Revista de Culturas y Literaturas Comparadas, volumen 14 - diciembre 2023
ISSN: 2591-3883
Dying
Is an art, like everything else
Sylvia Plath
Sobre as poetas
Amelia Rosselli nasceu em 1930, em Paris, na França, país em que seu pai Carlo
Rosselli, italiano, teórico do Socialismo liberal e fundador do movimento Giutizia e
Libertà, e sua mãe, Marion Cave, inglesa, também militante antifascista, tinham se
refugiado durante o regime fascista na Itália. Aos 7 anos de idade, Amelia passou por um
grande trauma: o assassinato do pai e do tio, em 1937, pela Cagoule, milícia fascista
francesa mantida pelo governo italiano, em circunstâncias políticas nunca esclarecidas.
Passou anos de peregrinação e exílio com a mãe e os irmãos, primeiro na Inglaterra e
depois nos Estados Unidos, país em que a família se refugiou, em 1940, fugindo da guerra.
Nos Estados Unidos, Rosselli estudou literatura, filosofia e música, completando os
estudos na Inglaterra, para onde voltou logo depois da guerra, em 1946. Em 1948, voltou
para a Itália, para Florença, cidade em que se deu sua primeira internação psiquiátrica,
permanecendo sob cuidados do irmão mais velho, John. Em 1949, com a morte da mãe,
decidiu se estabelecer definitivamente em Roma. Na década de 1950, começou a trabalhar
como tradutora para algumas editoras importantes, como Bompiani e Mondadori,
traduzindo poetas como Emily Dickinson e Sylvia Plath, e dedicando-se também a
estudos de literatura e filosofia.
Nos ambientes literários que frequentou em Roma, conheceu Rocco Scotellaro e
Carlo Levi, ainda na década de 1950, amigos que a apresentaram ao sul da Itália e ao
meridionalismo, influenciando-a na decisão de se dedicar a estudos de etnomusicologia.
Em 1951, Amelia Rosselli começou a compor seus primeiros escritos literários em três
línguas, a partir do inglês. Em 1953, após a morte do amigo Scotellaro, sofreu uma grave
crise nervosa, e entre internações e terapias, foi diagnosticada com esquizofrenia
paranoica. Datam desse período suas primeiras composições de poemas em inglês e
francês, além de ensaios sobre a música e experimentos que associavam escrita e
musicalidade. Em 1958, após uma longa internação na Inglaterra, inscreveu-se no Partido
Comunista Italiano e começou a desenvolver um trabalho de base. Participou de eventos
de vanguarda ligados à música, estreitando laços com vanguardistas da música europeia
e norte americana: colaborou com compositores estadunidenses como John Cage e David
Tudor e depois com Carmelo Bene, na composição das músicas
de Pinocchio e Maiakovski. Na década de 1960, entrou em contato com vários escritores
e poetas da Vanguarda italiana e do Gruppo ’63. O exórdio literário em língua italiana se
deu em 1963, com a publicação de 24 poemas na revista Il Menabò, dirigida por Elio
Vittorini:
Elio Vittorini pubblicò, nel Menabò, Ventiquattro poesie, con una Notizia su Amelia
Rosselli di Pier Paolo Pasolini, che individuava nel lapsus l’elemento distintivo
dell’autrice. Nonostante le pressioni di Vittorini per una normalizzazione delle abnormità
linguistiche, Rosselli aveva conservato le parole “’fuse’, inventate o storpiate, o
arcaizzanti”, in cui il linguaggio dell’analfabeta conviveva con procedimenti di stampo
modernista