questionários e
levantamentos feitos, porém mensurado apenas um deles, pode-se afirmar que os
dados coletados servem para dar continuidade numa pesquisa que possa subsidiar
e fundamentar ações para a manutenção e revitalização da língua de imigração
polonesa.
Entre os
fatores dessa manutenção o papel da família, e com isso a transmissão
diageracional, se sobressai como especialmente relevante. É o domínio da
família e seu uso em comunidade, como mostraram os dados, que tem mantido a
língua, apesar de uma série de fatores que, contrariamente, desfavorecem seu
uso. Entre esses fatores, citam-se a ausência da língua no domínio da escola, a
discriminação da língua minoritária, a opção pela língua de prestígio, no caso
o português, como língua oficial.
Ações que
levam à manutenção de línguas minoritárias incluem uma intervenção por meio de
leis linguísticas que reconheçam o status
da língua, bem como o direito de usar essa língua. No Brasil, o ponto de partida para o reconhecimento
das línguas minoritárias como línguas brasileiras, é o Relatório do Grupo de
Trabalho da Diversidade Linguística, de 2007, que levou ao INDL, por meio do
Decreto Federal nº. 7387, de 9 de dezembro de 2010, que institui o Inventário
Nacional da Diversidade Linguística. Apesar de recensear apenas as línguas
indígenas – que língua indígena é falada
em sua casa? – avanço significativo está o Censo do IBGE de 2010 representa
um avanço, embora infelizmente deixe de fora o conjunto da diversidade linguística
do Brasil (Morello, 2016).
Se uma
pergunta sobre “outras línguas faladas no lar, ao lado do português” tivesse
sido incluída no Censo, teríamos suporte de dados mais precisos sobre onde há
quantos falantes, para um planejamento linguístico mais eficaz de ações mais
assertivas em prol das comunidades linguísticas brasileiras.
Não obstante
essas lacunas, pode-se vislumbrar alguns aspectos, a partir dos resultados
levantados neste estudo, que merecem atenção em futuras ações de promoção e
revitalização do polonês. Um desses aspectos é a memória cultural.
A memória
representa uma identidade histórica e de herança familiar. Especificamente, ao
nos direcionarmos para o ponto SCrur, (Descanso), ao entrevistarmos informantes
da geração mais velha, a língua se faz presente como marca de expressão da sua
identidade, da sua referência. Essa referência se manifesta, por exemplo, em
reuniões no domínio da família, ou mesmo também quando o pesquisador, ao
perguntar se fala ou conhece outra língua, ativa lembranças dos informantes.
Nesse momento, a manifestação expressa e consciente sobre e para a língua evoca
a memória afetiva e resgata historicamente o que pode ter sido apagado, por
diferentes fatores. Conforme Payer (2006,
p. 52), “estamos dizendo que o sujeito formula os sentidos que o constituem na
medida em que tem acesso aos sentidos das condições históricas que apagaram o
dizível uma parte constitutiva da memória histórica que o constitui”.
Portanto, ao
nos referirmos à presença da língua polonesa em SCrur, a perspectiva de
manutenção e ou preservação se manifesta apenas na memória. Pensar em ações que
possam fortalecer a presença da língua inclui o trabalho de ouvir e perceber o
que os falantes querem. A língua majoritária está presente constantemente, e a
língua minoritária apenas na memória desses falantes da geração mais velha.
Isso leva a compreender que o contato com a geração mais nova não se faz com a
língua minoritária (polonesa) e, sim, quase exclusivamente com a língua
portuguesa, diminuindo as possibilidades de manutenção da língua de herança.
Do mesmo modo
que a memória cultural, a conscientização plurilíngue evoca ao falante o valor
de sua língua em relação a outras, levando-o ao uso e promoção de sua língua.
Segundo o modelo dos estudos sobre language
awareness, ou conscientização linguística (Hawkins, 1999), é preciso
desenvolver abordagens para o ensino de línguas estrangeiras, noções de
aquisição da língua e incluir a conscientização no currículo escolar. Não é o
caso deste artigo abordar a temática sobre o ensino de LE e nem propor ações
para o ensino da língua polonesa. Porém, a conscientização plurilíngue transpõe
esses âmbitos e se configura em uma meta importante para a promoção e
revitalização dessas línguas minoritárias.
Práticas e
conhecimentos que podem ser passados e mantidos de geração para geração para a
(Unesco, 2003), são definidas como patrimônio cultural e imaterial as práticas,
representações, expressões técnicas, entre outras ações que são reconhecidas
por grupos e comunidades servem como herança cultural.[6]
Ao falar de patrimônio cultural imaterial, é inevitável falar também de
consciência plurilíngue e educação plurilíngue, ou melhor, plurilinguística,
como afirma (Broch, 2014). Observamos, nos dois pontos de pesquisa, que o
polonês, de certo modo, está mais presente e forte em PRurb e PRrur e
discretamente em SCrur.
Dentre as
ações de promoção do polonês, como de outras línguas, a formação de professores
destaca-se e cumpre papel primordial. O professor dentro da escola é o condutor
das ações para e sobre a língua. É ele que representa as ações acerca do lugar,
em que a língua se encontra, no processo de alfabetização e formação do seu
aluno. Uma boa elaboração de uma planificação linguística parte do pressuposto
de que a formação educacional do aluno é fundamental e faz parte dos fatores
que levam à manutenção e revitalização de uma língua.
Haveria, por
fim, uma série de aspectos a acrescentar em relação às perspectivas de promoção
e revitalização da língua de imigração polonesa, que, no entanto, não
constituem o escopo central deste estudo. Ainda há um longo caminho a ser
trilhado e recém estamos no início. Descrever a vitalidade linguística do
polonês e tirar as conclusões necessárias precede todas os esforços que se
possa empreender.
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[1] Gluchowski (2005) traz em seu livro Os poloneses no Brasil, o histórico dos
poloneses em terras brasílicas. Sua obra traça a rota do primeiro polonês que
pisou em solo brasileiro, desmistificando a história de que somente em 1869
começaram a vir poloneses ao Brasil.
[2] Atlas – Atlas Linguístico Etnográfico da Região
Sul do Brasil- https://www.ufrgs.br/projalma/alers/
[3] Usaremos referência para informantes com base
na teoria de Thun (1996-98) a classificação:
Geração mais nova, entrevistados de idade 18 a 50 anos- com baixa
escolaridade, ou alta escolaridade: CbGI e CaGI e Geração mais velha 55anos ou
mais – com baixa escolaridade, ou alta escolaridade: CbGII e CaGII.
Seguindo o modelo de Thun (1998), na dimensão
diatópica escolhemos, duas localidades divididas em contexto urbano (SCurb e
PRUrb) e rural (SCRur e PRRur). No ponto SC, foram entrevistados 25
informantes, e no ponto PR, 30 informantes, que responderam ao Questionário
para o Censo Linguístico, para descrição da territorialidade do polonês. As
demais dimensões sociais, em cada um desses contextos de ordem mais diatópica,
aparecem não de forma objetiva como grupos de entrevista específica, mas como
categorias de análise nos diversos domínios de uso do polonês (e do português)
(Mendes, 2021, p.87).
[4] Babcia /
Babka (BABCIA, 2020).
[5] Assim, domínios é uma construção sociocultural
abstraída de tópicos de comunicação, relações entre comunicadores e locais de
comunicação, relação com as instituições de uma sociedade e as esferas de
atividade de uma comunidade de fala, de modo que o comportamento individual e
social os padrões podem ser distinguidos uns dos outros e ainda relacionados
entre si (Fishman, 1972, p. 18, tradução nossa).
[6] No Brasil, o IPHAN, é um dos órgãos responsáveis pela salvaguarda do patrimônio material e imaterial brasileiro. “O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)” – vale dizer – “é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Turismo que responde pela preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro. Cabe ao Iphan proteger e promover os bens culturais do País, assegurando sua permanência e usufruto para as gerações presentes e futuras. O Iphan possui 27 Superintendências (uma em cada Unidade Federativa); 37 Escritórios Técnicos, a maioria deles localizados em cidades que são conjuntos urbanos tombados, as chamadas Cidades Históricas; e, ainda, seis Unidades Especiais, sendo quatro delas no Rio de Janeiro: Centro Lucio Costa, Sítio Roberto Burle Marx, Paço Imperial e Centro Nacional do Folclore e Cultura Popular; e, duas em Brasília, o Centro Nacional de Arqueologia e Centro de Documentação do Patrimônio. O Iphan também responde pela conservação, salvaguarda e monitoramento dos bens culturais brasileiros inscritos na Lista do Patrimônio Mundial e na Lista o Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, conforme convenções da Unesco, respectivamente, a Convenção do Patrimônio Mundial de 1972 e a Convenção do Patrimônio Cultural Imaterial de 2003. Histórico – Desde a criação do Instituto, em 13 de janeiro de 1937, por meio da Lei n. 378, assinada pelo então presidente Getúlio Vargas, os conceitos que orientam a atuação do Instituto têm evoluído, mantendo sempre relação com os marcos legais. A Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 216, define o patrimônio cultural como formas de expressão, modos de criar, fazer e viver. Também são assim reconhecidas as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; e, ainda, os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. Nos artigos 215 e 216, a Constituição reconhece a existência de bens culturais de natureza material e imaterial, além de estabelecer as formas de preservação desse patrimônio: o registro, o inventário e o tombamento” (IPHAN, 2016).
[i] Doutora em Letras pela UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestre em Ciências da Linguagem pela UNISUL SC. Graduada em Letras/ Licenciatura/ Português- Inglês Pela Univali -Universidade do Vale do Itajaí-. Coordenadora de Educação Bilíngue e Consultora de Estudos Bilíngues na Rockfeller Language Center de Francisco Beltrão em parceria Colégio Vida e Ensino, Vila Militar de Francisco Beltrão.